Após suspender toda a sua produção de entretenimento por conta da pandemia do coronavírus no Brasil, a Globo pela primeira na história dependerá de seus arquivos para tapar os buracos de sua programação.
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Já na próxima segunda-feira (23), por exemplo, a reexibição de Fina Estampa (2011) ocupará o horário de Amor de Mãe por tempo indeterminado, assim como Totalmente Demais sucederá Salve-se Quem Puder às 19h, e Novo Mundo virá na sequência de Éramos Seis às 18h.
Sem novelas, programas de auditório e humorísticos inéditos, a maior produtora de conteúdo da América Latina prevê alterações nos valores cobrados em seus espaços comerciais – diferente do que foi previsto em janeiro, quando a empresa divulgou aos seus patrocinadores uma tabela de preço que valeria até maio deste ano.
Procurada pelo RD1, a Globo admitiu a possibilidade de rever os preços cobrados a anunciantes. “Acreditamos que o mais importante no momento é apoiar os protocolos definidos pelas autoridades para enfrentar a pandemia do coronavírus. Com a ampliação da cobertura jornalística na programação, os espaços comerciais poderão ser revistos a fim de atender aos interesses de toda a sociedade brasileira, assim como do mercado publicitário”, disse em nota.
O canal afirmou também que “as medidas são por tempo indeterminado e as mudanças serão informadas nas medidas em que forem definidas”, e que possíveis prejuízos não são prioridades no momento. “Estamos certos de que é comum a todos a preocupação maior com a saúde do que com eventuais perdas/ganhos financeiros”, finalizou.
Audiência = Faturamento?
Diante de cenário tão imprevisível, é impossível calcular o prejuízo da Globo para os próximos meses. Reprises de novela costumam render um lucro muito menor, mesmo quando atingem índices de produções inéditas.
Trinta segundos no intervalo comercial de Avenida Brasil, no Vale a Pena Ver de Novo, por exemplo, custam 160 mil reais, ante 245 mil de Malhação, que registra os mesmos números de audiência.
Por outro lado, o jornalismo, que foi expandido na programação do canal, é muito valorizado nos planos comerciais da Globo. Um anúncio no JN custa 848 mil reais, enquanto 30 segundos no intervalo de Amor de Mãe, a maior audiência da televisão brasileira, vale “apenas” R$ 832 mil. Os comerciais do Praça TV 2ª Edição também são mais caros do que os de Éramos Seis, chegando a uma diferença de mais de 130 mil reais.
Com milhões de brasileiros em quarentena, a Globo também registrou um expressivo aumento em sua audiência, o que provavelmente será um fator decisivo nas reuniões com os anunciantes. O jornalismo da emissora foi o que mais se destacou. Na terça-feira (17), o Jornal Hoje registrou 17 pontos de média e o Jornal Nacional, 38, chegando a 40 de pico.
Vale esperar para ver se as reexibições das novelas Malhação – Viva a Diferença, Novo Mundo, Totalmente Demais e Fina Estampa alcançarão bons números nas próximas semanas e se serão prestigiadas pelos anunciantes.
Daniel Ribeiro cobre televisão desde 2010. No RD1, ao longo de três passagens, já foi repórter e colunista. Especializado em fotografia, retorna ao site para assinar uma coluna que virou referência enquanto esteve à frente, a Curto-Circuito. Pode ser encontrado no Twitter através do @danielmiede ou no [email protected].