Como não amar “Essas Mulheres”? 10 motivos para curtir a reprise da Record

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Aurélia (Christine Fernandes), Mila (Miriam Freeland) e Maria da Glória (Carla Cabral), protagonistas de “Essas Mulheres” (Imagem: Reprodução / Record)

De todas as opções da Record para substituir “Bicho do Mato” (2006) às 15h45, “Essas Mulheres” (2005) figurava entre as mais improváveis. Mas eis que, surpreendendo positivamente o público noveleiro das tardes – e os telespectadores que acompanham os folhetins da emissora desde a retomada, em 2004, com “A Escrava Isaura” – é justamente “Essas Mulheres” a novela que volta ao ar nesta segunda-feira (30). Abaixo, 10 motivos para ficar ligadinho nesta obra-prima!

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1 – Mestre dos mestres

Marcílio Moraes, autor de “Essas Mulheres” (Imagem: Reprodução / PáginasDaGávea)

À frente da equipe de texto de “Essas Mulheres” está Marcílio Moraes, um dos melhores autores nas fileiras da Record – senão, o melhor –; lamentavelmente “encostado” em razão do massivo, e maçante, investimento em tramas bíblicas. Marcílio foi convocado para conferir unidade ao texto de três roteiristas, egressos da Globo, assim como ele: Rosane Lima (com quem dividiu a autoria), Cristianne Fridman e Bosco Brasil (os dois últimos, alçados ao posto de titulares com “Bicho do Mato”). Foi só o primeiro dos trabalhos de Moraes que conferiram “dignidade” à dramaturgia da Record, casos de “Vidas Opostas” (2006), “A Lei e o Crime” (2009) e “Ribeirão do Tempo” (2010) – enquanto Tiago Santiago angariava audiência com enredos paupérrimos, como “Os Mutantes – Caminhos do Coração” (2008).

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2 – Leitura obrigatória

Aurélia (Christine Fernandes), Maria da Glória (Carla Cabral), Mila (Miriam Freeland), Adelaide (Adriana Garambone) e Bela (Talita Castro), em cena de “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

A excelência de “Essas Mulheres” provém da qualidade das obras de José de Alencar (1829-1877) que guiaram o enredo. Partiu do diretor Herval Rossano a ideia de adaptar três dos romances de Alencar, um dos mais festejados romancistas de nosso país: “Diva” (1864), “Lucíola” (1862) e “Senhora” (1875) – base da novela homônima de Gilberto Braga, que levou cor ao horário das 18h na Globo, sob a batuta de Herval. O diretor, contudo, se desentendeu com a casa, não indo além da pré-produção; Flávio Colatrello, que o acompanhou em “A Escrava Isaura”, acabou por substitui-lo. A ideia das adaptações, porém, já havia sido posta em prática. E enriquecida pelas mentes férteis dos autores, que se serviram da efervescência, e das mazelas, do Rio de Janeiro do século XIX como pano de fundo.

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3 – “Senhora”

Aurélia (Christine Fernandes) e Fernando (Gabriel Braga Nunes), em “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

“Puxando a narrativa” está Aurélia Camargo (Christine Fernandes), protagonista de “Senhora”. A donzela leva uma vida humilde, reflexo não só das parcas condições de sua família como também do preconceito enfrentado por sua mãe, Emília (Silvia Salgado), que não casou-se, como pediam as convenções, com seu companheiro, Pedro (Celso Frateschi). O pai zeloso de Aurélia leva vida dupla: vez ou outra, parte para a fazenda do pai, Lourenço (Sérgio Mamberti), de quem esconde a família. Alerta, spoiler: a morte de Pedro, e posteriormente de Lourenço, termina por converter a quase miserável Aurélia em milionária! Os dividendos são suficientes para comprar um marido, escolhido a dedo. Trata-se de Fernando Seixas (Gabriel Braga Nunes), o namorado que, um dia, a trocou pelo dote de Adelaide (Adriana Garambone).

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4 – “Lucíola”

Maria da Glória, ou Lúcia (Carla Cabral), de “Essas Mulheres” (Divulgação / Record)

Filha do banqueiro Tavares Amaral (Luiz Carlos de Moraes), Adelaide conhece Aurélia nas aulas de música coordenadas por Ordália (Luciene Adami), das quais também participam Maria da Glória (Carla Cabral), filha de Rodrigo (Carlo Briani), português intransigente que não hesita em expulsá-la de casa, numa das artimanhas do maledicente Cunha (Roberto Bomtempo). Nas ruas, Glória “morre”, renascendo como Lúcia, a mais afamada cortesã da Côrte. Mais um “plot twist” para noveleiro nenhum botar defeito! Como não poderia deixar de ser, a prostituta acaba apaixonada por um de seus clientes: o pretenso diplomata Paulo Silva (João Vitti), filho de Inácio (Antônio Petrin), tão intransigente quanto Rodrigo. Óbvio também que Maria da Glória “ressurge”, mais cedo do que Lúcia espera, para “confrontá-la”…

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5 – “Mila”

Ordália (Luciene Adami) e Mila (Miriam Freeland), em “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

Coleguinha de Aurélia e Maria da Glória, Mila (Miriam Freeland) também enfrenta a tirania da família; mais especificamente da mãe, Leocádia (Ana Beatriz Nogueira). Esta não compreende a arte, nem as ideias progressistas da filha – pintora que, usando de um pseudônimo, ensaia fazer carreira nas artes plásticas. Aproveitando-se da inépcia do marido, Duarte (Ewerton de Castro), Leocádia usa de todos os meios para minar as forças da herdeira, que, adoecida, encontra apoio – e afago – no médico Augusto (Alexandre Moreno), negro que “ousou” ingressar em uma universidade, e se especializar na Europa, num tempo em que “os seus” estavam condenados à senzala. O romance de Mila e Augusto aflige, ainda mais, Leocádia, que passa a dar sinais do descontrole emocional que ela, desde sempre, insistia em ver na filha.

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6 – Coadjuvantes de luxo

Manoel Lemos (Paulo Gorgulho), o grande vilão de “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

Também cabe destacar o vilão Lemos (Paulo Gorgulho), tutor da sobrinha Aurélia após a partida de sua irmã, Emília – com uma filha tão ardilosa quanto ele, Bela (Talita Castro) –; a mãe de Fernando, Camila (Ana Rosa, sempre eficaz em personagens de boa índole), às voltas com as filhas espevitadas – destaque para Nicota (Nathalia Rodrigues), doida para “contrair matrimônio” com o atabalhoado Tadeu (Cássio Reis) –; o casal Geraldo (Theodoro Cochrane) e Júlia (Raquel Nunes), irmão e prima de Mila; o astuto Simão (Luciano Quirino), sempre cortejando a bela Jesuína (Valquíria Ribeiro); o jornal de Ferreira Pinto (Daniel Boaventura), onde trabalha Romualdo (Rômulo Estrela, hoje consagrado como Afonso, de “Deus Salve o Rei”); e a paixão platônica de Eduardo (Marcos Winter) por Aurélia.

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7 – Globo x Record

Leocádia (Ana Beatriz Nogueira), carrasca da própria filha, em “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

“Essas Mulheres” é de um tempo em que a Record, empenhada em fazer frente à Globo, surpreendia o público, praticamente toda semana, ao arregimentar estrelas da concorrência, da linha de shows ao jornalismo. Não foi diferente na dramaturgia. Ana Beatriz Nogueira, por exemplo, havia se destacado em “Celebridade” (2003), como a invejosa Ana Paula, irmã da musa Maria Clara Diniz (Malu Mader). Já Leonardo Miggiorin (Pedrinho) estava em evidência, graças ao Shaolin, de “Senhora do Destino” (2004). Os aficionados por TV vibravam com essa “disputa” por talentos! Mas como nem só de globais vive um elenco, na Record ou em qualquer outra emissora, cabe destacar também o resgate de nomes como Ingra Liberato (Marli), Marcos Breda (Alfredo), Petrônio Gontijo (Torquato) e Tânia Alves (Firmina).

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8 – Apuro visual

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Foi a penúltima novela do “núcleo paulista” do canal, encerrado com “Cidadão Brasileiro”, de Lauro César Muniz, no ano seguinte. Com menos recursos, a produção buscou reconstituir o Rio de Janeiro do século XIX de modo “quase artesanal”, com muitas locações, como nas mineiras São João del Rey e Tiradentes, e cenários simples, porém bem elaborados – destaque para os gabinetes da mansão Camargo e a antessala destes, onde Aurélia e Fernando se digladiavam após o casamento. Naquele mesmo 2005, com o advento do RecNov, as tramas da casa tornaram-se mais “sofisticadas”. Dentre as demais “soluções caseiras”, os stockshots, com cartões postais – recurso sempre eficaz – e a abertura, “unindo” as três protagonistas em uma única mulher, embalada pela deliciosa ‘Pop Zen’, da Danilo, Dori e Nana Caymmi.

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9 – Redenção

Adriana Garambone, a ardilosa Adelaide, em “Essas Mulheres” (Imagem: Divulgação / Record)

Com a reapresentação de “Essas Mulheres”, a Record se redime – esperamos! – de um erro cometido em 2007, quando “resgatou” a trama para suspendê-la após a exibição de 17 capítulos, sob a alegação de que o folhetim “estava atrapalhando o crescimento da emissora”. É bem verdade que, naquele tempo, os executivos do canal eram muito mais pretensiosos do que hoje. O slogan “a caminho da liderança” ainda vigorava; qualquer número que colocasse a Record atrás do SBT fazia soar o alarme do desespero na alta cúpula. Anos – e tropeços – depois, a emissora batalha para retomar a vice-liderança, que hoje está mais nas mãos de Silvio Santos do que nas de Edir Macedo. Ou seja: ainda que “Essas Mulheres” “flope”, não há crescimento a ser comprometido. Nem pretexto para extirpá-la da grade…

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10 – Fugindo do óbvio

Cenas de ação de "Pecado Mortal" ficarão mais simples
Fernando Pavão (Carlão) e Paloma Duarte (Doroteia) em cena de “Pecado Mortal”, novela de Carlos Lombardi (Imagem: Munir Chatack / Record)

O eventual sucesso desta reapresentação certamente implicará em reexibições de tramas “menos óbvias”. É essa a minha torcida, adianto – ninguém merece ver “A Escrava Isaura”, em breve, pela quarta vez. As faixas de reprises vespertinas já nos surpreenderam com “Ribeirão do Tempo” e “Luz do Sol” (2007), atualmente no ar, mas no acervo do canal ainda “dormem” “Cidadão Brasileiro” e “Poder Paralelo” (2009), de Lauro César Muniz, além de “Pecado Mortal” (2013), “filha única” de Carlos Lombardi na casa, e as da era pré-retomada, como “Marcas da Paixão” e “Vidas Cruzadas”, ambas de 2000. “Essas Mulheres” é a chance que o público tem de apreciar um produto de qualidade, num canal que se habituou a gostos menos refinados. Vai valer a pena ver de novo, como diz a Globo – e dá pra conciliar com “Belíssima” (2005).

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Duh Secco é “telemaníaco” desde criancinha. Em 2014, criou o blog “Vivo no Viva”, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.

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Duh Secco é  "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.