Morreu na manhã desta quinta-feira (27) o cantor e compositor Nelson Sargento. Baluarte da Mangueira, o sambista tinha 96 anos e foi mais uma vítima da Covid-19. Ele foi internado no dia 21 de maio no Inca (Instituto Nacional de Câncer), mas não resistiu às complicações da doença.
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O artista foi vacinado contra a Covid-19 no dia 31 de janeiro, em uma cerimônia no Palácio da Cidade, local onde o prefeito Eduardo Paes deu início à campanha de vacinação para os idosos no Rio de Janeiro. No dia, o ator Orlando Drummond, de 101 anos, também foi vacinado.
Sargento foi imunizado com as duas doses da vacina semanas antes da infecção. Ele deixa a esposa, Evonete Belizario Mattos, e os seis filhos biológicos (Fernando, José Geraldo, Marcos, Léo, Ricardo e Ronaldo), além de Rosemere, Rosemar e Rosana, que adotou.
Trajetória
Nelson Mattos nasceu em 25 de julho de 1924, e descobriu o mundo do samba ainda na infância, quando se mudou com a mãe e os 17 irmãos para o morro do Salgueiro, na Tijuca. Aos 10 anos, ele desfilava tocando tamborim na escola Azul e Branco, que em 1953 se uniu a escola Depois Eu Digo e virou a Acadêmicos do Salgueiro.
Ele se mudou para a Mangueira aos 12 anos, e por lá construiu a sua rica história no mundo das artes. Antes da música, Nelson Sargento foi pintor, trabalhou em uma fábrica de vidros e serviu o Exército. Foi naquela época, em 1940, que recebeu o apelido de Sargento.
Com o padrasto, ele venceu o concurso de samba-enredo da Mangueira em 1949, com Apologia ao Mestre, e 1950, com Plano SALTE, conquistando o campeonato para a escola de samba nos dois momentos.
Ele se juntou a outros ícones do samba como Cartola, Carlos Cachaça e Darcy da Mangueira. Em 1958, consagrou-se presidente da ala dos compositores da Mangueira. Na década de 1960, integrou formações seminais na história do samba, com A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos.
Nelson foi autor de mais de 400 composições, a maioria composta pelo mesmo violão, que esteve ao seu lado por incríveis 50 anos. Em 1979, lançou o seu primeiro álbum, Sonho de Um Sambista, que inclui o clássico Agoniza Mas Não Morre.
Nos últimos anos de sua vida, Sargento se transformou em um museu vivo da cultura, como fonte de consulta para pesquisas para a produção de livros e filmes. Mesmo após os 90 anos, ele fez shows, como Nelson Sargento com Vida, em 2017, que contou com participações de Diogo Nogueira, Alcione, Criolo e Monarco. Em 2019, esteve no desfile Zumbi dos Palmares, da Mangueira.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].