Joana Prado causou um rebuliço nas redes sociais ao criticar duramente um banheiro neutro que achou num local público e dividiu opiniões. Ela e o marido, Vitor Belfort, foram acusados de transfobia e por isso acabaram perdendo patrocínios e contratos. No entanto, sua defesa mostra vários equívocos.
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Resumidamente, a ex-Feiticeira se preocupa com crianças — especialmente sua filha adolescente — entrando esse lugar reservado e podendo interagir com homens adultos, num mundo onde a pedofilia faz várias vítimas. Discurso pertinente, mas há muitos buracos nessa narrativa.
O primeiro deles é sobre o tal estabelecimento comercial citado. O “terceiro banheiro” é criado geralmente para acolher pessoas de gênero não-binário. No vídeo, ele é mostrado quase como um ambiente isolado, já que não há elemento algum para identificar onde se passou essa cena.
Também não foi citado nenhuma vez — seja confirmando ou negando — se há um espaço reservado para homens e outro para mulheres, deixando a dúvida se os clientes realmente só tem essa opção mista para entrar. Vale salientar que também não foi visto nenhuma adaptação para crianças, como ocorre em espaços destinados para os pequenos.
Em sua defesa, Joana declarou que prefere “viver de valores do que de preferências” e que não discriminou a “escolha” sexual de ninguém. É importante lembrar que a sexualidade alheia não é uma escolha e sim uma condição, já que ninguém em sã consciência escolheria pertencer a uma parcela da população tão discriminada (por vezes de forma fatal).
A esposa de Belfort usou o velho argumento de ter amigos, familiares e até uma coach no meio LGTQIA+. Isso não exime ninguém de nenhuma culpa do tipo, visto que várias pessoas hostilizam os seus próximos de maneira velada, excluindo suas dignidades de maneira progressiva. Não precisa ir longe para ouvir relatos.
Joana Prado levantou a bandeira contra o tráfico de pessoas, abuso sexual e pedofilia. Neste ponto, apesar dos poréns, não há nenhum erro, mas há um grande ponto: conservadores comumente associam homossexualidade e transexualidade à pedofilia, de forma cruel, numa difamação histórica e coletiva. Há de se ter cuidado.
“Quero estar junto com empresas e pessoas do bem, que lutam pelas mesmas causas”, disse a famosa, por fim, vilanizando as empresas que se posicionaram contra a transfobia. Ela está totalmente no direito de se defender, mas percebe-se, no discurso, que a mãe de Kyara se preocupa mais em contra-atacar, do que reforçar atitudes que desmintam — de forma consistente — as acusações polêmicas.
Oficialmente redator desde 2017. Experiências como editor e social media. Já escrevi sobre famosos, TV, novelas, música, reality show, política e pauta LGBTQIA+. Vídeos complementares no YouTube, no canal Benzatheus.