A Record escalou Os Dez Mandamentos (2015) e A Terra Prometida (2016), dois dos maiores sucessos de seu Departamento de Dramaturgia, para a vaga de Gênesis. A ideia, de acordo com o jornalista Flávio Ricco, do portal R7, é facilitar o entendimento da narrativa bíblica. No Livro Sagrado, Gênesis, sobre a criação do mundo, antecede Êxodo, a respeito da saga de Moisés (Guilherme Winter).
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A justificativa é aceitável, até bonita… Mas reapresentar as duas produções em versão compacta, através do olhar de Deus – possivelmente Flávio Galvão narrando passagens, como em Gênesis – é tinta nova em parede velha. O público verá as mesmas tramas das duas exibições anteriores. Os Dez Mandamentos, cabe lembrar, também está no ar na TV Brasil.
Os folhetins assinados por Vivian de Oliveira e Renato Modesto voltam à tela da Record porque o núcleo supervisionado por Cristiane Cardoso, filha de Edir Macedo, é desorganizado de nascença. Nos primórdios deste investimento em novelas, trocas de horários e cancelamentos eram constantes… Quem lembra da inversão entre Caminhos do Coração (2007) e Amor e Intrigas (2007) para que a novela dos Mutantes, e seus muitos capítulos, confrontasse A Favorita (2008)?
Com Cris Cardoso, veio a aposta em tramas bíblicas ou que, como Topíssima (2019) e Amor Sem Igual (2019), dialoguem com os preceitos da Igreja Universal do Reino de Deus. Vivian de Oliveira, responsável pelo maior sucesso da safra, saiu da casa em meio às interferências em seu trabalho. O mesmo se deu com Emílio Boechat. Renato Modesto também não faz mais parte do time, que perdeu os últimos “autores laicos”, Camilo Pellegrini e Paula Richard, recentemente.
Gênesis, muito bem produzida em meio à pandemia de Covid-19 que jogou (e muito) contra o audiovisual, será sucedida por duas reprises, porque Reis, a substituta oficial, ainda não está pronta. Aprovado “aos 45 do segundo tempo”, o projeto só começa a ganhar forma agora, com a escalação de elenco. Ou seja: a desorganização persiste.
Pode até ser que Os Dez Mandamentos e A Terra Prometida sustentem os índices de Gênesis, que embalou a audiência em queda do exaustivamente explorado filão. Fato é que a emissora desperdiça mais um bom momento de seu setor por não arrumar a casa como deveria. Não há tinta que esconda tantas imperfeições…
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.