Nesta segunda-feira (27), o Globoplay disponibiliza Pai Herói (1979). O clássico de Janete Clair reserva várias curiosidades, como as listadas pela coluna abaixo. É a chance de apreciar um grande trabalho da novelista, assim como das muitas estrelas do elenco – Tony Ramos, Glória Menezes, Elizabeth Savala e Paulo Autran, entre outros.
VEJA ESSA
– Janete Clair reinou soberana às 20h, entre 1967 e 1972 – com a icônica Selva de Pedra. Em janeiro de 1973, a Globo testou Walther Negrão, então arrasando às 19h, no horário “mais nobre”. Cavalo de Aço foi a única experiência do autor na faixa. Janete assinou mais duas novelas em sequência antes da promoção de Lauro César Muniz, com Escalada (1975). Os dois se revezaram no horário até 1978, com a chegada de Gilberto Braga à novela das oito, usando de um argumento de Janete…
– Dancin’ Days cumpriu com louvor a árdua tarefa de substituir O Astro, talvez o grande sucesso popular de Janete Clair. Para a sequência da trama que promoveu a disco music, Lauro César Muniz concebeu Fênix. Entretanto, o autor caiu doente durante a pré-produção e a “usineira de sonhos” – apelido dado por Carlos Drummond de Andrade para Janete –, foi convocada às pressas para cobrir o colega: “Quando aceitei substituir o Lauro César, a trama de ‘Pai Herói’ já estava pronta”, afirmou a autora na época. Fênix, a sinopse de Lauro César, veio em seguida, rebatizada como Os Gigantes.
– O enredo de Pai Herói nasceu da junção de uma radionovela escrita por Janete Clair em 1958 para a Rádio Nacional, Um Estranho na Terra de Ninguém; de um argumento idealizado para sua estreia no cinema, que nunca aconteceu; e das histórias que a novelista ouvia e guardava para suas tramas. Ela se inspirou em um caso verídico para desenvolver a relação de Carina (Elizabeth Savala) e a filha Ângela (Alexandra Vasconcellos / Isabela Garcia), por exemplo.
– Em 2015, a Record adquiriu os direitos de Um Estranho na Terra de Ninguém, prometendo adaptar o enredo. Com a virada bíblica do canal, o texto acabou engavetado.
– A sinopse de Pai Herói foi a maior entre as escritas por Janete Clair até então: 44 páginas!
– O título provisório era André da La Mancha, posteriormente alterado para Pai Herói, uma ideia de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
– Apesar do título, a novela não trata propriamente da história de um pai, mas sim da de um filho, André (Tony Ramos), criado na ilusão de que o genitor fora um grande homem, decidido a recontar a história dele como de fato se desenrolou…
– Os protagonistas Tony Ramos e Elizabeth Savala ainda viviam o êxito de seus personagens em O Astro, Márcio Hayala e Lili, no Brasil e no exterior. Em um evento em Lisboa, mais de 20 mil pessoas se aglomeraram para ver o casal da ficção. Um fenômeno semelhante ao de hoje, com os fandoms e os shippers das redes sociais.
– Sobre a repetição do par romântico de sua trama anterior, Janete se justificou: “Só repeti o casal porque é diferente. E assim mesmo, preparei tudo para que o público não se lembre do Márcio e da Lili. André e Carina se encontram no segundo capítulo e só se reencontram de novo no 32º. Até lá eu conto os dois. O público vai conhecendo e assimilando a vida de André e Carina… Enquanto vão esquecendo de Márcio e Lili”.
– O terceiro vértice do principal triângulo amoroso da história era Ana Preta (Glória Menezes), mulher de fibra, tipo recorrente na obra de Janete Clair. A sinopse inicial previa o enlace de André e da dona da gafieira Flor de Lys. “Eu fiz ‘Pai Herói’ para André terminar com Ana Preta! O encontro verdadeiro com Carina seria tão difícil, as diferenças sociais tão grandes, que o relacionamento ia se deteriorar. […] Mas o público tomou-se de tais encantos por Carina, escreveram tanto, pediram muito e eu tive que uni-los. Confesso que mudei o final, pela primeira vez, atendendo ao público”, revelou a autora.
– As muitas correspondências, algumas reproduzidas no jornal O Globo (08/07/1979), traziam ameaças que iam da fuga de público – “todos querem André e Carina juntos e enquanto isso não acontecer dois terços da audiência vão cair” – até as de morte – “nós vamos lhe pegar cá fora, nós temos uma pessoa no seu rastro”. Ao se colocar entre André e Carina, Ana Preta migrou da afeição para a rejeição do público em questão de dias. Telespectadoras ficaram deprimidas – “sábado, depois da novela, fiquei tão aborrecida que não quis acompanhar um grupo de amigos que ia ao cinema”. Outras buscaram uma solução rápida e eficaz – “estão dizendo que o Tarcísio Meira vai aparecer no final da novela para ficar com a Ana Preta. […] Vai ser um barato!’”.
– Curiosamente, Tony e Elizabeth só se reencontraram, e não como casal, quase 40 anos depois. Os dois estiveram juntos em O Sétimo Guardião (2018).
– Ainda sobre personagens e eventuais mudanças, Janete declarou após o término da novela, em entrevista à revista Amiga: “A impressão que tenho é que meus personagens estão vivos, se debatendo nas artimanhas da vida, e, como que magicamente, vão me levando, me impulsionando nos caminhos da trama”.
– César (Carlos Zara), o marido de Carina, tornou-se mais violento do que o esperado de início, terminando por não se unir a Valquíria (Rosamaria Murtinho) em determinado ponto da narrativa. Já a morte não prevista de Gilda (Maria Fernanda) aconteceu para que André pudesse ter sua independência financeira, recebendo a herança da mãe. A família Limeira Brandão também teve seu espaço reduzido, em virtude do sucesso de outro clã, os Baldaracci.
– Janete Clair também fez um mea-culpa quanto ao texto dos personagens Carina e Bruno Baldaracci (Paulo Autran) nos primeiros capítulos. Segundo a autora, o desempenho dos atores foi determinante na correção do tom de ambos, logo no início.
– Cláudio Cavalcanti ganhou um personagem, e uma participação ampliada, “aos 45 do segundo tempo”: Gustavo, um carreirista, daria um golpe em Valquíria e depois sumiria no mapa. Os planos, no entanto, mudaram, conforme Janete contou ao jornal O Globo: “Fui apanhada pela força do amor que o ator Cláudio Cavalcanti passou numa cena em que foi visitar a Valquíria no hospital. […] Acabei me rendendo e o ator levou a história até o fim”.
– Já Flávio Migliaccio comprometeu seu personagem, Genésio, ao se queixar do perfil do mesmo; segundo ele, o tipo era prejudicial ao seu trabalho no cinema na época, no longa-metragem infantil Maneco, o Super Tio. Janete entendeu o posicionamento do ator e alterou o personagem, mas lamentou o resultado final: “Era para ser o mafioso engraçado e acabou como o mafioso burro”.
– Em um trecho fundamental para a narrativa, a autora recorreu ao auxílio do marido, Dias Gomes: “Quando chegou o momento do André sair da casa da Ana Preta, por renúncia dela, sinceramente não sabia como ele estaria se sentindo. Aí, sentei com o Dias e perguntei qual seria o sentimento dele, Dias, diante da mesma situação. Ele me respondeu que, se fosse o André, estaria doido para voltar para a Carina. Pronto!”.
– Já as atitudes de Janete foram refletidas em Norah (Beatriz Segall), mãe de Carina: “Se coloquei algo de mim em algum desses personagens, foi na Norah – a mãe que acerta / erra, pensa que está fazendo o bem e não está, ama a filha, mas nem sempre age certo”.
– Jardel Filho foi o primeiro ator cogitado para viver Bruno (ou Nuno) Baldaracci. Paulo Autran, que contava apenas com uma breve passagem pela televisão, embora já fosse um monstro sagrado do teatro, aceitou o tipo. E para ele, Pai Herói foi seu melhor trabalho na TV. Paulo chegou a ganhar o troféu APCA de melhor ator de 1979 por conta da novela.
– Carlos Zara, figura até então associada à Tupi, estreou na Globo como o mau caráter César Reis. O vilão era filho de Eugênia, personagem de Monah Delacy; na vida real, a atriz era um mês mais nova do que Zara – ambos nasceram em 1930. Se fosse hoje, isso causaria aquela estranheza exaustivamente repercutida nas redes sociais…
– Regina Dourado estreou em novelas com Pai Herói, assim como Jorge Fernando, vindo de uma participação em Ciranda, Cirandinha (1978). “Minha primeira cena foi um fracasso. Tinha que jogar um copo de cerveja no vestido da Glória Menezes. Eu tremia tanto que joguei tudo na cara dela!”, confidenciou o ator e diretor.
– Lélia Abramo foi escolhida para viver Januária Limeira Brandão diante da impossibilidade do núcleo das 19h de liberar Yara Côrtes, então no ar em Pecado Rasgado, para quem a matriarca foi escrita. Elizabeth Savala e Lélia Abramo seriam novamente neta e avó em Pão-Pão, Beijo-Beijo (1983).
– Pai Herói foi o primeiro trabalho de Janete Clair às 20h sem a participação de Daniel Filho na direção. A autora também não pode contar com o diretor em Bravo! (1975), às 19h. Walter Avancini respondeu pelos primeiros vinte capítulos, ao lado de Gonzaga Blota, que seguiu, assessorado por Roberto Talma e Roberto Vignatti. No terço final, Talma assumiu o comando.
– Em termos de produção, a novela inovou ao trazer um preparador de elenco: o ator Cecil Thiré.
– A professora de balé Eugênia Feodorova foi contratada pela Globo para formar um corpo de dança, com mais de trinta profissionais, encarregado da montagem dos espetáculos Gisele e O Lago dos Cisnes. Entre os recrutados, Attilio Labis, primeiro bailarino da Ópera de Paris, e sua partner, Françoise Lagreé.
– Bailarinos brasileiros viram a esperança de divulgar o balé no Brasil se esvair com a contratação de profissionais do exterior e de um corpo de balé formado por Feodorova com base em escolhas muito pessoais, digamos. As bailarinas daqui também criticaram o fato de terem de servir de dublê para uma atriz – não queriam emprestar o corpo para o rosto de Elizabeth Savala. Em meio ao burburinho, a novela ganhou o apelido maldoso de “Gisele Coragem”, uma alusão ao balé apresentado no primeiro capítulo e a Irmãos Coragem (1970), um dos muitos sucessos de Janete Clair.
– O falatório foi minimizado depois da escalação da bailarina Áurea Hammerli. Sua personagem, Lia, era protegida de Carina e passou a cumprir sua função após o acidente que a impossibilitou de voltar a dançar.
– Boatos davam conta de que a Globo havia feito uma proposta irrecusável para Mikhail Baryshnikov, ícone da dança, então principal bailarino do American Ballet Theatre. A ideia era que ele apresentasse um balé todo no último capítulo. Não foi adiante – ou a proposta sequer existiu, jamais saberemos.
– Elizabeth Savala sempre relembra que Carina foi a heroína mais sofredora que já viveu: “Eu também sofri muito, de fome. Passei oito meses de regime, sob a vigilância de uma coreógrafa russa”. A atriz chegou a pesar 48 kg.
– Carina se tornou um “referencial de sofrimento” tão grande que a própria Janete Clair a usou para explicar seu sentimento diante das homenagens que recebeu, por conta do fim da novela: “Acho que chorei mais que Carina na novela inteira”.
– Após o acidente de Carina, a autora passou a contar com o auxílio do Dr. Carlos Bernardo M. de Carvalho, que cedeu radiografias e orientou o elenco a respeito dos procedimentos médicos necessários para a recuperação da bailarina.
– Pai Herói foi ambientada em Nilópolis, na Baixada Fluminense, pegando carona no êxito da Beija-Flor de Nilópolis, escola de samba campeã por três anos seguidos (e vice em 1979), sob a batuta do incomparável Joãosinho Trinta. Os municípios de Maricá, São José do Vale do Rio Preto e Três Rios também serviram de locação.
– Já o apartamento de César Reis, abarrotado de peças de arte, era localizado na Avenida Vieira Souto, em Ipanema. Carina, por sua vez, mantinha uma cobertura na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, e uma casa de praia em Ibicuí, município próximo a Mangaratiba, Rio de Janeiro, além de um iate.
– A produção lidou com diversos empecilhos durante as gravações em Bariloche, na Argentina. Em virtude do regime militar em vigência no país, a cena do atentado de Carina quase não saiu do papel, já que a equipe encontrou dificuldades para conseguir uma espingarda, necessária à cena.
– Janete Clair acompanhou todo o processo de criação dos cenários, assinados por Gilberto Vigna.
– Como de hábito a crítica televisiva da época crucificou Janete Clair e Pai Herói. A jornalista Maria Helena Dutra considerou a novela um “retrocesso” na carreira da novelista. Palavras dela, na coluna publicada no Jornal do Brasil (02/04/1979): “Janete sempre misturou muito bem fortes apelos populares, romantismo desvairado, muita ação e pouca reflexão nos seus escritos. Acreditando profundamente no que faz, acrescentou evolução à sua sinceridade em ‘Pecado Capital’ e ‘Duas Vidas’; quando alargou fronteiras e beirou a realidade, sem perder prestigio, estilo popular e tom novelístico. […] Agora, entretanto, desandou mesmo. Sem um sorriso, e nenhum laivo de espírito crítico, escreveu um melodrama similar aos mexicanos”.
– O público mais conservador se indignou com a relação do mafioso Baldaracci com a religião. Católico fervoroso, ele diz, em determinada cena, que só faltava “o rabinho do terço para terminar a oração”, o que levou telespectadores a escreverem cartas com críticas desabonadoras, publicadas em jornais da época.
– Aliás, durante a narrativa, Pai Herói discutiu o celibato, por meio do Padre Romão (Fernando Eiras), filho de Baldaracci e meio-irmão de André, apaixonado por Aline (Nádia Lippi). Janete não se aprofundou na trama por temer reações adversas. A autora comentou em entrevista ao jornal O Globo: “Sou contra o celibato, mas não teria coragem suficiente de enfrentar a Igreja. Sou católica e não sei como agiria tendo a Igreja contra mim no momento em que um dos meus personagens deixasse a batina para se casar. […] Na verdade, os padres são homens, humanos e podem se apaixonar também. Mas na hora de optar acabo devolvendo-os à Igreja”.
– Apesar dos percalços, Pai Herói foi um sucesso incontestável, em todos os sentidos! Janete Clair costumava dizer que um dos termômetros que usava para mensurar o êxito de seus personagens eram as ligações que recebia dos atores. Logo nos primeiros capítulos da novela, Paulo Autran, Glória Menezes e Tony Ramos telefonaram, com palavras elogiosas ao enredo e aos tipos criados pela “maga da oito”.
– Outra prova do quanto Pai Herói dominou os lares brasileiros: uma pesquisa da Globo, em parceria com os cartórios de Belém do Pará, constatou que ‘Ana’ havia se tornando o nome de maior incidência em registros de nascimento naquele ano, acompanhado de ‘Carina’ e ‘André’.
– Mais uma amostra da força dos personagens: o então prefeito de Lajeado, no Rio Grande do Sul, Darei José Corbellini (MDB) interpelou judicialmente o comerciante Nilo Rotta, após ter sido comparado ao ‘Conde Baldaracci’ numa publicação paga em um jornal local, na qual o empresário denunciava irregularidades administrativas na prefeitura.
– Em matéria de audiência, Pai Herói mitou! 92% dos aparelhos de TV no Rio e 88% em São Paulo estiveram ligados no último capítulo da novela.
– O “fim” foi ao ar num sábado, 18 de agosto de 1979, e reprisado no dia seguinte, após o Fantástico. E Janete se serviu da revista eletrônica de todos os domingos para elucidar o mistério acerca do assassino de César Reis. A autora deixou o final em aberto, para que o público tirasse suas próprias conclusões: “Como os telespectadores foram de vital importância nesse meu trabalho, quis que participassem também do final”.
– O desfecho, no entanto, não era tão vago assim… Eram quatro os suspeitos da morte do vilão: Hilário (Reynaldo Gonzaga), com uma base familiar e de uma retidão de caráter que o tornavam incapaz de cometer um crime; Valquíria, que não possuía estrutura física para enfrentar o algoz; Gustavo, cuja personalidade também não condizia com a de um assassino; e Baldaracci, o único capaz de dar fim a César.
– Pai Herói foi reapresentada em 25 de fevereiro de 1980, dentro do Festival 15 Anos, que condensou grandes sucessos da Globo em compactos de uma hora e meia. Jonas Bloch, o Rafael da novela, foi o responsável pela apresentação do especial.
– A emissora, aliás, tentou reexibir Pai Herói em duas ocasiões dentro do Vale a Pena Ver de Novo. A primeira, em fevereiro de 1984, após Pecado Rasgado (1978). De acordo com o livro Beijo Amordaçado – A censura às telenovelas durante a ditadura militar, de Cláudio Ferreira, a Globo enviou carta à Censura Federal afirmando que desejava homenagear Janete Clair, falecida em novembro de 1983, com a reprise. O caso chegou à diretoria-geral do Departamento de Polícia Federal e ao Conselho Superior de Censura. Sem êxito. Curiosamente, Água Viva (1980), também das 20h, ocupou o horário. Em julho de 1984, o canal tentou liberar Pai Herói outra vez, recebendo mais uma negativa.
– As chamadas de estreia de Pai Herói também foram avaliadas pela Censura Federal. Cenas dos seis primeiros capítulos acabaram vetadas por “exceder a normalidade permitida a tal tipo de diversão”.
– A trama só foi reapresentada, na íntegra, através do Canal Viva. O lançamento na TV por assinatura se deu em outubro de 2016. Antes, em julho, Pai Herói ganhou uma versão editada em DVD, lançada pela Globo Marcas: 13 discos com 39 horas de conteúdo.
– Pai Herói também foi transformada em livro, disponibilizado em 1985 com outros 11 títulos, integrantes de um projeto da Rio Gráfica Editora, As Grandes Telenovelas. As adaptações eram distribuídas com o sabão em pó Omo nos supermercados de todo país.
– Em 1987, a Editora Globo relançou a coletânea dentro da série Campeões de Audiência, desta vez em bancas. A novela também gerou um álbum de figurinhas, posto à venda em 1979, ainda durante a exibição da trama.
– O curioso é o que o livro trata Valquíria como a assassina de César, tomando como base a cena em que um revólver é encontrado nos pertences da moça, dias antes de sua internação num hospital psiquiátrico.
– A trilha sonora nacional de Pai Herói foi relançada em 2001, dentro da coleção Campeões de Audiência, com vinte discos emblemáticos ainda não disponíveis em CD. O repertório, aliás, vendeu 134.597 cópias. Bem abaixo do internacional, que emplacou 1.150.472 cópias – atrás apenas de Dancin’ Days Internacional (1.371.021), considerando apenas os títulos da década de 1970. Os dados são do livro Teletema – A História da Música Popular através da Teledramaturgia Brasileira Vol. 1, de Guilherme Bryan e Vincent Villari.
– Falando em música, a casa de samba Flor de Lys abrigou as participações especiais de Ângela Maria, Elza Soares e Nelson Gonçalves.
– A trilha internacional contou com uma canção em francês, Allouette, gravada por Denise Emmer, filha de Janete Clair e Dias Gomes, também responsável pelas melodias que Carina tirava de seu violão. O filho dos autores, Alfredo Dias Gomes, participa da trilha nacional, colaborando na instrumental Vivendo Perigosamente, de Márcio Montarroyos.
– O grande destaque da trilha de Pai Herói, no entanto, é seu tema de abertura, Pai, música composta por Fábio Jr. em uma das reuniões do elenco de Ciranda, Cirandinha na casa do diretor Daniel Filho. E que foi apresentada ao público no final de um dos episódios do seriado, Toma que o filho é teu. A canção é praticamente obrigatória em todas as homenagens aos pais…
– Fez sucesso também o quebra-cabeça apresentado na abertura da novela, distribuído como brinde no Shopping Iguatemi, de São Paulo, no Dia dos Pais de 1979.
– A abertura foi copiada pela Televisa para Chispita, conhecidíssima no Brasil em virtude das várias exibições que teve no SBT. A única diferença é que em Chispita a figura que falta no quebra-cabeça é a da mãe – a menina Isabel, a Chispita (Lucero), vivia em um orfanato desde a suposta morte de sua genitora, Maria Luísa (Angélica Aragón), que sobreviveu a um acidente automobilístico no qual perdeu a memória.
– A cópia deve ter causado espanto nos países em que as duas produções foram exibidas. Pai Herói, por exemplo, fez carreira internacional na Argentina, nos Estados Unidos, na Itália, no Panamá e em Portugal, onde fora exibida em 1983 inicialmente às 14h, depois remanejada para 20h30, convertendo-se em um grande sucesso. A novela chegou a ganhar uma revista semanal, que publicava o resumo dos capítulos e outras curiosidades. Também por lá, a imprensa noticiou que Valquíria era a verdadeira assassina de César, tomando por base a mesma cena do revólver que a faz criminosa na versão em livro.
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.