A Globo recusou exibir comerciais da campanha nacional de vacinação infantil, contra o sarampo e a poliomielite. Segundo informações da Folha de São Paulo, a emissora alegou, inicialmente, não poder veicular os filmes do Ministério da Saúde por conta da presença de personagens de “mídias concorrentes”, como a Galinha Pintadinha – e Xuxa Meneghel, hoje na Record, “revivendo” os tempos de “Xou da Xuxa” (1986), quando amadrinhou a campanha pela primeira vez.
A peça contou ainda com um personagem do game “Just Dance” e o tradicional Zé Gotinha. Em e-mail enviado pelo executivo de Negócios da emissora, André Timóteo, ao qual a Folha teve acesso, a emissora justifica, com relação à galinha, que “além do canal YouTube, é um desenho animado disponível em plataformas de streaming (Netflix). Sendo assim, não pode ter veiculação da Globo”. Também ponderou que o fabricante do “Just Dance” poderia lucrar com a “publicidade”.
Sobre Xuxa, afirmou que, “infelizmente”, mensagens com “personagens de programas da Globo ou que tenham a finalidade de evocar determinado personagem ou programa da Globo ou emissoras concorrentes” são recusadas pelo canal. Curiosamente, a emissora veicula uma propaganda de telefonia celular na qual a Rainha dos Baixinhos reedita, de certa forma, o estilo anos 1980 e a seção de cartas do “Xou”.
O Ministério da Saúde via como primordial a adesão da TV à campanha; os índices de imunização atingiram sua pior marca em 2017, assunto debatido, inclusive, nos telejornais da Globo. Tanto o ministério, quanto o Palácio do Planalto, agiram junto à emissora, visando a liberação. Deu-se então um novo recuo do canal, que decidiu esperar por uma tomada de posição do Tribunal Superior Eleitoral – por conta do período eleitoral, a campanha não poderia contar com o selo do Governo Federal.
A Globo, ainda assim, resistiu, alegando que o filme continha a inscrição do Ministério da Saúde – espécie de “referência indireta” ao governo. As concorrentes Band, Record, RedeTV!, SBT e TV Brasil exibiram a campanha. Cerca de R$ 3,2 milhões foram gastos com tais estações; R$ 2 milhões estavam reservados apenas para a emissora-líder.
Em notas ao jornal Folha de São Paulo, a Globo afirma que as orientações da área comercial, registradas no e-mail, correspondem aos “procedimentos padrão, que evitam problemas com direitos e/ou apropriações indevidas”; também que as ressalvas foram feitas com base no roteiro do filme e retiradas após o recebimento deste, já finalizado. E que as restrições não impediriam a veiculação se a campanha “tivesse vindo com a necessária autorização do TSE”.
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