Diário de um Confinado debocha e faz refletir sobre quarentena

Piero Vergílio

06/07/2020

Bruno Mazzeo protagoniza Diário de Um Confinado, série que debocha e reflete sobre o novo normal

Bruno Mazzeo protagoniza Diário de Um Confinado, série que debocha e reflete sobre o novo normal (Imagem: Divulgação / Globo)

Estreou no último sábado (04), na Globo, a primeira temporada de Diário de um Confinado. A série multiplataforma criada por Bruno Mazzeo e Joana Jabace retrata uma montanha-russa de sentimentos, com pitadas de melancolia, paranoias, incertezas. E um tanto de situações tragicômicas que surgem neste novo cotidiano em que ficar trancado em casa é estratégia de sobrevivência.

Na exibição em TV aberta, os doze episódios de Diário de um Confinado disponíveis no Globoplay foram compilados em quatro, sem obedecer, necessariamente, a sequência da plataforma de streaming. O fio condutor da produção é o cotidiano de Murilo (Bruno Mazzeo) e como a quarentena transforma suas relações com familiares, vizinhos, amigos, seu médico e sua terapeuta.

Para refletir a realidade, todo o elenco gravou remotamente, contracenando por chamadas de vídeo. Seguindo os protocolos da produção remota, foram eles mesmos que fizeram a captação de suas cenas. Cada um recebeu um kit de gravação por celular, preparado para uso individual.

As únicas exceções ficam para Débora Bloch e Bruno Mazzeo – vizinhos na vida real, eles usaram o hall do prédio onde moram para as gravações. Há também o caso de Fernanda Torres e Joaquim Waddington, mãe e filho, que repetem o parentesco da ficção.

Os temas e tipos de Diário de um Confinado

Fernanda Torres e Joaquim Waddington nos bastidores de gravação de Diário de um Confinado (Imagem: Arquivo Pessoal)

Diário de um Confinado é uma “mistura de comédia com melancolia, é triste e altamente risível”, como bem definiu Fernanda Torres. Trata-se de uma crônica sobre o dia a dia de um cidadão que, de repente, se vê obrigado a tocar a vida dentro de seu apartamento.

O ponto de partida são situações comuns como pedir uma pizza, fazer uma faxina, conviver com vizinhos e trabalhar em home office. Há espaço, claro, para a “carentena”.

Os tipos também foram muito bem delineados. Como a intenção aqui não é dar spoiler, vou me ater aos três personagens que tiveram destaque no programa de estreia. Marília (Renata Sorrah), a mãe preocupada com o avanço da doença, tem os grupos de WhatsApp como sua principal fonte de informação.

Adelaide (Débora Bloch) é a vizinha que segue à risca as orientações das autoridades de saúde. Sua preocupação em excesso é o contraponto ideal a Murilo, que nem sempre toma os cuidados adequados, e necessários.

Finalmente, também conhecemos a hilária terapeuta Leonor. Em tempos de pandemia, a psicanalista atende seus pacientes em home office. Dar atenção a eles nem sempre é fácil. Durante as sessões, o filho adolescente a atazana com questões domésticas.

Um olhar debochado e reflexivo sobre o “novo normal”

Diário de um Confinado é uma crônica de situações do cotidiano, como um dia de faxina (Imagem: Divulgação / Globo)

Não fosse a qualidade técnica da produção, que conseguiu superar os desafios da realização remota, Diário de um Confinado se destaca por um olhar debochado e reflexivo sobre esse “novo normal”.

A série coloca uma lente de aumento nos medos e paranoias de cada um de nós, retratando-os com bom humor. É o que acontece, por exemplo, quando Murilo entra em pânico por ter tocado na embalagem da pizza.

Ao mesmo tempo, o roteiro propõe algumas reflexões interessantes, como o hábito de compartilhar informações sem checar sua autenticidade. “Grupo de zap não é exatamente uma fonte das mais confiáveis. Pare de acreditar em tudo o que você recebe”, brada o protagonista em uma das falas.

Paralelamente, a série retrata como todos nós estamos ressignificando relações nesse período. Conhecer melhor a vizinha, que antes mal cumprimentávamos. Ou então entender que uma terapeuta também enfrenta seus próprios dilemas.

Em suma, os personagens de Diário de Um Confinado são ficcionais. Mas poderiam ser facilmente encontrados em qualquer esquina.

Pela oportunidade de enxergarmos nossos comportamentos naqueles personagens, vale a pena acompanhar. Aos sábados, na Globo, ou a qualquer instante no Globoplay.

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Escrito por

Piero Vergílio

Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.