Gloria Maria abriu o Globo Repórter da última sexta-feira (5), que reprisou o histórico debate entre Heraldo Pereira, Zileide Silva, Maju Coutinho, Aline Midlej, Lilian Ribeiro e Flávia Oliveira no Em Pauta, da GloboNews. Visivelmente emocionada, a jornalista falou sobre racismo e como o enfrentou nas últimas décadas.
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“Vocês vão ver um debate esclarecedor e também emocionante, porque foi feito com coração, com verdade. Eu não pude participar porque ainda estou me recuperando de um tratamento de saúde, como todo mundo sabe, um tratamento difícil, mas eu superei”, garantiu a famosa.
“Quem nasce orgulhosamente negro, sabe muito bem o que são obstáculos. Então, como é que eu poderia ficar de fora desse momento tão especial do Globo Repórter? Como não apresentar essa conversa tão aberta e reveladora dos meus colegas? Vocês vão ver que tudo começa com uma pergunta: ‘como é a experiência dos meus amigos com o racismo no Brasil’?”, introduziu a global, que contou um episódio onde foi vítima de racismo por um gerente de hotel.
A colega de Sandra Annenberg foi a primeira mulher negra do país que usou a Lei Afonso Arinos, que punia o racismo como contravenção. “Eu tenho orgulho de ter sido a primeira pessoa no Brasil a usar a Lei Afonso Arinos, que punia o racismo não com o crime, mas como contravenção [penal]. Fui barrada em um hotel por um gerente que disse que negro não podia entrar. Chamei a polícia e levei esse gerente aos tribunais”, recordou.
“Ele foi expulso do Brasil”, contou a veterana. “Mas ele se livrou da acusação pagando uma multa ridícula, porque o racismo para muita gente não vale nada, só para quem sofre. Mas isso é uma coisa que vou ter que viver na minha vida”, afirmou.
A contratada da Globo citou as filhas e emocionou com uma pergunta feita por elas envolvendo George Floyd, homem negro morto por um policial branco nos Estados Unidos. “O difícil para mim agora é contar para as minhas filhas, explicar para elas o que é racismo, num momento em que elas estão assistindo a essas manifestações nos Estados Unidos e em vários países. Elas perguntam: ‘Mamãe, isso tudo tá acontecendo, ele morreu, foi assassinado porque ele era negro?’, e eu tenho que dizer: ‘É, foi por isso'”, disse.
Sincera, a apresentadora confessou que não era otimista, mas revelou uma torcida: “Não sou muito otimista, mas eu acredito que um dia todo mundo vai ser visto como igual. Ninguém vai ser discriminado por causa da cor da pele. Tomara que as minhas filhas não precisem viver o que a gente, negro, vive hoje”.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].