O título parece pretensioso, mas faz jus ao acontecido desta última semana. Dias atrás, após o editor-chefe do RD1 João Paulo Dell Santo publicar diversas colunas explicitando as deficiências artísticas e administrativas da Band, debatemos via Facebook, em diálogo “aberto ao público”, a eficácia das novelas turcas, que fizeram a alegria da emissora tempos atrás e que hoje não saem do “marcha soldado” — 1 ponto, 2 pontos. Sugeri então a importação de folhetins portugueses, especialmente os da TVI, tomados por profissionais do Brasil. João Paulo curtiu, trouxe a sugestão para sua coluna e a Band, acredito, nos leu: vem aí, “Ouro Verde”.
A emissora anunciou na sexta-feira (14), logo após o “Jornal da Band”, a exibição da trama estrelada por Diogo Morgado e Joana de Verona, com os brasileiros Adriano Toloza, Bruno Cabrerizo, Cassiano Carneiro, Gracindo Jr, Silvia Pfeifer, Úrsula Corona e Zezé Motta — e o português Pedro Carvalho, no ar em “A Dona do Pedaço”. O texto de Maria João Costa contou com direção de Hugo de Sousa, contratado pela Globo em 2018 para integrar o time de diretores da bonitinha “Orgulho e Paixão”. A produção, laureada com o Emmy Internacional, é da Plural Entertainment.
Segundo informações obtidas com exclusividade pelo RD1, a estreia de “Ouro Verde” deve ocorrer em 24 de junho ou 1° de julho. São 221 capítulos de 55 minutos, o que garante novela por, no mínimo, nove meses. Eu, João Paulo e toda a equipe do site torcemos pelo êxito do folhetim. A Band, uma de nossas mais tradicionais redes de televisão, merece fazer as pazes com a audiência e com o faturamento, após anos de insucessos e penúria.
Sinopse
“Ouro Verde” é um novelão para ninguém botar defeito! O enredo parte da sociedade do empresário brasileiro Jorge Monforte (Diogo Morgado), ligado à agropecuária, com o Banco Brandão Ferreira da Fonseca, liderado por Miguel Ferreira da Fonseca (Luís Esparteiro). O que ninguém imagina é que Jorge — na verdade, José Maria Magalhães — busca vingar-se do clã que causou a ruína de seu pai. E o que Jorge / Zé Maria não esperava era se apaixonar por Beatriz (Joana de Verona), herdeira de Miguel.
Elenco
O blog aproveita e indica à Band a aquisição de “Valor da Vida” (2018), outro texto de Maria João Costa, também “tomado” por brasileiros — Bia Seidl, Carolina Kasting, Marcello Antony, Neusa Borges, Tássia Camargo e Thiago Rodrigues. É bom também ficar de olho em “Na Corda Bamba”, que marcará a volta do autor Rui Vilhena (“Boogie Oogie”, 2014) à Portugal. Edwin Luisi e Lucélia Santos, casal de “Escrava Isaura” (1976), estão escalados para a trama, que terá direção de Marcos Schechtman (“Salve Jorge”, 2012). Talentos desvalorizados por aqui; reconhecidos lá fora…
Bastidores
Cabe lembrar que a Band já exibiu dias novelas portuguesas em 2004, ambas produzidas pela TVI: “Olhos D’Água”, que, em razão da baixa audiência, foi das 16h para às 8h30 — Leão Lobo, então contratado da casa, era fã confesso do folhetim —; e “Morangos com Açúcar”, espécie de “Malhação”, com relativa repercussão. Dois anos depois, a emissora produziu, em parceria com a RTP, a brilhante “Paixões Proibidas”, com Antônio Grassi, Felipe Camargo, Marcos Breda, Suzy Rêgo e os portugueses São José Correia e Virgílio Castelo; a trama luso-brasileira, lamentavelmente, amargou baixos índices. Numa eventual reprise, porém, quem sabe…
Ligo
“Malhação – Toda Forma de Amar” e seu elenco jovem. Na minha primeira coluna aqui neste espaço, citei a força do time adulto da novela de Emanoel Jacobina. Os novatos também estão fazendo bonito – diferente da irregularidade vista na temporada anterior, “Vidas Brasileiras”. Cabe citar Caroline Dallarosa, a Anjinha, muito bem colocada especialmente nas cenas com Júlio Machado (Marco Rodrigo, pai da jogadora de futebol). Também Gabz como Jaqueline, a filha bastarda de César (Tato Gabus), que busca se aproximar da irmã surda, Milena, da excelente Giovanna Rispoli. Ainda, Danilo Maia (Thiago) e João Fernandes (Tadeu), dois tipos atrapalhados e divertidos. Há pontos fora da curva, como Alanis Guillen (Rita) e Beatriz Damini (Martinha); nada que a direção não possa resolver nos próximos capítulos…
Desligo
Na última movimentação do jornalismo do SBT, orquestrada, claro, por Silvio Santos. Evidente que a emissora precisa faturar; evidente também que, para tal, ajustes sempre são necessários. Mas, como telespectador, me incomoda ver profissionais competentes como Analice Nicolau e Karyn Bravo substituídas por reprises e pela gritaria de Dudu Camargo e Marcão do Povo, dois dos tipos mais controversos da casa, à frente do agora estendido “Primeiro Impacto”. A audiência do “SBT Notícias” não decepcionava – que o diga o “Hora Um”, da Globo, esticado justamente para fazer frente ao noticiário da madrugada. Será mesmo que extinguir o telejornal e alongar o “PI” era a única solução? Ou foi Silvio, em mais uma questionável atuação administrativa – artística, que preferiu dar vez aos pupilos?
Fecha a conta
Preparem-se para dois domingos de pura nostalgia! Conforme a coluna adiantou com exclusividade esta semana, o programa “Eliana” exibe hoje (16), a partir das 15h, a entrevista com Xuxa Meneghel, onde Eliana e a colega relembram os tempos de “rivalidade”, quando ambas comandavam atrações infantis. Na próxima semana (23), é a vez de Fausto Silva resgatar as “Olimpíadas do Faustão”, também conforme adiantado neste espaço. A reedição do quadro, eternizado pela “Ponte do rio que cai”, integra as comemorações dos 30 anos do “Domingão”.
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.