Cauê Campos fala sobre racismo e importância da representatividade em Lado a Lado

Cauê Campos

Cauê Campos falou sobre personagens sem nome antes de sua estreia nas novelas (Imagem: Reprodução / Instagram))

Aos 18 anos de idade, 10 deles dedicados à TV, Cauê Campos desponta como um dos artistas mais talentosos e bem sucedidos da sua geração. O ator se tornou conhecido do grande público após uma participação em Avenida Brasil (2012), novela que lhe rendeu um papel importante em Lado a Lado, no mesmo ano, e diversos trabalhos nos anos seguintes, como Totalmente Demais (2015) e O Sétimo Guardião (2018).

Mas a trajetória de sucesso não impediu que Cauê percebesse a discriminação que existia no meio artístico. Antes de interpretar o Elias, filho de Isabel (Camila Pitanga) e neto da baronesa Constância (Patrícia Pillar) na trama que faturou o Emmy Internacional de Melhor Novela de 2012, o ex-ator mirim era convidado apenas para interpretar personagens que não tinham nomes no cinema, como o Cabeça em Meu Passado Me Condena (2012) e o Torrado de Totalmente Inocentes (2012).

“A vida inteira eu fui ter personagens onde eu não tinha nomes reais. Lado a Lado foi uma novela muito marcante pra mim, inclusive o João [Ximenes Braga, autor] tem uma participação incrível disso… O elenco da novela era 80% de atores negros, foi uma das primeiras novelas onde eu tive um nome mesmo, onde eu não era um apelido”, citou Campos, durante uma live transmitida pela editora SC Literato.

Após a trama das 18h, o ator voltou a ser convidado por João Ximenes Braga para dar vida ao Carlinhos em Babilônia (2015), mas com um elenco majoritariamente branco, Cauê notou uma discriminação que ocorria nos bastidores. Os figurantes e os profissionais técnicos ficavam separados do elenco fixo da trama, e isso o incomodava.

“Eu lembro que o elenco almoçava num horário e em um determinado lugar, e a figuração almoçava num outro horário e num outro lugar e isso era uma coisa que eu não gostava. Eu ficava tipo: ‘Por que que tem que ser assim? A gente não tá trabalhando todo mundo junto?’. E aí normalmente você olha na figuração, e era aquela galera que mais parecia comigo, e o elenco não se parecia comigo, fisicamente, eu digo”, observou.

Eu sempre perguntava como o pessoal da figuração estava, se eles estavam recebendo o protetor solar, se estavam bebendo água. Em Lado a Lado era totalmente diferente. Você tinha uma equipe totalmente junta, eu tô falando de figuração, dos [técnicos de] câmeras, do áudio”, exemplificou Cauê.

Cauê Campos

Cauê Campos ao lado de Lázaro Ramos nos bastidores de Lado a Lado (Imagem: Divulgação / Globo)

Daniel Ribeiro
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Daniel Ribeiro

Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].