Escolhida pela Globo como substituta de Novo Mundo, Flor do Caribe trará de volta ao horário das seis a contemporaneidade e os cenários paradisíacos que marcaram a obra de Walther Negrão em 2013. Embalada pelas belas paisagens do Rio Grande do Norte, a trama conta a história de amor de Ester (Grazi Massafera) e Cassiano (Henri Castelli), interrompida inicialmente pelo obsessivo Alberto (Igor Rickli). O criminoso arma uma cilada contra o amigo de infância, que acaba preso no Caribe e é dado como morto.
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Acreditando na morte do amado, e mesmo esperando um filho dele, Ester aceita casar-se com Alberto. Até que o galã retorna, sete anos depois, para reconquistar a mulher e conhecer o herdeiro, Samuca (Vitor Figueiredo). Ainda, os segredos do passado de Dionísio Albuquerque (Sergio Mamberti), avô do vilão – carrasco nazista que causou a desgraça de Samuel Schneider (Juca de Oliveira), pai da mocinha. Relembre as curiosidades que marcaram os bastidores da novela:
Investimentos: Para dois meses de gravações no Rio Grande do Norte e na Guatemala, a Globo contou com cerca de 100 profissionais envolvidos e mais de seis caminhões lotados com maquinários, objetos de arte e figurinos. Os trabalhos envolveram os atores Bruno Gissoni, Ailton Graça, Grazi Massafera, Igor Rickli, Débora Nascimento, José Loreto, Jean Pierre Noher, Juca de Oliveira, Raphael Viana e Luiz Carlos Vasconcelos.
Efeito mais que especial: As paisagens paradisíacas do estado encheram os olhos do público e se tornaram um marco visual da trama. Para este resultado, a equipe de Jayme Monjardim contou com a consultoria do diretor de fotografia Affonso Beato, que criou um conceito de cinema para a produção. A equipe também utilizou um recuso até então inédito na televisão brasileiro, chamado de Noite Americana, para transformar as imagens captadas durante o dia em cenas noturnas. O sofisticado recurso possibilitou ao público a enxergar o mar com riqueza de detalhes que não seriam vistas em gravações comuns.
O passado condena: Tema raramente abordado nas novelas, o nazismo esteve presente na trajetória de Dionísio e na ligação misteriosa do milionário com Samuel. Durante a Segunda Guerra Mundial, o avô de Alberto usou a identidade falsa de Klaus Wagner para lutar ao lado de Hitler e foi um dos responsáveis por entregar milhares de judeus para os soldados do lll Riech; entre eles, o pai de Samuel. O personagem acabou capturado, julgado e condenado à prisão perpétua na Alemanha pelos crimes que cometeu contra a humanidade.
Dark? As cenas de flashback que mostravam a infância de Samuel diante dos horrores do holocausto causaram estranheza no público, já que Dionísio aparecia como um homem adulto, sendo interpretado por Duda Mamberti, filho de Sergio Mamberti, na época com 47 anos. Na vida real, os atores veteranos aparentavam ter a mesma idade, embora Juca seja 4 anos mais velho do que Sergio, que, por sua vez, nasceu em 1939, no ano em que começou a Segunda Grande Guerra.
Desejo proibido: O autor Walther Negrão desistiu de desenvolver no meio da trama um romance proibido entre Doralice (Rita Guedes) e o seu enteado Juliano (Bruno Gissoni). A dona de casa, que até então era apaixonada pelo marido Quirino (Aílton Graça) e mantinha uma relação maternal com o filho dele, começou a sentir ciúme do namoro do rapaz com Natália (Daniela Escobar) e, após receber indiretas da moça, decidiu abandonar a família e se refugiar em um convento, sem dar maiores explicações.
Joias raras: O elenco de Flor do Caribe contou com várias presenças incomuns nas novelas, como as de Sergio Mamberti, Daniela Escobar, Gésio Amadeu, Licurgo Spinola, Marcos Winter, Rita Guedes e, em especial, Cláudia Netto, atriz veterana no teatro e de raríssimas participações na TV. Ela roubou a cena como Guiomar, mãe socialite de Alberto que ajudou a desmascarar Dionísio e, nas horas vagas, brilhava como cantora no bar que levava o nome da trama. Logo no início da novela, Igor Rickli foi bastante criticado por parte do público, que considerou sua atuação como o vilão Alberto mecânica, mas o personagem cresceu ao longo dos meses e acabou se tornando um dos grandes destaques da trama.
Consagração: Vinda de atuações medianas em trabalhos anteriores, Grazi Massafera provou o seu talento no papel da heroína Ester. O desempenho da atriz foi muito elogiado pelo público e pela crítica especializada e marcou uma nova fase em sua carreira. Dois anos mais tarde, Grazi se consagraria absolutamente na TV como a problemática Larissa em Verdades Secretas (2015).
Docinhos da discórdia: Intérprete da médica Márcia, do núcleo da ONG de Ester, Mariza Marquetti foi afastada da novela após pedir para Grazi Massafera posar com docinhos que, supostamente, seriam contratados para o aniversário de Sofia, filha da atriz com o ator Cauã Reymond. A novata afirmou em entrevistas na época que foi enganada por sua assessora, que a induziu usar a imagem da colega de trabalho para divulgar o produto. Após reclamações de Grazi, que ficou constrangida com a exposição, a Globo dispensou Mariza das gravações.
Romance inesperado: No início da novela, o ator José Loreto não esperava que o seu personagem, o abestalhado Candinho, teria um relacionamento amoroso com a sofisticada Taís, interpretada por Débora Nascimento, sua namorada na época. Os pombinhos não tiveram um final feliz juntos na ficção. O filho bastardo do Dionísio terminou rico, já a irmã de Cassiano fez carreira internacional como modelo e surgiu no último capítulo com um italiano bonitão. Hoje separados na vida real, Loreto e Nascimento também formaram par romântico em Avenida Brasil, no ano anterior à trama das seis.
Faturamento: Embora tímida, a audiência de Flor do Caribe foi crescente ao longo de seus 6 meses de exibição e elevou a faixa das 18h da Globo. Saiu de cena com uma média de 21 pontos, acima da antecessora Lado a Lado (18) e de várias outras novelas que vieram na sequência, como as aclamadas Boogie Oogie (17), Sete Vidas (19) e Além do Tempo (20). Apesar de estar longe de ser considerada um fenômeno, a trama se tornou um grande sucesso comercial na época, chegando a se tornar campeã de merchandising, feito raro para uma novela das seis.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].