O jornalista Augusto Nunes explicou o motivo pelo qual decidiu não renovar seu contrato com a TV Cultura. Ele apresentou o “Roda Viva” até março deste ano porque, segundo ele, sofria muito com a pressão política pelos conselheiros da emissora, que é mantida pelo governo de São Paulo.
“Havia uma pressão para que a gente começasse a convidar políticos amigos dos conselheiros”, contou o comunicador ao canal Pingue-Pongue com Bonfá no YouTube. “Eu deixava a escolha dos entrevistadores para a produção. Só queria jornalistas independentes, que formulassem perguntas objetivas. Mas eles [conselheiros] começaram a sugerir nomes, a fazer pressão“, disse.
O âncora revelou que estava incomodado com as intromissões e detonou os curadores do canal público: “O conselho da Cultura tem um bando de gente que passa o dia por lá. Porque eles são aposentados, têm tempo de sobra, ficam ali só fazendo fofoca”.
Entrevistas forçadas
Depois que procurou o presidente da Cultura, Marcos Mendonça, Augusto Nunes ficou sabendo que a situação seria pior nesse ano, por causa do período eleitoral. Em seguida, ele começou a ser obrigado a entrevistar alguns políticos. “Falavam: ‘Tem que chamar o ministro da Educação [José Mendonça Filho], o das Comunicações [Gilberto Kassab], o da Saúde [Ricardo Barros]’. Eu falava: ‘Mas nós já chamamos, eles vieram aqui quando assumiram’. ‘É, mas são compromissos…'”, afirmou.
Por causa da pressão dos superiores, o jornalista decidiu não renovar seu contrato e fez um pedido especial: “Falei: ‘Eu não quero mais, não. Topo fazer as entrevistas com os ministros, mas minha última data eu quero para mim'”. O último programa sob seu comando recebeu o juiz Sérgio Moro.
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Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]