Como assim? Relembre 7 derrapadas históricas das novelas

Trama de Beto (Emílio Dantas) e Valentim (Danilo Mesquita), em”Segundo Sol”, é pouco verossímil (Imagem: Divulgação / Globo)

Escrever uma novela certamente não é tarefa fácil. Além de manter o interesse do público capítulo após capítulo, sem deixar a peteca cair, o autor ainda precisa ter o cuidado de não “voar demais” e acabar ultrapassando o limite da lógica e da verossimilhança nas situações que desenha, sob pena de pôr em cheque a credibilidade da história e a qualidade de seu próprio trabalho.

O caso mais recente de inconsistência criativa na dramaturgia nacional tem se dado em no atual título do horário nobre da Rede Globo, “Segundo Sol”, onde o cantor de axé Beto Falcão (Emílio Dantas), protagonista da trama, forja a própria morte e cria o próprio filho, Valentim (Danilo Mesquita), como se fosse seu enteado. Mas espera aí: como Valentim, obcecado pela imagem do pai morto, nunca questionou a incrível semelhança do suposto padrasto com o “falecido”?

O fato é que, seja por descuido do autor, por negligência da direção ou até por mera imperícia técnica, não é raro vermos esse tipo de incoerência nos folhetins brasileiros e até estrangeiros. A seguir, você confere uma lista com 7 derrapadas históricas das novelas.

Morte de Rachel (Ana Beatriz Nogueira) em “Salve Jorge” não convenceu (Imagem: Reprodução / Globo)

Assassinato no elevador – “Salve Jorge”

Fracasso de audiência no horário nobre da Globo em 2012, “Salve Jorge” é também lembrada como um dos roteiros mais inconsistentes já produzidos pela Globo. Uma das situações mais bizarras apresentadas pela novela foi o assassinato da socialite Rachel – saída encontrada pela autora Glória Perez para tirar da trama a atriz Ana Beatriz Nogueira, que estava insatisfeita com o pouco espaço de sua personagem na história.

Ao escutar uma conversa de Lívia Marini (Cláudia Raia) no estacionamento de um hotel de luxo e descobrir que ela era a chefe da quadrilha de tráfico humano que dava mote à trama central, Rachel conseguiu escapar da vilã e telefonou para a delegada Helô (Giovanna Antonelli) a fim de denunciá-la. Com a ligação ruim, a milionária tentou entrar no elevador em busca de melhorar o sinal do celular (oi??) e acabou pega de surpresa por Lívia, que lhe enfiou uma seringa com alguma substância letal e a matou ali mesmo, antes que pudesse “caguetá-la”.

Além da completamente ilógica tentativa de Rachel de recorrer a um elevador como meio de melhor o sinal de sua operadora telefônica, soou estranho que Lívia conseguisse sair impune após cometer um assassinato dentro desse ambiente, que costuma ser monitorado por câmeras.

Filha de Morena (Nanda Costa) atravessou shorts da mãe para nascer? (Imagem: Reprodução / Globo)

Parto de shorts – “Salve Jorge”

A mesma novela também foi palco de um erro ainda mais crasso. Grávida de nove meses e perdida numa zona afastada de Istambul, a protagonista Morena (Nanda Costa) precisou se refugiar em uma caverna da forte tempestada que se iniciava.

Como desgraça pouca é bobagem, começou a sentir ali mesmo as primeiras dores do parto e acabou dando à luz ali mesmo, sem a ajuda de ninguém, sua filha com Theo (Rodrigo Lombardi). A grande questão é: como a pequena Jéssica – assim batizada por Morena em homenagem à amiga assassinada, papel de Carolina Dieckmann – conseguiu atravessar os shorts que a mamãe usava e nem se preocupou em retirar no momento do parto?

Malu (Maite Perroni) ajudou Ana Júlia (Michelle Vieth) a dar à luz de calça jeans (???) em “Cuidado com o Anjo” (Imagem: Reprodução / Televisa)

Parto de calça jeans – “Cuidado com o Anjo”

Uma falha similar pode ser observada em “Cuidado com o Anjo”, trama mexicana produzida pela Televisa em 2007 e veiculada no Brasil pelo SBT sete anos depois. Nos episódios finais da história, a vilã Ana Júlia (Michelle Vieth) sequestrou a heroína Malu (Maite Perroni) e a manteve refém em uma cabana afastada, decidida a queimá-la viva dentro do cativeiro.

O problema foi que, enquanto incendiava o local, Ana Júlia – grávida do vilão Amador (Arturo Carmona) – começou a sentir contrações e viu que estava prestes a dar à luz, o que conseguiu fazer graças à ajuda da própria Malu, apesar de estar de calça jeans enquanto paria a criança. No fim, Ana Júlia acabou morrendo no parto, provavelmente exausta do esforço de fazer o bebê atravessar o tecido…

Anastácia Custódio viveu a “versão branca” de Isabel em “Vende-se um Véu de Noiva” (Imagem: Reprodução / YouTube)

Personagem multirracial – “Vende-se um Véu de Noiva”

Adaptada por Íris Abravanel do argumento original de Janete Clair, “Vende-se um Véu de Noiva” (2009) passou praticamente despercebida pela grade do SBT, onde marcou modestíssimos índices de audiência.

No entanto, um aspecto bastante estranho da trama se fez notar pelo público que acompanhou, ainda que esporadicamente, a novela. A doméstica Isabel foi interpretada pela atriz Márcia de Oliveira, negra, na primeira fase da história, com duração de apenas 6 capítulos. Encerrado esse prólogo, a trama deu um salto de 25 anos e o espectador reencontrou Isabel mais velha, mais sofrida e tão caucasiana quanto sua intérprete madura, Anastácia Custódio!

Adriana (Júlia Dalavia), a polêmica coach de “O Outro Lado do Paraíso” (Imagem: Divulgação / Globo)

Coach metida a psicóloga – “O Outro Lado do Paraíso”

Um dos momentos mais inspirados da criticadíssima novela “O Outro Lado do Paraíso” foi a abordagem da pedofilia através do drama Laura (Bella Piero), que revelava ter sido molestada pelo próprio padrasto, Vinícius (Flávio Tolezani), quando criança.

Mas mesmo esse entrecho acabou incorrendo em um tremendo fora quando Laura recorreu a Adriana (Júlia Dalavia), uma advogada especializada em coach, para ajudá-la a desbloquear as lembranças desse tenebroso passado, ao invés de buscar um psicólogo. Uma escolha infeliz do autor Walcyr Carrasco, que inúmeras associações de psicologia do país se viram obrigados a criticar.

Renato (Rafael Cardoso) não convenceu ao se transformar em vilão (Foto: Divulgação / TV Globo)

De mocinho a vilão – “O Outro Lado do Paraíso”

Outra das (muitas) incoerências de “O Outro Lado do Paraíso” se fez notar no momento em que Renato (Rafael Cardoso), até então um homem de ótima índole e eterno apaixonado pela mocinha Clara (Bianca Bin), resolveu se revelar um vilão perverso que havia até tentando matar a protagonista.

No dia de seu casamento com Renato, Clara descobriu que ele a havia convencido a entrar no caixão de Beatriz (Nathália Timberg), com a desculpa de ajudá-la a fugir do hospício onde havia sido internada por Sophia (Marieta Severo), ciente de que o “esconderijo” seria lançado ao mar, matando-a por afogamento. No entanto, quando a fuga de Clara do manicômio foi ao ar originalmente, a audiência pôde assistir ao próprio Renato recebendo, com total surpresa – e sem nenhuma razão para dissimular -, a notícia do destino que o caixão teria. E agora?

Ninguém engoliu o estupro de Vitória (Camila Morgado) em “A Lei do Amor” (Imagem: Reprodução / Globo)

Estupro mal-costurado – “A Lei do Amor”

Outra produção recente do horário nobre da Globo também marcada por incontáveis furos, “A Lei do Amor” abusou do direito à inverossimilhança quando Vitória (Camila Morgado) descobriu que seu filho, Caio, não era fruto de seu casamento com Ciro (Thiago Lacerda), mas sim de um estupro do qual ela sequer se lembrava ter sido vítima!

A “reviravolta” aconteceu da forma menos convincente possível: de repente, Vitória ficou sabendo que já estava grávida durante sua internação em uma clínica, no início da história. Fazendo as contas, a moça concluiu então que Caio só poderia ter sido gerado em uma festa dada na casa de Venturini, da qual, por ter bebido demais, não se lembrava de nada – fatos nunca antes mencionados.

Mais tarde, durante um passeio com o filho, a ruiva cruzou por acaso com Leonardo (Eriberto Leão) na rua – e bastou olhar para o rosto do vilão para lembrar-se que ele estava presente na tal festa e a havia violentado no banheiro da casa de Venturini, engravidando-a sem saber. Uma revelação mirabolante que, evidentemente, a audiência não engoliu.

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