Emissoras alinhadas com Bolsonaro garantem verbas polpudas do governo

Da Redação

15/02/2020

Bolsonaro

Silvio Santos e Edir Macedo, donos do SBT e da Record, ao lado de Jair Bolsonaro, em Brasília (Imagem: Reprodução / Twitter)

O governo de Jair Bolsonaro pôs as mãos nas verbas públicas, afirmando redistribuir o dinheiro da publicidade para os demais veículos de comunicação, fora o Grupo Globo. No entanto, o que se pode perceber é que quem se deu bem foram as empresas que estão alinhados com o presidente.

De acordo com um levantamento do site da Folha de São Paulo, a campanha publicitária do Governo Federal para a reforma da Previdência destinou R$ 4,3 milhões para merchandising.

Do montante deste dinheiro público, 91% foram para Record, Band e SBT. Vale ressaltar que as duas primeiras são clientes da empresa do secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten. O SBT, no caso, é ex-cliente.

Ainda de acordo com o portal de notícias, houve um plano de mídia entregue pela agência de publicidade Artplan ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que apresentadores fizessem testemunhos sobre mudanças de aposentadoria e pensão.

Nesse aspecto, entrou a simpatia do atual presidente, Jair Bolsonaro, que escolheu a dedo os nomes que receberiam a verba de seu governo.

Na Record, o programa Hoje em Dia, apresentado por Ana Hickmann e César Filho, recebeu R$ 983 mil por cinco inserções. O valor foi repassado ao canal de Edir Macedo e os cachês dos âncoras foram de R$ 34 mil por fala.

No SBT, a negociação foi feita com os programas de Eliana (R$ 269 mil por um testemunhal), Operação Mesquita, de Otávio Mesquita (R$ 218 mil por três testemunhais), e o de Carlos Massa, o Ratinho (R$ 915 mil por quatro elogios).

Vale ressaltar que Otávio Mesquita cobra R$ 2.100 por cada merchandising em sua atração. Os outros colegas incluem sua remuneração pessoal no valor pela emissora.

Ratinho caiu nas graças de Jair Bolsonaro ao dar entrevistas no SBT. “As mudanças são claras no Brasil“, disse o apresentador em um evento, sobre a reforma. “Você acha que se a Previdência fosse ruim para o povo, eu estaria a favor?“, indagou na ocasião.

Segundo a reportagem da Folha, a mudança estratégica da campanha de publicidade sobre a reforma da Previdência, capitaneada por Wajngarten na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, foi a maior e mais cara do Planalto no ano de 2019.

A ação privilegiou a distribuição de verbas para TVs que são clientes de uma empresa do secretário e emissoras religiosas, apoiadoras do presidente.

Feita em fases, a campanha gastou R$ 11,5 milhões e foi veiculada de 20 de fevereiro até 21 de abril. O plano definiu que a Globo nacional seria a mais contemplada com recursos por atingir maior público.

A partir de abril, com Wajngarden no cargo de secretário, a Secom mudou o plano e, na segunda etapa, excluiu a Globo nacional da lista de contratadas, mas manteve algumas praças regionais da emissora, cujos anúncios são mais baratos.

Record, SBT e Band foram contempladas com, respectivamente, R$ 6,5 milhões, R$ 1,1 milhão e R$ 5,4 milhões em um total de R$ 13 milhões. Tudo isso inclui os pagamentos por merchandising e pela propaganda nos intervalos comerciais.

Outro beneficiado, dentro dos R$ 4,3 milhões para merchandising, foi o jornalista José Luiz Datena, do Brasil Urgente, na Band. Escolhido por Bolsonaro com frequência, Datena é cotado para disputar a prefeitura de São Paulo nas eleições deste ano com apoio do presidente. No registro da Artplan, há quatro ações de merchandising no telejornal de Datena ao custo total de R$ 331 mil. Cada fala de Datena rende R$ 12 mil.

Quem também levou a melhor foi o jornalista esportivo Milton Neves em seu Terceiro Tempo. Amigo de Wajngarten, Milton Neves abocanhou R$ 119 mil do Governo Federal, incluindo o cachê de R$ 7.200 pela declaração positiva à reforma.

Na RedeTV!, a verba publicitária do governo também foi distribuída para os programas. No Luciana By Night, foram destinados R$ 153 mil para seis falas de Luciana Gimenez. No Mega Senha, de Marcelo de Carvalho, a verba custou aos cofres públicos R$ 290 mil para sete falas do apresentador. O cachê cobrado pelos apresentadores foram de, respectivamente, R$ 2.900 e R$ 7 mil.

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