Após ofensas à filha, Djamila Ribeiro entra com representação contra o Twitter e detalha processo

Djamila Ribeiro
Djamila Ribeiro fala sobre representação contra o Twitter (Imagem: Reprodução / Instagram)

Após a filha de Djamila Ribeiro, Thulane, ser ameaçada por um perfil fake do Twitter, em 2020, a escritora, filósofa e professora entrou com uma representação no Ministério Público contra a rede social e registrou um boletim de ocorrência na polícia. Em entrevista ao podcast Calcinha Larga, do Spotify, ela detalhou o processo.

“Não sei como, mas descobriram o telefone dela. Mandaram por SMS (a mensagem “A gente sabe onde sua mãe mora. Não tem arrego”) por conta de um ataque que começou no Twitter. E era fake news total. Eu fiz o B.O. no Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) e junto com a Unegro/SP, a Conaq (Coordenação Nacional das Comunidades Negras Quilombolas) e a Mahin (organização não governamental de mulheres negras da Bahia, entramos com uma representação no Ministério Público Federal contra o Twitter, para ele melhorar essas práticas no algoritmo“, contou.

A militante argumentou sobre o motivo que a levou a atacar a plataforma: “Tem pesquisas que mostram o quanto tem de discurso de ódio, sobretudo em relação a mulheres negras nas redes sociais. No Brasil, o Twitter acaba sendo essa rede social. As pessoas não entendem como as redes funciona. Esse é que é o problema“.

Resumidamente, ela explicou como um dos mecanismos da rede funciona ao falar da reação dos usuários, após a repercussão do caso de uma menina que foi sexualmente violentada pelo tio no ano passado.

“Fui ver os Trending Topics e estava (na lista de assuntos mais comentados): aborto, estupro, menina de 13 anos, Netflix. Então, o que é isso? É a banalidade do mal. As pessoas não entendem que quanto mais um assunto está nos Trending Topics mais a rede social ganha porque são mais anunciantes”, refletiu.

E continuou: “A gente não percebe que a gente ajuda essas plataformas a lucrar com o ódio porque a gente quer pagar de ativista. E mesmo o outro lado bisonho que divulga esse tipo de coisa. E as redes sociais estão mantendo o vídeo lá. Não tiraram, mesmo com as pessoas denunciando. Só foram denunciar na semana seguinte quando chegou uma liminar da Justiça”.

A filha da famosa hoje é aluna do segundo ano do ensino médio em São Paulo. Orgulhosa, ela conta que desenvolve um projeto de pesquisa que tem por objetivo estudar o aumento no número de suicídios entre adolescentes após serem expostos nas redes sociais.

“Eu falo para ela: ‘Não precisa ser uma ativista conhecida. Pode ser astrofísica se você quiser, mas desde que você tenha consciência do que sua família é, do trabalho que a gente faz’. E ela super tem. É uma menina consciente. Ela está lendo sobre como essa imposição do corpo perfeito causa esses danos psíquicos nas meninas. Ela está estudando para escrever a monografia (a escola da jovem pede que estudantes do segundo ano escrevam o trabalho). Fiquei superfeliz. Foi uma escolha dela“, detalhou.

A iniciativa, apesar de não ter sido forçada, reflete o diálogo mantido pelas duas em casa. “A gente conversa super. Às vezes ela me manda coisas: ‘Você viu isso?’. Uma vez ela estava falando de um colega dela: ‘Ah, mãe… Parece aqueles machos que querem pagar de revolucionários mas são superneoliberais, não respeitam a mulher’…Mandei para as minhas amigas no grupo: ‘Gente, vencemos!’ Ela é crítica. E é o oposto meu. Ela é tímida, não tem rede social. Ela tem fake. Só para olhar as coisas”, entregou.

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