Você sabia? Remake de Anjo Mau quase substituiu A Viagem em 1994

A Viagem

Guilherme Fontes (Alexandre) em A Viagem; Susana Vieira (Nice) em Anjo Mau: Globo quase escalou remake para substituir sucesso das 19h (Imagens: Bazilio Calazans – Divulgação / Globo)

Novela de Ivani Ribeiro que chegou hoje (2) ao Globoplay, A Viagem é o grande título do horário das 19h na década de 1990. O processo de implantação, contudo, foi difícil. Já contei aqui na coluna que a Globo pretendia exibir Vira Lata na sequência de Olho No Olho (1993). A trama de Carlos Lombardi acabou adiada por dificuldades de produção. O folhetim estrelado por Antonio Fagundes e Christiane Torloni foi “instalado” às pressas.

Os altos índices de audiência dificultaram também a escolha da substituta. Cinco sinopses foram avaliadas, conforme indicam jornais e revistas da época – além de um projeto de Eliane Garcia e Maria Carmem Barbosa que nunca chegou às mãos de Mário Lúcio Vaz, então diretor-geral da Central Globo de Produção. Eis que, durante esta busca, surgiu a possibilidade do fantasma nada camarada Alexandre (Guilherme Fontes) ceder lugar para a babá Nice, de Anjo Mau.

Em maio de 1994, após renovar contrato por três anos, Carlos Lombardi retomou os trabalhos de Vira Lata. O próprio autor, porém, tinha ressalvas com relação à produção, ambientada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. “Tinham de gravá-la antes da colheita de cana-de-açúcar, que já começou. Isso era importante para a trama”, declarou Lombardi ao jornal O Globo, em 23 de julho de 1994. “Agora, me encomendaram uma história urbana, de produção fácil”, completou.

A empreitada em questão atendia por Anjos Rebeldes. No início de agosto, rebatizada Quatro Por Quatro, a comédia foi oficializada como substituta de A Viagem. Antes disso, porém, Carlos e Mário Lúcio discutiram a possibilidade do novelista assinar o remake de Anjo Mau. O original de Cassiano Gabus Mendes respondeu por um dos melhores desempenhos das sete na década de 1970; o público ficou vidrado nas armações de Nice (Susana Vieira) para ingressar na família Medeiros.

“O diretor-geral da Central Globo de Produção (CGP), Mário Lúcio Vaz, esteve em São Paulo conversando com Carlos Lombardi. Em pauta, três sinopses para novelas das 19h: as de Anjos Rebeldes, Vira Lata – ambas do autor – e Anjo Mau, de Cassiano Gabus Mendes”, detalhou O Globo em 30 de julho de 1994.

A indefinição levou ao esticamento de A Viagem em três semanas; a permanência de Dinah no plano terrestre durou 15 dias além do previsto. Para otimizar os trabalhos, e conter despesas, Quatro Por Quatro trocou as locações em São Paulo por bairros do Rio de Janeiro.

As outras duas sinopses cogitadas para o horário nunca saíram da gaveta. Haloe, que acompanhava a rotina de empresários do surfe, e tinha como pano de fundo a onda de sequestros e desaparecimentos nos centros urbanos, era assinada por Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares, recém-saídos de Fera Ferida (1993).

Já Dias Gomes respondia por um projeto, em fase embrionária, sobre fanatismo religioso – também candidato para 20h. Vira Lata ganhou as telas em 1996, sem a cana-de-açúcar, evitando conflitos com a contemporânea O Rei do Gado. A nova versão de Anjo Mau veio em 1997, sob comando de Maria Adelaide Amaral e com Gloria Pires na linha de frente.

Duh Secco
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Duh Secco

Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.