Band vive fase Titanic e direção toca violino enquanto o barco afunda

Band
Tal e qual sua marca, a Band está sem vida (Imagem: Divulgação / Band)

A Band está mergulhada em uma crise sem precedentes desde… 2016, pelo menos. De lá para cá, conta-se numa mão o que funcionou na programação da emissora.

Mas a coluna quer chamar a atenção para o seguinte: por que a direção do canal do Morumbi comporta-se de forma impávida diante do barco afundando? Não é estranho? À parte dos entreveros envolvendo os herdeiros do Grupo Bandeirantes, a cúpula da Band perdeu, há pelo menos dois anos, qualquer reação diante das crises ou sinais de fumaça.

Já pararam para pensar que, dos quase 10 programas lançados em 2018, com todo estardalhaço, só o “Melhor da Tarde” permanece no ar, ainda assim com índices bem aquém do esperado? Trágico, não?

Tudo bem que há uma crise chicoteando o setor. Tudo bem que não se tem mais o futebol, e ainda se deve uma bagatela à Globo em razão do último contrato. Mas, há decisões que precisam, urgentemente, serem tomadas. Coisas simples, óbvias (pelo menos para quem entende, de fato, o dia a dia do setor).

A coluna vai mencionar quatro situações simplórias que ainda não foram resolvidas. 1) Linha de shows transferida das 22h30 para as 22h, colada na igreja, com novela da Globo em pleno voo. Todos os produtos dessa faixa perderam, pelo menos, 1,5 ponto. Quem foi o gênio que executou isso? 2) A diminuição na duração de “Os Donos da Bola”, produto com fila de anunciantes e audiência muito boa para os padrões do canal. 3) A escalação de uma reprise de “O Aprendiz” para os sábados às 16h, tirando tempo e audiência do “Brasil Urgente”, em verdadeiro efeito dominó no restante da grade. 4) A transferência do “MasterChef” para os domingos às 20h, trocando um público cativo às terças-feiras (por volta de 5 pontos com minutos nas 2ª e 3ª colocações) por uma plateia de 3 pontos e uma indigesta 5ª colocação.

Há tópicos que podem ser resolvidos em uma reunião de 20 minutos. É inocência achar que o “MasterChef” vai crescer nas próximas semanas, tirando público dos consolidados “Fantástico”, “Programa Silvio Santos”, “Domingo Espetacular” e “Encrenca”. Antes que aleguem que há acordos comerciais vigentes, peço que me mostrem o anunciante que prefere dar 3 pontos num domingo do que 5 numa terça, com share maior.

E a coluna nem vai entrar em detalhes numa das maiores tropeçadas dos últimos tempos, a perda da parceria com o serviço de streaming DAZN para a RedeTV!. Essa é histórica, e para rir de nervoso.

Fica a questão: cadê a capacidade de reação da Band? Sr. Johnny Saad está satisfeito com esses resultados? E os demais herdeiros, o que têm a dizer? Os executivos se sentem confortáveis em assinar a direção da emissora? Perguntar não ofende.

Cadê o tempero?

Ainda sobre o “MasterChef”, o carro-chefe do canal. O reality dos chefes Paola Carosella, Henrique Fogaça e Erick Jacquin tomou a ladeira em seus primeiros quatro episódios dessa décima temporada: 4,1 pontos na estreia (24/03), 3,7 no segundo programa (31/03), 3,2 no terceiro episódio (07/04) e 2,7 no último domingo (14), sendo esta a pior média em todas as temporadas.

Não para, não para, não!

A Globo anuncia a terceira temporada de “Sob Pressão”, a ser exibida a partir do dia 2 de maio, como a última. Depois de duas levas de episódios às terças-feiras, a série protagonizada por Marjorie Estiano e Julio Andrade passa a ocupar as noites de quinta-feira, depois de “O Sétimo Guardião”. Fica o apelo: por que não uma quarta temporada?

Credo, que chatice!

O GNT estreou no dia 15 de março mais um reality culinário, o “Credo, Que Delícia!”. Sob o comando de Dani Noce, Paulo Cuenca e Michael Levine, duplas de confeiteiros se enfrentam em uma competição “muito leve e divertida”, só que não. A atração está naquele grupo de coisas bobas e sem explicação que só o GNT ou o Multishow têm coragem de colocar no ar. Conselho? Não percam tempo.

Ela voltou

A estreia do “Olga”, que marcou o retorno de Olga Bongiovanni à RedeTV!, não repetiu os bons índices dos tempos do “Bom Dia Mulher” (2002/2009). O matinal, que recebeu Roberta Miranda, Carla Vilhena e Thomas Roth na primeira edição, registrou, de acordo com dados consolidados, 0,5 de média com pico de 0,8 e share de 1,6%. Com o resultado, Olga ficou atrás de Globo (8,4), SBT (5,5), Record (4,6) e Cultura (2,0). Empatou, porém, com a Band (0,5).

Pagando a língua

Órfãos da Terra
Julia Dalavia, Renato Góes e Alice Wegmann protagonizam “Órfãos da Terra” (Imagem: Divulgação / Globo)

Este colunista apressadinho chegou a afirmar com veemência que “Órfãos da Terra” não deveria ser exibida às 18h, mas às 21h ou 23h, dada à complexidade da sua narrativa. Foi mais longe: cantou a bola que a trama protagonizada por Renato Góes e Julia Dalavia teria problemas de audiência, tal e qual “Espelho da Vida” (2018), “Meu Pedacinho de Chão” (2014) e “Boogie Oogie” (2014). Resultado: pagou a língua bonito. A novela é um dos grandes destaques da programação 2019 da Globo. Imperdível, saborosa, com grandes atuações e direção cirúrgica. Duca Rachid e Thelma Guedes estão caprichando!

Vem aí

A Record estreia no próximo dia 23, às 20h45, em substituição a “Jesus”, “Jezabel”. De autoria de Cristianne Fridman, a macrossérie tem direção de Alexandre Avancini e conta com grande elenco. No papel principal, Lidi Lisboa, em um performance que vem sendo bastante elogiada nos bastidores. Inclusive, há quem aposte: a personagem-título será a consagração dessa jovem atriz de 34 anos. Vale a pena conferir.

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João Paulo Dell SantoJoão Paulo Dell Santo
João Paulo Dell Santo consome TV e a leva a sério desde que se entende por gente. Em 2009 transformou esse prazer em ofício e o exerceu em alguns sites. No RD1, já foi colunista, editor-chefe, diretor de redação e desde 2015 voltou a chefiar a equipe. Pode ser encontrado nas redes sociais através do @jpdellsanto ou pelo email [email protected].