– Terceira adaptação do SBT para textos mexicanos, no ciclo correspondente a 2001-2007. “Marisol” veio na sequência de “Pícara Sonhadora” e “Amor e Ódio”. E com mais capítulos do que ambas – 181 versus 95 de ‘Pícara’ e 110 de ‘Amor’. O texto, adaptado por Henrique Zambelli com supervisão de Ecila Pedroso, foi concebido pela Inés Rodena, responsável por “Marimar” (1994), “Maria do Bairro” (1995) e “A Usurpadora” (1998).
– Para o posto de protagonista, Bárbara Paz, sagrada campeã da “Casa dos Artistas” em dezembro do ano anterior. Tal e qual sua personagem, a atriz carregava uma cicatriz no rosto, resultante de um acidente de carro sofrido em 1992. Bárbara também perdeu a mãe ainda jovem – Sofia (Miriam Lins), genitora de Marisol, falece logo no início da novela. Na “vida real”, Bárbara vendeu estatuetas de gesso para ajudar a família financeiramente; na ficção, Marisol conheceu o amado, Rodrigo (Carlos Casagrande), vendendo flores de papel na porta de um restaurante. Foi a primeira novela de Paz, que já havia feito testes para Celi, de “Andando Nas Nuvens” (Globo, 1999), entregue a Mariana Ximenes. E para “Pícara Sonhadora” e “Amor e Ódio”.
– Doido para manter a “Casa dos Artistas” – um dos maiores sucessos da história do SBT – em evidência, Silvio Santos acabou intervindo na escalação de elenco de “Marisol”. Foi ele quem pediu a Alexandre Frota que aceitasse viver o vilão Mário, namorado de Marisol, que surrupia seu escasso dinheirinho. Na ‘Casa’, coube a Frota tipo similar: o bad boy infringiu as regras do reality, ao abandonar o confinamento pulando o muro do imóvel, na companhia do cantor Leandro Lehart. Este deixou em definitivo o programa; já Alexandre foi reintegrado, também por obra do “patrão”.
– Alexandre Frota declarou ter buscado inspiração em dois longas-metragens: o suspense “Cabo do Medo” (1991), estrelado por Robert de Niro; e “A Outra Face” (1997), filme de ação com John Travolta e Nicolas Cage.
– Também cogitadas para a novela foram Mari Alexandre, Núbia Oliver e Patrícia Coelho. Para esta última, a produção ofertou a cantora Zulema; Patrícia, contudo, recusou. A personagem – amante de Mário, desafeto de Marisol – foi entregue a Gabriela Alves.
– Patrícia Coelho acabou entoando o tema de abertura, ‘Eu Te Amo Você’, eternizado na voz de Marina Lima. A trilha sonora se serviu de diversos hits da década de 80, já que a primeira fase se passava em 1984: ‘Solidão’, de Sandra de Sá; ‘Quando Gira o Mundo’, de Fábio Jr; ‘Pintura Íntima’, de Kid Abelha; e ‘Como Uma Onda’, de Lulu Santos, que embalou os créditos da novela de mesmo nome, exibida pela Globo em 2004.
– Conhecida por seu trabalho na hilária, e lendária, peça “Trair e coçar… É só começar!”, Carla Fiorini foi escalada para proporcionar comicidade à versão brasileira, algo que o dramalhão mexicano desconhecia. A melhor amiga de Marisol, Mimi, servia como o “ratinho” da Cinderela, na definição da atriz, aquele que aconselha e diverte.
– O excesso de drama, aliás, virou piada entre o elenco. Em entrevista ao jornal “O Globo”, de 18 de agosto de 2002, Glauce Graieb, a vilã Amparo, comentou: “Entre nós, atores, brincamos dizendo que a autora [Inés Rodena] devia estar louca quando escreveu a história. É muita maldade!”. E completou: “Quando lemos a sinopse, damos muita risada. Acontecem coisas absurdas, como quando Marisol voltou com uma peruca escura e ninguém a reconheceu. Às vezes nós nos perguntamos se estamos subestimando o público”. Os instintos criminosos de Amparo se agravaram com a descoberta de um tumor no cérebro. Ela chegou a atirar o próprio neto, Gil (Jonatas Faro), de uma escada, deixando o rapaz paraplégico.
– O marido de Amparo, Leonardo, foi entregue a Roberto Arduin, conhecido como o “tio Sukita”, do comercial de refrigerante.
– No dia da estreia de “Marisol”, o SBT exibiu nada menos do que seis novelas em sequência. Às 17h40, tinha início a “Tarde de Amor” com a reprise “O Privilégio de Amar” e “Salomé” (18h05). Logo após, “Abraça-me Muito Forte” (19h00), “Maria Belém” (19h30), as últimas emoções de “Amor e Ódio” (20h10) e, por fim, a nova produção (20h40).
– Colada em “Amor e Ódio”, a novela se saiu bem nos primeiros dias, girando em torno dos 16 pontos, na Grande São Paulo – diante de “O Clone”, na Globo, próxima aos 50 de média. Os números oscilaram para baixo nas semanas seguintes. Contra “Esperança”, substituta de “O Clone” às 20h, “Marisol” cresceu! A aferição de audiência comprovou a migração do público para o SBT tão logo Fátima Bernardes e William Bonner, então titulares do “Jornal Nacional”, entregavam para o folhetim de Benedito Ruy Barbosa.
– Também concorrentes de “Marisol” eram a colombiana “Betty, a Feia”, da RedeTV!, e a venezuelana “Joana, a Virgem”, na Record.
– Em razão do horário eleitoral, que propagandeava os candidatos à Presidência da República, “Marisol” teve boa parte de seus capítulos “divididos ao meio”. Isso contribuiu para a queda nos números da trama – que chegou a bater os 25 pontos em seus capítulos finais.
– Dentre os méritos do folhetim, está a adoção do “closed caption”, sistema de inserção de legendas ocultas desenvolvido para atender portadores de deficiência auditiva. “Marisol” foi a primeira novela da TV brasileira a contar com o recurso.
– “Marisol” foi reapresentada entre 1º de janeiro e 23 de março de 2007, compactada em 60 capítulos, às 15h30 – em substituição a “Feridas de Amor” e antecedendo “Mundo de Feras”, mexicanas e inéditas. Este repeteco serviu de “aquecimento” para a estreia de “Maria Esperança”, também estrelada por Bárbara Paz, em 26 de março, às 19h.
– O folhetim ganhou uma segunda reprise, às 15h15, em 118 capítulos veiculados entre 5 de março de 21 de agosto de 2012 – então ocupando a vaga de “Fascinação” (1998) e aquecendo o posto para “Canavial de Paixões” (2003). Aqui, a novela conquistou mais audiência do que na primeira reapresentação: 5 a 3. Na época, a Record amargava índices menores com sua principal aposta em teledramaturgia, “Máscaras”, de Lauro César Muniz.
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Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.