Edu Ribeiro analisa TV aos domingos e “armas” do Domingo Espetacular contra a concorrência

Reuber Diirr

29/08/2022

Domingo Espetacular

Edu Ribeiro comanda o Domingo Espetacular (Imagem: Divulgação / Record)

Jornalista com uma carreira de sucesso, Edu Ribeiro está na apresentação do Domingo Espetacular, na Record, ao lado de Carolina Ferraz. Comunicador nato, o apresentador recebeu o jornalista Reuber Diirr, do RD1, na sede da emissora, em São Paulo, para uma conversa franca sobre televisão, jornalismo, concorrência, saúde e vida pessoal.

Sempre bem atento ao que vem acontecendo no mercado de comunicação, em especial no jornalismo, Ribeiro não se esquivou das perguntas quando o assunto eram os seus concorrentes aos domingos, Silvio Santos e Luciano Huck, do SBT e da Globo, respectivamente.

No papo, ainda houve nomes como os de Fausto Silva, Patrícia Abravanel e Paulo Henrique Amorim (1943-2019), além de outros ícones da televisão, como Chacrinha (1917-1988), Flávio Cavalcanti (1923-1986) e Gugu Liberato (1959-2019).

Inicialmente, Edu Ribeiro desabafou a respeito de como chegou até o Domingo Espetacular, ainda na era de Paulo Henrique Amorim no comando. O jornalista disse que está há três anos no comando da revista eletrônica dominical e tem sido um período enriquecedor para seu lado profissional, principalmente:

“[Anos] enriquecedores e com aprendizado diário. Tem gente que acha que o apresentador que faz um programa de domingo só vem pra cá [na Record] no final de semana, mas é de cinco dias, de domingo a domingo”. 

“A gente sai do switcher e do estúdio comemorando um resultado, mas aquela comemoração fica para trás e a segunda-feira de folga já começa com um home office, pensando ideias e colocando pautas para valer, pra funcionar. Então esse novo projeto, essa nova configuração do Domingo Espetacular, para mim, tem sido um presente. Um enorme de um presente”, declarou.

Sobre a chegada ao dominical e o relacionamento profissional com Paulo Henrique Amorim, Edu contou que foi um grande aprendizado em sua vida pessoal.

“Eu entrei lá em março de 2019 com o Paulo Henrique Amorim, mas não para substituí-lo. Nunca me considerei um substituto do PH. Eu entrei com ele para reforçar o time. E ele me recebeu assim: ‘Menino, seja bem-vindo a essa equipe intempestiva e trepidante’. Temos que o PH usou lá no dia 17 de março”, acrescentou.

O famoso ressaltou que o veterano era “um professor”: “Ele foi uma pessoa muito generosa. Personalidade difícil, não abre mão das suas posições. Todos conhecíamos o PH, mas comigo ele sempre foi generoso e daí o triste afastamento dele e em seguida já há uma morte, apesar da idade, uma morte extremamente precoce”.

O comunicador lamentou a morte prematura de Paulo Henrique Amorim e aproveitou para revelar que fez algumas homenagens ao colega de trabalho.

“Eu tive a oportunidade de fazer algumas homenagens ao PH dizendo que ele era antes de mais nada um repórter. Ele tinha alma de repórter. Ele, no estúdio, lendo jornais quatro línguas e preocupado em me dizer: ‘olha, semana que vem, isso aqui é que vai bombar’. Se existisse Trending Topics em jornalismo, o PH, o nosso Paulo Henrique Amorim, era a pessoa que filtrava isso, ele estava de olho nos anunciantes no intervalo comercial, de olho na audiência, no que os outros canais [exibiam], então um aprendizado no estúdio, curto, mas extremamente rico”, destacou o jornalista.

Edu Ribeiro também celebrou a chegada de Carolina Ferraz ao comando do Domingo Espetacular e narrou algumas diretrizes do jornalismo da emissora.

“Com a chegada da Carolina Ferraz tivemos a oportunidade de trabalhar alguns projetos que eram muito caros para emissora e para esse grupo que faz o Domingo Espetacular hoje, que era sobretudo tirar mais os apresentadores do estúdio”, explicou.

O apresentador do Domingo Espetacular salientou que tem “sido um período muito, muito enriquecedor, por quê? Porque os projetos não param de surgir, as novidades não param de surgir, apesar desse período pandêmico que teima em não acabar como nós gostaríamos, estamos fazendo excelentes marcas”.

“Com a volta [do quadro] Bichos Curiosos, estamos voltando a beber na fonte de alguns dos grandes sucessos que consolidaram essa revista eletrônica em décadas. Então continuamos com a profundidade do jornalismo da Record TV, que essa conversa é incansável com a audiência, mas com novos projetos e esses novos projetos vão marcar 2022 nos domingos à noite”, finalizou.

Mudanças no Domingo Espetacular

Em relação às mudanças tecnológicas que o dominical vem praticando em sua estrutura virtual, Ribeiro destacou as novidades estão por vir e deu o seu ponto de vista sobre os investimentos da emissora.

É de suar frio. É de suar frio, de bater nervoso. Um repórter experiente, acostumado com coberturas ao vivo, chegou a primeira base por ter essa responsabilidade. Você estar no estúdio, olhar para a direita e ver, na época, o Faustão [Fausto Silva], olhar para a esquerda e ver o Silvio Santos [eu ficava me perguntando] onde é que eu estou? Que responsabilidade é essa?”, começou Edu Ribeiro.

“A maior audiência do domingo, não raras vezes na verdade é comum, uma das ah cinco maiores audiências da emissora apesar de sermos um programa semanal. Estamos ali no top five [ranking das cinco principais audiências da Record]. Toda santa semanas, graças a Deus. Então, basicamente, essas novas tecnologias vieram pra facilitar ainda mais a nossa comunicação com esse público”, comentou.

O comunicador ressaltou: “Esse software que nós usamos, que só está presente em videogames caríssimos de ponta ou em filmes de Hollywood, nos teletransporta com mais fidelidade ao local editado pelo repórter. Tem algumas amarras, ele nos engessa muitas vezes, algumas vezes, mas isso também está sendo trabalhado pela nossa equipe”.

Ele falou que gostaria de caminhar mais pelo estúdio: “Gostaríamos de improvisar mais. E essa é uma orientação da vice-presidência de jornalismo. A gravata, já aposentamos. A camisa, vira e mexe, damos folga. Agora a gente também precisa aposentar o teleprompter. E nós feito isso”.

“A gente tem freado em cima da notícia, mas um problema tão longo de quase quatro horas, com cerca de quarenta retrancas, tem o nome, a idade, o local dos fatos ainda precisa ser um norte, um apontamento”, apontou.

Questionado sobre como vê o atual cenário da TV brasileira aos domingos, após as mudanças feitas pela Globo com a saída de Fausto Silva e a chegada de Luciano Huck, Edu disse que quem ganha é o telespectador com conteúdo variado.

“Nós são todos comunicadores, né? A ideia dá muito prazer você ter um cenário tão rico isso quem ganha é a família brasileira. Mas você tem mestres da comunicação que há décadas falavam e que, de repente, se se realocaram né? O Silvio foi cuidar da saúde; a Globo as alterações que precisavam, né? Que que sentia necessidade de fazer. Eu acho que isso foi tudo muito bom pra Record, porque nós consolidamos um produto que o público já conhecia, diante de testes e novidades em outros cenários”, disse.

“Dá muita responsabilidade, como já dava quando você tinha pessoas, que há décadas faziam a mesma coisa, e agora com esse novo público ou com essa alteração de público a gente tem que enxergar estratégias de falar pra pessoas com quem achávamos que não estávamos conversando”, desabafou.

Edu também descreveu: “Essa fuga de público, essa migração de público está acontecendo. E não só pro streaming. Entre os canais da TV aberta. Se antes a gente como é que estava a audiência do YouTube e do streaming diante da nossa, a gente precisa voltar a olhar que estratégias nós estamos utilizando e se elas estão sendo efetivas, pra que esse público do domingo à noite escolha a gente”.

Edu Ribeiro enaltece parceria com Carolina Ferraz

Durante a conversa, o jornalista voltou a enaltecer a parceria de dois anos com Carolina Ferraz. Ele ainda destacou a relação profissional que ambos têm no dia a dia da produção bem como na apresentação, ao vivo.

“Uma oportunidade de troca fabulosa. A Carolina é inquieta, ela é mil e uma. Trazê-la para o jornalismo, que ela já tinha flertado no passado, foi muito bom, foi muito bacana. Observe que interessante: quando eu olhei pra Carolina e vi que ela estava aqui já no estúdio, eu cheguei para ela e parecia que a gente já se conhecia e quando ela falou de mim, antes de estrear, nós tivemos uma rápida conversa, ela falou que achava muito bom ter essa coisa do hardnews e poder improvisar diante disso. Então, acho que nós nos complementamos muito bem”, contou.

“Eu tento que ser uma escada para tirá-la do sério, para surpreendê-la ao longo da apresentação do programa para que a gente ouça aquela risada gostosa, que nos faz tanta falta. Eu acho que a da Carolina é daquelas que você escuta e rir junto. Ela é contagiante. Então, boa parte das vezes em que estamos apresentando [o quadro ‘Mitos e Verdades’ ou uma reportagem mais leve, eu tento dar uma cutucada e tirá-la do sério. Isso tem sido muito bom. Agora, a parte sensível da Carolina também me toca bastante. A parte humana, né?”, destacou Ribeiro.

O apresentador ainda fez uma confissão sobre a colega: “Ela não consegue até hoje, dois anos depois de parceria, assistir uma reportagem que tem um depoimento emocionante em que alguém está sendo colocado à prova e não chorar. Algumas vezes, nós já voltamos para o estúdio e a Carol estava com o olho cheio d’água. Estava emocionada”.

Em termos de audiência, o Domingo Espetacular vem brigando pela vice-liderança, principalmente depois da chegada de Roberto Cabrini, que tem dado bons índices ao dominical por conta de suas reportagens exclusivas.

Sobre a chegada do comunicador, Edu observou que o jornalista traz um know-how importante à emissora e ao informativo, além de uma bagagem pessoal única e que somente ele sabe fazer. Ele ainda comentou sobre a aceitação do público com esta nova fase que o programa vem atravessando:

“Eu acho que nós já falávamos para este público, ele estava conosco aos domingos, mas toda troca de apresentador e de perfil de programa, com saída de alguns quadros de entrada de outros, provoca uma realocação, né? Um reacomodação desse público Todos nós estamos felizes com a vice-liderança, é claro que sim. Audiência não é só a consequência não, ela é uma coisa buscada, trabalhada, lapidada”.

“E esse período de pandemia foi muito estranho também, interessante, as pessoas parecem que descobriram o streaming de uma maneira, e estão fazendo suas assinaturas adoidadas em vários players diferentes e isso nos causa mais uma preocupação com a estratégia, ou seja, o que que nós estamos deixando de fazer pra atender àqueles que fogem da TV aberta? E eu acho que a gente encontrou”, garantiu.

O contratado da Record destacou: “Eu penso seriamente que a gente encontrou esse caminho agora, com alguns produtos e com as grandes reportagens do Roberto Cabrini. Nesse formato de um grande ‘abre’ pro Câmara Record, que vem coladinho no Domingo Espetacular, a gente tem essa chance de falar pra um público que estava gostando de série e mesmo agora nas novelas, né? A série [Reis] que vem depois do Jornal da Record, se você perceber esse formato de série agrada ao público e a gente está trazendo isso também para o Domingo Espetacular”.

O jornalista ainda contou quais pautas costumam chamar mais a atenção do público e, consequentemente, geram mais audiência.

“A gente costuma dizer que a editoria ‘foi golpe’, golpes relacionados a gente amorosa também, são uma necessidade para as pessoas aos domingos. As pessoas parecem que estão esperando um novo caso, como se numa série da vida real então. O que a gente está apresentando aos domingos, além de tudo aquilo que já trazíamos, são tentativas semanais de trazer uma da vida real para as essas pessoas que tão gostando desse momento”, revelou.

O jornalista da Record explicou como estão sendo feitas as coberturas da emissora em seus informativos das eleições presidenciais e da mobilização da TV para a cobertura da Copa do Mundo.

“Nós faremos debate no segundo turno com sabatinas no primeiro no Jornal da Record e no caso das eleições estaduais, com o Reinaldo Gottino no Balanço Geral São Paulo. Eu não fui convocado ainda pra fazer nenhuma, mas sou aquele soldado apostos no quartel”, destacou.

“Como eu estou metido na política, na cobertura política, desde os meus dezoito anos, vou sentir muita falta. O que nós podemos fazer de diferente no domingo é falar sobre a vida pessoas. Temos uma série de reportagens especiais sendo preparadas agora pra esse período pré-eleitoral pra passar no Jornal da Record e no Domingo Espetacular e sei que a Carolina [Ferraz] e eu, se formos convocados a fazer, dedicar mais tempo no domingo, pra cobertura das eleições vão fazer isso com muito prazer que é o futuro de todos nós aqui”, completou.

Momento do jornalismo brasileiro

Em relação ao atual momento em que o jornalismo se depara com uma quantidade enorme de notícias falsas, Edu reforçou que houve reforço da busca pela notícia verdadeira.

“Acho que o jornalismo foi fortalecido porque o jornalismo profissional se tornou a grande ferramenta de checagem diante das notícias falsas. Quando se tem dúvida sobre algo que recebe pelo aplicativo de mensagem a primeira coisa que você faz é abrir uma agência de notícias confiável”, opinou.

“Tem notícia com cheiro de verdade. Tem notícia escrita com aparência de verdade, mas extremamente falsa do ponto de vista da construção. Nós tivemos vários casos durante essa pandemia e teremos muitos outros, aposto, neste período eleitoral. O desafio do jornalismo profissional, que tem sido bem-sucedido na minha opinião, é continuar desconstruindo, primeiro: a notícia falsa; e segundo: desconstruindo a cultura de beber nessa fonte. A fonte da incerteza. TV e rádio no Brasil, jornalismo profissional de uma maneira geral têm feito um belo trabalho nisso”, explicou o jornalista.

Em 2020, Edu Ribeiro pegou Covid no auge da pandemia e com todos os hospitais cheios de pessoas em casos graves de saúde. Sobre este assunto, o jornalista refletiu sobre o momento e comentou o que sentiu:

“Foi um susto! Eu fui convocado aí a Brasília pra entrevistar o ministro da economia Paulo Guedes. O ministro queria tirar a máscara na entrevista. Eu falei: ‘Poxa não mas não vai ficar bom pra você’. Mas eu me lembro que eu pedi a ele: ‘Olha, pro seu bem, não tire a máscara’. Então, eu e Tiago Nolasco fizemos entrevista com o ministro e eu voltei pra São Paulo no dia seguinte, mas em algum momento desse trajeto, aeroporto, hotel ou no carro”.

“Fui infectado. Mas foram quinze dias muito tranquilos em casa com nenhuma complicação. A não ser o início de pneumonia, mas imperceptível. Eu fui ao hospital, fiz a tomografia e estava com trinta por cento do pulmão tomado pela infecção naquele quadro de vidro fosco. A orientação do hospital à época foi internar. Eu falei: ‘Não, poxa, eu não tenho histórico de nenhuma outra complicação’. Fui pra casa [usar] antibiótico e medicamentos tradicionais e comprovados cientificamente. Quinze dias depois deu tudo certo”, concluiu.

Embora sempre antenado com os golpes que fazem de vítimas as pessoas, Edu Ribeiro foi vítima de um e transformou o acontecimento em uma reportagem para o Domingo Espetacular. O jornalista disse que é muito importante esse assunto, pois sempre envolve as pessoas e que o público gosta de saber sobre o tema.

Ao RD1, Edu contou como é a avaliação das pautas para entrarem no Domingo Espetacular e sobre a liberdade que a equipe tem para sugerir ideias de reportagens.

“Graças a Deus tenho [liberdade de sugerir pautas] e sinto falta quando não surge uma oportunidade pra fazer isso. Nós temos um time maravilhoso de editores, editores-chefes dentro outros colegas que compõem nossa equipe. Um grupo dedicado a construir pautas, mas eu acho que o nosso principal mola propulsora de ideias hoje é o espectador”, começou.

“Isso é muito interessante que quando eu tinha dezoito anos e entrei na faculdade de jornalismo eu tinha na cabeça um programa de rádio que fosse pautado exclusivamente pelo ouvinte. E hoje eu posso dizer que, olha, setenta por cento das reportagens do Domingo Espetacular nascem de uma sugestão do telespectador. Nós recebemos hoje por canais oficiais na Record, de maneira geral, dez mil mensagens por semana. Pessoas pedindo socorro, ajuda, explicação, apoio”, disse Edu.

Paternidade

Recentemente, Edu Ribeiro se tornou pai pela segunda vez da pequena Malu [Maria Luiza] e falou sobre como tem sido este momento paizão, novamente.

“Tinha doze anos que eu não vivia uma recém-nascida em casa. Eu sou pai da Beatriz, que tem doze do primeiro casamento e agora a Maria Luiza chegou pra arrancar suspiros mesmo. Ela está num sorriso, num numa energia, está sendo muito gostoso. Estou dormindo à noite, se você quer saber. Todo mundo me pergunta isso. Estou dormindo à noite porque a Kátia [Santin Ribeiro] conseguiu criar uma rotina de sono fabulosa pra ela. Durante o dia eu aprendi que neném que dorme bem de dia, com sonecas, dorme bem à noite”, contou.

“Está sendo maravilhoso é olhar pra dentro olhar pra família olhar pros valores é um reencontro com Deus na minha opinião é uma nova chance de deixar uma coisa boa aqui na Terra uma semente maravilhosa e logo, logo ela está aqui pra conhecer e nunca mais querer ser jornalista [risos]”, completou.

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Reuber Diirr
Escrito por

Reuber Diirr

Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!