Ex-The Voice Kids em 2019, Bel Sant’Anna abriu o coração e revelou a mecânica do reality show da Globo. No Twitter, a jovem de 15 anos afirmou que a experiência foi extremamente traumática e disse que “colocar crianças para competirem entre si soa imoral”.
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“Eu sei que ninguém liga, e vocês podem até achar que eu tô cuspindo no prato em que eu comi, mas na minha opinião The Voice Kids deveria ser proibido. Não só porque as crianças estão sendo usadas pra entretenimento alheio, mas eu já senti na pele como é estar lá e não me fez bem”, confessou.
“Tava há séculos querendo tuitar isso, meu Deus. Gente, calma, ninguém abusou de mim ou coisa do tipo, me trataram muito bem em vários aspectos, o que eu tô falando é sobre a mecânica do programa. Vou explicar”, avisou.
Bel contou a história do programa, que começou na Holanda, mas que o formato de sucesso acabou invadindo os outros países. “No entanto, não havia um The Voice Kids. Não sei dizer onde o formato infantil começou a se disseminar, mas em certo ponto da história aconteceu e virou uma febre em vários países”, comentou.
“Acontece que quando se colocam crianças para competirem entre si em prol do entretenimento alheio, já passa a ser algo duvidoso”, acusou Sant’Anna. “Tenho que dizer que na época que eu fui (com 13 anos), a perspectiva de fazer parte disso era fantástica. Na minha cabeça, era tudo as mil maravilhas”, admitiu.
Os impactos pessoais vieram durante a disputa mais acirrada. “A experiência em si foi boa considerando as amizades que eu fiz durante o processo. Mas eu não tinha preparo psicológico e muito menos emocional para enfrentar um baque daqueles. Podem dizer que eu só ‘não sei perder’ porque foi isso que eu achei por muito tempo”, confidenciou.
A cantora disse que perdeu a autoestima com a eliminação. “Fui desqualificada nas batalhas e eu perdi toda a minha autoestima. Tudo o que fazia era querer cantar. Toda a mágica que a música tinha pra mim foi embora porque eu pensava que não era boa o suficiente pra continuar. Alguém lá dentro me designou ruim demais para seguir no show”, desabafou.
“Eu passei um ano inteiro parada sem tocar no meu piano, sem aquecer a voz, sem cantar no chuveiro. Quem me acompanhou nas redes sociais percebeu que eu fiquei um longo período de tempo sem postar nada, e a situação aqui em casa não ajudava pois meus pais queriam me forçar a voltar a cantar”, relatou.
Do time de Simone e Simaria, Bel Sant’Anna disse que procurou ajuda profissional. “Até hoje tenho muita insegurança relação a tudo o que eu faço com música por causa disso e ainda trabalho com a terapeuta. Não me levem a mal, psicólogas que ficavam lá para nós, mas vocês estavam mais para babás do que para psicólogas realmente. Não falaram nada tranquilizante, só respostas padrões que vocês provavelmente usaram com as crianças antes da gente”, reclamou.
“Enfim, colocar crianças para competirem entre si, para mim, soa imoral. Vocês não têm noção do quanto partia o meu coração ver as crianças voltando do estúdio pro hotel chorando porque não haviam passado”, recordou.
No final, ela disse que o intuito não era o ataque ao programa, mas o alerta. “Gente, eu não quero atacar o programa nem nada, tá? É só um relato, ninguém precisa se doer por isso não. Outra coisa: não tô desdenhando da oportunidade que recebi. Só estou apontando alguns fatos, mas sou muito grata pela abertura de portas que o programa me proporcionou, mesmo eu não tendo energia para atravessá-las e agarrar as oportunidades”, encerrou.
Confira a apresentação de Bel Sant’Anna no The Voice Kids:
