Com novelas das 9 dominando o “Vale a Pena Ver de Novo”, Globo esconde trama proibidona e folhetim fracassado

“Vale a Pena Ver de Novo” aposta em “velhinhas”, mas “Porto dos Milagres” e “Esperança” devem seguir no arquivo (Imagens: Divulgação / Globo)

A Globo vem resgatando folhetins “velhinhos” no “Vale a Pena Ver de Novo”. Depois de “Celebridade” (2003), de Gilberto Braga, a emissora apostará em “Belíssima” (2005), de Silvio de Abreu. A opção, contrária à época em que novelas eram reapresentadas cerca de três a cinco anos após a exibição original, parece atender aos investimentos do grupo em TV fechada – o Viva só reprisa tramas com mais de duas décadas – e plataformas on-demand – o Globo Play disponibiliza produções de 2010 pra cá.

Surpreende também a escolha de obras das 21h, antes “inapropriadas” para o período vespertino. Em setembro de 2016, o Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu que os canais de TV aberta não mais vinculassem a Classificação Indicativa a horários pré-estabelecidos. Anteriormente, uma novela como “Celebridade”, não recomendada para menores de 12 anos, só poderia ser exibida após às 20h. Evidente que as tramas demandam cortes. No atual cartaz do ‘Vale a Pena’, termos como “piranha” acabam suprimidos. Cenas de violência, quase sempre, são atenuadas.

Contudo, em meio a essa escarafunchada nos arquivos, dois folhetins devem seguir nas gavetas globais: “Porto dos Milagres” (2001) e “Esperança” (2002). A primeira quase pintou no ‘Vale a Pena’ em 2005. Opção da Globo para substituir “Laços de Família” (2000), ‘Porto’ acabou vetada pelo Ministério da Justiça em razão de cenas que continham “relação íntima, linguagem degradante e violência (assassinato, suicídio, agressão verbal e física)”. “Força de um Desejo” (1999) assumiu o horário, enquanto o canal reeditava o conteúdo já reeditado, apresentado ao MJ.

Informações obtidas pelo RD1 apontam que a emissora suprimiu sequências relacionadas ao núcleo de Rosa Palmeirão (Luiza Tomé): ela vinga o suicídio da irmã caçula, Cecília (Luiza Curvo), matando o Coronel Jurandir (Reginaldo Faria), que violentou a jovem sexualmente. Com o segundo veto, “Porto dos Milagres” acabou na Globo Internacional; estreou por lá em 6 de fevereiro, data prevista para o início aqui – “A Viagem” (1994) ocupou a vaga por aqui, em 13 de fevereiro.

Já “Esperança” derrubou a audiência do horário nobre. O autor Benedito Ruy Barbosa enfrentava problemas pessoais; com os capítulos em atraso, e cenas gravadas pela manhã para irem ao ar à noite, o diretor Luiz Fernando Carvalho – criticado pelo tom soturno impresso às cenas – preencheu o tempo de arte com flashbacks e stock-shots em preto-e-branco. A Globo interveio: Benedito entregou a condução a Walcyr Carrasco. Mas, praticamente, não havia mais nada a ser feito.

“Esperança” será para sempre lembrada por conta da sequência em que Ana Paula Arósio, acidentalmente, atingiu o rosto de Reynaldo Gianecchini com uma barra de ferro. Na trama, a judia Camille (Ana) descobria uma estátua que seu marido, o italiano Toni (Giane), fez da ex, Maria (Priscila Fantin). Uma lástima… Por aqui, a novela prometia muito e não cumpriu quase nada. Lá no exterior, porém, a novela fez sucesso. Tanto que, em 2011, ganhou repeteco no ‘Vale a Pena’ internacional.

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Duh Secco
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Duh Secco

Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.