Karol Conká fala sobre saúde mental: “Não combina com meu look desistir”

Karol Conká

Karol Conká desabafou sobre as polêmicas que se envolveu (Imagem: Divulgação / Globoplay)

Karol Conká desabafou e falou sobre saúde mental ao programa Trace Trends, do Globoplay. Durante o bate-papo com Xan Ravelli, a cantora revelou que encontrou respostas de boa parte dos seus problemas na terapia, após deixar o BBB 2021:

“Comecei a me questionar o porquê de algumas situações que eu me permiti vivenciar. Situações em que tive descontrole emocional. Por que fiquei assim?! Então, fui atrás de respostas, com ajuda de profissionais dessa área. E senti a necessidade de compartilhar isso com meus seguidores. Porque são coisas que não sou só eu que sinto. Muita gente sente”.

Nunca tinha feito terapia. […] Até entrar em um reality, dar uma surtada e falar, ‘deixa eu calçar a sandália da humildade aqui’, porque a gente tem muito orgulho. No meu caso, eu estava com o meu orgulho já ferido mesmo… Teve coisas que descobri só na terapia“, seguiu.

Karol também comentou sobre a cultura do cancelamento, a qual ela sofreu ao participar do programa global. “Não sabia que eu era tão sofrida. Aí eu surtei e pronto, ‘é a psicopata’. Chegou um ponto em que eram os loucos chamando a outra de louca, mas ninguém vai se tratar?! Eu vou porque não quero ser essa pessoa aí que fica só apontando a loucura dos outros. Aprendi isso vivendo“, disse, completando:

“É triste, mas é a realidade: a gente apanha, mas levanta e segue. Não combina com o meu look, desistir. Também não tenho como mudar o meu jeito debochado porque o Brasil é debochado. Como é que exigem que eu seja uma pessoa mais séria, menos debochada, em um país onde as pessoas debocham da fome, debocham da morte, debocham da mulher preta, debocham dos erros… Eles debocham do deboche e aí vira um show de hipocrisia porque é um pedindo para o outro não fazer aquilo que ele está fazendo”.

Quando o assunto foi machismo, a rapper relembrou sua história. “Aos 19 anos, engravidei e pensei: ‘acabou a minha vida’, como muitas meninas pensam porque é o que a sociedade faz a gente acreditar e é o que muita gente faz a gente viver achando que é. Vamos falar a verdade: as mães solteiras, periféricas, pretas, ninguém leva a sério. E era assim que eu sabia que ia acontecer comigo, eu falei, ‘vou brigar até o fim’, até conseguir provar que, sim, sou uma artista, sim, sou merecedora de reconhecimento pelo meu trabalho“, contou.

Escolhi o rap porque tem rebeldia e eu me identifiquei com isso. Mas, no Brasil, ‘mulher rebelde’ não pode. A rebeldia parece que é só do macho. Chega uma hora em que… A nossa rebeldia não é compreendida nunca. Por trás de toda a rebeldia, tem um porquê. Muitas vezes, para a gente ser levada a sério, é só falando mais alto. E se você falar alto, você é louca. Nem preciso citar os exemplos do quanto o nosso país é machista. Se dependesse do machismo, eu já nem estaria mais aqui. Sendo mulher, você tem que ser forte e firme. Eu estou aqui. O machismo não conseguiu me matar, mas ele mata muitas mulheres, todos os dias“, revelou, finalizando:

“Eu falo para você: tenho que ser boazinha, florzinha, para aguentar esse mundo? As pessoas perguntam: como a Karol aguenta estar ali?! Sendo braba. Não tem como não ser. Agora, a gente aprende também que não precisa deixar as feridas que a gente passou na vida afetarem a nossa convivência com as outras pessoas. Aprendi muito isso nos últimos meses porque… Quando uma pessoa fere, ela já foi muito ferida. E o que a gente faz?! Trata essas feridas, mas vai de cada um ter a disposição para isso, né?”.

Da Redação
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