Relembre a trama e os bastidores de “Vidas Cruzadas”, da Record, que chegou ao fim há 17 anos

Patrícia de Sabrit e Dalton Vigh como Letícia e Lucas, em “Vidas Cruzadas” (Imagem: Divulgação / Record)

Há 17 anos, a Record exibia o último capítulo de “Vidas Cruzadas”. A novela de Marcos Lazarini marcou o breve período de produções próprias da emissora – de 2000 a 2001 –, após três folhetins em parceria com a JPO. E marcou por investir em gravações no exterior, cenários paradisíacos fora do eixo Rio de Janeiro-São Paulo e bons nomes no elenco, numa época em que o canal ainda não buscava o “caminho da liderança”, adotando estrutura similar aos Estúdios Globo e contratando atores e autores de renome.

Naquele tempo, contudo, os planos da Record já indicavam certa “ousadia”. O sucesso de “Marcas da Paixão”, às 20h, animaram os executivos do canal, então decididos a investir em um segundo horário, às 19h – ficou na intenção. Os valores destinados à teledramaturgia também aumentaram: ‘Marcas’ consumia R$ 55 mil por capítulo; ‘Vidas’, R$ 80 mil. Inclui-se aí os gastos com externas em Pernambuco – no arquipélago de Fernando de Noronha, na Enseada de Serrambi, na Ilha de Santo Aleixo e na capital, Recife – e na Europa – França e Suíça.

Aumento das despesas também em elenco. Laura Cardoso, recém-saída de “Vila Madalena” (1999), atendeu ao chamado da produção, por conta da possibilidade de trabalhar em São Paulo, onde morava, e do salário oferecido. Para os protagonistas, a Record bateu na porta do SBT, recrutando Patrícia de Sabrit (Letícia / Luísa) e Dalton Vigh (Lucas), a Pérola e o Tomás de “Pérola Negra” (1998). Ainda, Desirée Vignoli (Dorotéia) e Narjara Turetta (Selma), ausentes do vídeo há tempos, como participações em programas vespertinos, onde pediram emprego.

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A trama

“Vidas Cruzadas” parte de um gesto abominável de Teodoro Oliveira de Barros (Sérgio Britto). Ele empurra a filha, gestante, para o Comendador Aquiles Machado (Juca de Oliveira), que consente em perdoar uma dívida sua ao desposar Beatriz (Ângela Leal), caso ela dê a luz a um menino. Para azar de Teodoro, nasce uma menina. Com a anuência da esposa, Natália (Laura Cardoso), o empresário envia a neta para um colégio interno no exterior. E coloca em seu lugar o filho do motorista Ambrósio (Mário Schoemberger), que perdeu a mulher durante o trabalho de parto.

Anos depois, a estudante Letícia se encanta por Aquiles Filho (Alexandre Barillari), o mimado e arrogante herdeiro dos Oliveira de Barros, em férias na Suíça. Abandonada – e ainda iludida –, Letícia segue para o Brasil acreditando trazer uma boa nova para Aquiles: está esperando um filho seu. Mas Teodoro, tão logo toma conhecimento do acontecido, exige a imediata remoção da neta. Ao tomar conhecimento do verdadeiro caráter do amado, e para fugir das investidas criminosas do avô, a protagonista assume uma nova identidade: Luísa.

Uma vez Luísa, Letícia se hospeda na casa de Janine (Ana Cecília Costa), locutora de rádio responsável pelo programa ‘Alegria de Viver’ – primeiro título provisório da novela, também chamada ‘Primeiro Amor’ e, por fim, homônima de uma obra de Ivani Ribeiro, exibida pela Excelsior em 1965. Poço de equilíbrio, Janine se mete em um relacionamento com o instável Zé (Petrônio Gontijo), enquanto tenta resolver os imbróglios amorosos das amigas; especialmente, Raquel (Micaela Góes), que se envolve com o ex-marido, Douglas (Felipe Folgosi), pela “embrionária” internet.

Em casa, Douglas vivenciava a agonia da mãe, Leonor (Martha Mellinger), contaminada com o vírus HIV pelo marido, Amaro – Jayme Periard, estreando na casa após passagens por Globo, Manchete e SBT; já tendo interpretado um soropositivo na minissérie “O Portador” (1991). Amaro era o representante jurídico de Teodoro e seu braço direito em ações orquestradas para prejudicar inimigos como Letícia / Luísa e Policarpo (Gianfrancesco Guarnieri), proprietário de uma indústria de pescados, ex-namorado de Natália. Os dois retomam o relacionamento quando ela se divorcia.

Policarpo era pai de Maria Josefa (Gabriela Alves), a Majô, e Martim (Ariel Borghi), o “boa vida” que falsificou o diploma após torrar toda a grana que o pai lhe enviava para bancar a universidade. O ódio de Teodoro por este clã ganhou força por conta de Beatriz: foi um irmão de Policarpo que a engravidou, dando origem a Letícia. Esta, aliás, correu para Suíça, quando Aquiles – acuado com a participação da jovem no programa de rádio de Janine, comentando as dificuldades de ser mãe solteira – colocou Amaro em seu encalço.

Desesperada, Letícia atentou contra a própria vida, atirando-se no mar. Foi salva por Lucas (Dalton Vigh), que a conhecia de um retrato a óleo. O jornalista havia desembarcado em Recife com um claro objetivo: vingar-se dos Oliveira de Barros, especialmente o patriarca, responsável pela bancarrota e pelo consequente suicídio de seu pai. Tempos depois, Letícia é dada como morta, num acidente de helicóptero – foi aí que ela retomou a vida no exterior e adotou um novo nome. A suposta morte da ex-namorada foi o primeiro golpe na consciência de Aquiles.

Tanto ele quanto Beatriz se empenharam em descobrir a ligação de Teodoro com a garota. Enquanto isso, Lucas se aproximou de Rafaela (Valéria Alencar), irmã caçula de Bia, apenas para atingir o maléfico empresário, pai de ambas. Não demorou para que ele tornasse pública todas as falcatruas que descobriu, obrigando o vilão a apressar a já preparada fuga para o exterior, usando o dinheiro que depositara na conta de Letícia, que julgava morta. Neste momento, “Luísa” retorna ao Brasil, estabelecendo um quadrado amoroso com o ex, Aquiles, e com a tia, Rafa.

No último capítulo, Teodoro é trancafiado numa cela fétida, enquanto o destino dos protagonistas segue em suspenso até as três cenas finais. Coube ao público escolher o par perfeito para Letícia / Luísa, através de um site – que recebeu, no primeiro dia, 15.427 visitas; cerca de 60% delas partidárias de Lucas. “Vidas Cruzadas” chegou ao fim com 5,8 pontos; menos do que a antecessora, “Marcas da Paixão”, com 6,3. Assegurou o terceiro lugar, superada pelas importadas “Esmeralda” e “Café com Aroma de Mulher”, do SBT.

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Duh SeccoDuh Secco
Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.