Duda Nagle não esconde que o seu melhor papel e função na vida é o de pai da Zoe, sua filha com a apresentadora Sabrina Sato. Em entrevista exclusiva ao RD1, o ator desabafou sobre a paternidade:
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“Parece que depois que soube que ia ser pai acionei meu modo turbo e comecei a ter mais gás para correr atrás das minhas coisas. A paternidade, aliás, era um dos meus maiores sonhos, mas achava que era algo distante”.
Foi justamente o nascimento da filha que despertou Duda para os novos projetos. Hoje, além de ator, ele investe em outros segmentos e tem muitos outros planos de carreira.
“Quero investir em áreas diferentes, mas ainda estou estruturando. Um desses projetos é virar produtor executivo dos meus projetos de séries e filmes”, comentou. Este ano, Duda também estreia o filme Tração.
Confira a entrevista:
RD1 – Você tem investido muito na vida de empresário, com empresa do ramo de luz solar, açougue e administrando um curso para combater a vergonha na hora de falar. Como surgiu o Duda Nagle empreendedor? E por que escolheu essas áreas de investimento?
Duda Nagle – O Duda empreendedor nasceu naturalmente. Na época em que fazia faculdade de publicidade e propaganda, morria de vergonha de apresentar meus trabalhos. Assim, comecei a fazer aulas particulares de teatro com a Camila Amado pra me exercitar e vencer a vergonha.
Acabei indo fazer novela, mas queria ser diretor de criação de campanha de publicidade. Quando me tornei ator, até cheguei a me recusar a fazer publicidade porque não queria ser um produto. Mas com o tempo entendi melhor meu trabalho e o mercado. E, numa empresa, ser sócio dela é mais fácil para ver o mercado. Então, além do uso de imagem, do espaço nas minhas redes, também quero conectar as empresas com outras pessoas e fazer o negócio crescer.
Estou mergulhando de cabeça. E tudo fica mais fácil quando faz parte da minha rotina. Por exemplo, estou sempre fazendo churrasco, o que tem tudo a ver com O Açougue Bom Beef by Netão, uma das empresas do qual sou sócio. No caso das placas de energia solar….meu pai era engenheiro e participou da construção de Angra 1…2..Cresci vendo ele nesse ramo de energia. E eu sempre pensava na falta de uso da luz solar.
Então, quando descobri o sistema solar, resolvi entrar no meio. E o curso “Viva bem” veio pelo fato de eu ter sido muito envergonhado, como disse. Fui fazer teatro para acabar com isso. E, depois de 20 anos no showbusiness, resolvi ensinar pras pessoas o que aprendi na prática porque gosto de passar minhas experiências.
Você ainda é tímido, e em que momento e como você se trabalha?
Eu brinco que não somos tímidos. Estamos tímidos em algumas situações. Sou filho de uma jornalista conhecida da TV….cresci no meio. Mas quando chegou a minha vez de ficar conhecido, não foi fácil. Eu demorei a me sentir confortável com essa parte. Com o tempo fiquei mais à vontade. Porque sendo conhecido a gente tem mais exposição e chama atenção em ambientes públicos, mesmo sem querer.
Tem projeto para novos investimentos?
Quero investir em áreas diferentes, mas ainda estou estruturando. Um desses projetos é virar produtor executivo dos meus projetos de séries e filmes.
O que é mais difícil: ser empresário ou atuar no Brasil?
Uma coisa encaixa com a outra. Meu lado de empresário é totalmente sustentado no meu lado de ator, influenciador, pessoa pública. O Tom Cruise, que bombou esse ano com Top Gun 2, é também produtor executivo de seus filmes. Aqui no Brasil isso ainda não é tão comum.
Mesmo empresário, você segue atuando e está finalizando o filme “Tração”. O que pode contar sobre esse trabalho?
Esse filme é um exemplo de resistência. Ele foi acontecendo na pandemia, não tinha patrocinador, não tinha verba…Tinha um elenco bacana querendo fazer um filme de ação bom no Brasil. E a gente foi seguindo, mesmo com várias coisas contra. Mas, aos poucos, entraram patrocinadores e acho que vamos emplacar uma trilogia. No meio do filme, parei para gravar a série Reis, da Record. Foi complicado porque tive que “conciliar’ as duas caracterizações para os trabalhos, já que tinha barba na série e no filme, não. O filme, aliás, deve ser lançado esse ano.
Seu último trabalho na TV foi em Reis, da Record. Como foi fazer parte desse projeto em que você deu vida a um líder guerreiro?
Foi um projeto muito interessante de fazer por todo o contexto espiritual, bíblico, de bagagens históricas…E teve a parte das batalhas campais, que era um sonho meu fazer. Quando soube que ia atuar no projeto, comecei a me preparar por conta própria com espadas e bastões. Foi meu momento Willian Wallace de “O coração valente”. Gravamos as sequências numa fazenda no Rio, com centenas de figurantes, caminhões de equipamentos, figurinos, de cavalos…Foi muito interessante poder fazer as coreografias das lutas e conciliar a dramaticidade com essas lutas.
Estamos acostumados a ver Duda Nagle fazendo papeis mais de ação. Como é sua preparação para isso? E qual seu personagem dos sonhos?
Difícil dizer sobre um personagem dos sonhos porque tem muita história boa pra contar com esse gênero de ação e efeitos especiais. Eu brinco que com as “artes marciais dramáticas” tem sempre esse limiar em que o bom é bom e o mau é mau.
A preparação pra esse tipo de trabalho mistura a vida de ator, de atleta, de lutador… Isso envolve performance, exercícios… Em Reis, por exemplo, fiz um guerreiro de 800 A.C. E, para ele, tive que aprender sobre a civilização da época, o código de valores. A preparação é sempre de fora pra dentro e de dentro pra fora na hora de compor o personagem.
Você se assiste? É crítico?
Me assisto e sou muito crítico. Antigamente, eu pegava meus trabalhos e ia assistir a tudo para lembrar das experiências e das construções, artisticamente falando. Era quase uma função pedagógica. Mas sim, sou do tipo que gosto de me assistir e acredito que isso ajuda a manter viva a memória e ajuda nas minhas experiências. Acho que faz parte da evolução.
Impossível não falar da Zoe. Como a paternidade mudou a sua vida?
A paternidade é a maior mudança da minha vida adulta, e arrisco até dizer que a maior mudança na vida de qualquer homem. A primeira coisa que muda é que você descobre que todos os clichês têm razão de ser do tipo “Bem-vindo ao amor incondicional”, “Aproveita para dormir agora”…porque depois que a criança nasce, tudo muda e você não é mais a pessoa mais importante pra você. Você pensa na família e dá mais valor aos ensinamentos que recebeu também.
Ser pai é seu melhor papel?
É total meu melhor papel! Parece que depois que soube que ia ser pai acionei meu modo turbo e comecei a ter mais gás para correr atrás das minhas coisas. A paternidade, aliás, era um dos meus maiores sonhos, mas achava que era algo distante. Um dia isso chegou e me deu mais confiança para realizar qualquer outro sonho. Com a paternidade você também se vê obrigado a organizar melhor sua energia para poder investir nas suas coisas.
Você é carioca e mora em SP. O que já tem de paulistano e o que de carioca carrega mais forte?
De paulistano eu gosto muito de ser pontual, quando possível (risos). Carioca é daquele tipo que diz “vamos marcar” e quase nunca marca. Mas acho que as duas cidades são muito complementares. O carioca é muito criativo e o paulista é mais executor de ideias.
Fernanda Menezes Côrtes é jornalista, com mais de 20 anos de experiência em assessoria de comunicação, sendo os últimos onze anos voltados ao mundo do entretenimento e da televisão. Trabalhou na comunicação da Globo e do Canal Viva e como assessora de artistas.