A ex-BBB Marcela Mc Gowan abriu o coração em uma live realizada no Instagram para falar sobre abuso sexual. Na conversa, a ginecologista frisou a importância de abordar o assunto para conseguir ajudar outras mulheres.
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“O assunto me deu vários gatilhos, e é gatilho pra muitas de nós. Falar de relacionamento abusivo é menos gatilho para mim do que abuso sexual, mas fiquei digerindo sobre o assunto o dia todo. É muito dolorido para mim trazer meu pessoal, mas estou fazendo isso porque é importante outras mulheres entenderem que não estão sozinhas”, explicou.
Sem falar detalhes para não causar gatilhos nas espectadoras e também por “não se sentir tão confortável”, Marcela revelou que foi vítima de abuso sexual por duas vezes: “Eu tive alguns episódios disso na minha vida, um na infância e outro já adulta. Nunca foi com nenhum parceiro sério, alguém que me relacionei… Na (situação) de infância foi óbvio que para mim que era errado. Já (no abuso) adulta demorei muito tempo para entender que era errado. Eu fiquei muito dúvida, pensando ‘até que ponto eu consenti?” ou ‘e se eu não tivesse ido até tal lugar?’. Eu demorei muito para registrar que foi um abuso”.
Os acontecimentos acabaram interferindo na vida sexual da ex-sister. “Para me proteger de memórias ruins, eu me desconectava durante o sexo, criava uma personagem. É muito difícil falar… Eu sei como isso é gatilho. Era um sexo que performático, sem entrega. Eu não colocava minha energia ou estava presente, porque estar presente para mim durante o sexo era extremamente doloroso e eu não percebia. Se eu estivesse prestando atenção, era dor o que eu estava sentindo. Não dor física, mas dor de somatizar memórias não tratadas“, desabafou.
“Eu achava que era um furacão do sexo, encenava as técnicas que tinha aprendido… Só que eu não estava presente, não estava responsável pelo meu prazer. Mas performar, a longo prazo, não funcionava para mim. E eu tinha a sensação que eu tinha quando terminava o sexo era de vazio, não de plenitude“, completou.
Apesar dos tempos difíceis, Marcela contou que já está bem melhor em relação aos traumas que viveu: “Nunca achei que teria que falar de tantas dores minhas e dos outros quando escolhi ser sexóloga, então foi o que mais me surpreendeu. Eu ainda tenho vulnerabilidade perante homens, quando alguém tem alguma característica… Mas, no geral, eu me sarei e vivo minha sexualidade de maneira muito presente, e não mais ‘fora’ daquele jeito. Por isso, como eu me transformei, achei que outras mulheres também tinham que ser transformadas”.
