A Globo, maior TV do país e a terceira maior do mundo, comemora nesta segunda-feira, 26 de abril, 56 anos no ar, e tem uma história de encher os olhos daqueles que são apaixonados por televisão. Desde a sua inauguração, em 1965, o canal carioca mostrou um poder invejável de influenciar a opinião pública e os costumes dos brasileiros.
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Rodeado de grandes elogios e intensas críticas, o canal fundado por Roberto Marinho (1904-2003) chegou ao ápice de 100 milhões de telespectadores por dia nos últimos anos, que acompanham de perto as novidades da sua programação desde a madrugada, passando pelas manhãs, tardes e, principalmente, noites.
Tanta história para contar, o RD1 reservou 10 curiosidades sobre a história da Globo como a primeira novela exportada para o exterior, atores que participaram da primeira trama, o principal nome do seu Jornalismo, os incêndios que abalaram a empresa e até um documentário que colocou um enorme alvo nas costas do seu fundador.
1- O início de uma paixão nacional
Assim que estreou, a Globo precisava de um chamariz na sua programação. Na época, além dos programas de auditório, o que mais deixava o público, principalmente as mulheres, em frente à TV eram as telenovelas.
A primeira do canal foi Ilusões Perdidas, que estreou em abril de 1965. Foi escrita por Enia Petri e dirigida por Líbero Miguel e Sérgio Britto, exibida na faixa das 21h e durou apenas 56 capítulos.
O ator Osmar Prado, cotado para o remake de Pantanal em 2022, estava na produção. Além dele, o colega Reginaldo Faria também estava na trama. Ítalo Rossi, Norma Blum, Leila Diniz e Rosita Tomaz Lopes também faziam parte do elenco
2- Hoje é um novo dia…
Chegou o final do ano e se torna tradição na TV a música de fim de ano da Globo, Um Novo Tempo, conhecida popularmente como Hoje é um novo dia. Para muitos, o final de ano só começa quando a música é tocada na TV.
A canção Um Novo Tempo foi lançado oficialmente em 1971 e virou de lá para cá o tema das festas de fim de ano da empresa. Uma curiosidade é que, desde a primeira vez que foi ao ar, ela foi interpretada pelo elenco da Globo.
Em 2019, o trabalho feito não envolveu todos os nomes da casa: Regina Duarte e Fausto Silva, que deixará a Globo no final do ano após 32 anos de Domingão do Faustão, ficaram de fora do último encontro daquele ano entre os globais.
Em 2020, por causa da pandemia do coronavírus, a emissora optou pela tecnologia e fez parte do seu elenco em desenho animado. Por causa do distanciamento social, os abraços e os beijos, além da tradicional reunião de quase todas as suas estrelas em um mesmo estúdio, foram descartados.
3- Ao vivo e a cores
A Globo foi pioneira em vários momentos do país. Ela apostou rios de dinheiro em produções visando a TV a cores no país na década de 70. Em 1977 toda a programação da platinada passou a ser exibida em cores.
Tal feito só era visto pelo público quando assistiam novelas e aos telejornais. Na época, era o que o dinheiro poderia bancar. Curiosamente, a primeira logo totalmente colorida da emissora só foi lançada quase dez anos depois, em 1986. A mais moderna, no entanto, foi feita em 1976, por Hans Donner.
Com um sinal que ocupa 98% do território nacional, a Globo causa inveja também fora do país, presente em mais de 100 países. Por sua capacidade em atingir a casa dos telespectadores, há quase 50 anos o canal é líder absoluto de audiência.
4- A primeira novela exportada e a mais longa
Novela é com a Globo mesmo. Desde Ilusões Perdidas, o primeiro folhetim exibido pelo canal, muita história de mocinha, mocinho, vilã e vilão passaram pela programação, mas o primeiro grande sucesso exportado para o exterior só aconteceu 12 anos depois da sua estreia, com O Bem-Amado.
Entre os maiores sucessos de exportação da emissora estão: Escrava Isaura, Da Cor do Pecado, O Clone, Caminho das Índias, Avenida Brasil, entre muitas outras. A novela mais longa da história da ex-platinada foi exibida entre junho de 1968 a julho de 1969, A Grande Mentira, que contou com incríveis 341 capítulos.
Atualmente, a emissora vive a incerteza de quando suas novas produções serão exibidas por causa da pandemia. Desde 2020, o canal exibiu mais reprises do que inéditas.
Após a segunda parte de Amor de Mãe, a TV escalou a reprise de Império, exibida originalmente em 2014 e vencedora do Emmy Internacional na categoria Melhor Novela.
5- Incêndios que queimaram sonhos
Na época da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), emissoras de TV de todo o país sofreram com ataques de manifestantes contrários ao governo. Por isso, os canais, incluindo a Globo, sofreram incêndios misteriosos.
Só a emissora da família Marinho foi atingida pela tragédia três vezes na época do regime militar. O primeiro incêndio aconteceu em 1969, na sede da emissora em São Paulo.
Mais graves que o primeiro, os dois outros incêndios foram quase fatais para os primeiros anos de história do canal das Organizações Globo, assim chamada na época. Um em 1971 e outro em 1976.
Mais recentemente, a emissora viu a história se repetir. Em novembro de 2017, os Estúdios Globo foram atingidos pelo fogo, que começou no galpão de apoio às gravações da novela Deus Salve o Rei. Ninguém ficou ferido.
6- São tantas emoções, bicho!
Tão tradicional quanto a música Um Novo Tempo exibida no final de ano é o Especial Roberto Carlos, feito todos os anos. Com suas músicas conhecidas, o rei se tornou uma atração indispensável na programação de fim de ano.
Tudo começou no final da década de 70, em 1974. A Globo entrou em negociação com Roberto para que ele fechasse a programação todos os anos. De lá para cá se passaram 47 anos e nada mudou, salvo pouquíssimas exceções.
No início do primeiro programa dele na emissora, foram mostradas algumas imagens da cidade natal do cantor, Cachoeiro de Itapemirim, no interior do Espírito Santo. Assim como na estreia, todos os anos Roberto Carlos se emociona em cima do palco, como se fosse a sua primeira vez.
7- Um clássico que marcou a TV
O extinto Vídeo Show, considerado por muitos anos como o programa mais carismático da TV, estreou em 1983, sendo apresentado pela atriz Tássia Camargo e, pasmem, indo ao ar aos domingos.
O programa disse adeus à programação da Globo no dia 11 de janeiro de 2019, com incríveis 7366 edições exibidas desde a sua estreia e uma centena de apresentadores.
Exibindo curiosidades e notícias do meio artístico, sempre sobre as produções e elenco da Globo, os últimos anos do programa foi de forte concorrência de SBT e, principalmente, da Record.
Mais de cem nomes já passaram pelo comando do Vídeo Show, de apresentadores até atores consagrados da TV, como: Miguel Falabella, Paulo Betti, Kadu Moliterno, Lúcia Veríssimo, Júlia Lemmertz, Herson Capri, Marcelo Tas, Fernanda Torres, Eva Wilma, Débora Bloch, Nuno Leal Maia, Paulo Goulart, Paulo José, Tony Ramos, Patrícia Pillar, André Marques, Ana Furtado, Lucélia Santos, Susana Vieira, Cissa Guimarães, e, em sua reta final, por Otaviano Costa, Monica Iozzi, Joaquim Lopes e Sophia Abrahão.
8- Um veterano na bancada
Mencionado direta e indiretamente quando o assunto é o Jornal Nacional, o jornalista William Bonner se tornou a marca registrada do principal telejornal do país e isso não demorou muito para ser reconhecido após a sua estreia, há 23 anos.
O ex-marido de Fátima Bernardes estreou na bancada do telejornal como âncora fixo em 1996. Não só como o portador da notícia, mas como o chefe da redação do jornal. Na época, ele estreou com Lilian Witte Fibe. Ambos ocuparam as cadeiras dos “insubstituíveis” Cid Moreira e Sérgio Chapelin.
Antes dele sentar na principal cadeira do Jornalismo da Globo, Bonner passou por outros programas da emissora, como o Jornal da Globo, de 1989 a 1993, o Fantástico, de 1988 a 1990, e o SPTV, de 1986 a 1989.
9- Muito Além do Cidadão Kane
Apontada como “amiguinha” da Ditadura Militar no Brasil e responsável por influenciar a cultura, a política e opinião pública em diversos momentos críticos no Brasil, a Globo virou alvo de ataques constantes desde seus primeiros passos como principal emissora do país.
Mas, de todos os ataques já feitos, o maior deles está é o documentário britânico Muito Além do Cidadão Kane, de 1993. O material faz uma análise feroz sobre o fundador da Globo, o jornalista Roberto Marinho.
Na guerra contra a emissora, a Record comprou os direitos de exibição do documentário em 2009. Boatos dão conta que, desde que a emissora do bispo Edir Macedo adquiriu os direitos, o material foi censurado pela Justiça.
O produtor do vídeo, John Ellis, negou que a censura existiu, mas revelou que a família Marinho tentou comprar os direitos de exibição para garantir que nunca fosse exibido.
10 – Jornalismo em guerra contra a fake news
A imprensa brasileira travou ao longo dos últimos meses a maior batalha de sua história e tudo em meio ao maior desafio da humanidade, a pandemia da Covid-19. Ao mesmo tempo que buscou a melhor informação e os principais furos sobre os desafios do coronavírus, saiu em combate contra o negacionismo e um governo aparentemente democrático, mas comandado por “capitão” de humor descontrolado.
A Globo, acima de qualquer outro veículo da imprensa do país, enfrentou uma incansável campanha de ataques idealizadas por eleitores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já ofendeu a emissora inclusive chamando-a de TV Funerária e Globolixo. Ainda assim, não deixou o seu maior trunfo de lado: o Jornalismo.
A emissora dos Marinho se tornou fundamental na busca por informações precisas sobre a situação da crise sanitária e sobre o atual momento político do país. Todos os telejornais da casa, do Hora 1 ao Jornal da Globo, se mostraram fundamentais na luta contra as fake news.
Em um editorial histórico, William Bonner e Renata Vasconcellos lamentaram o número de mortos por Covid-19 e lembraram o país:
“A história vai registrar também aqueles que se omitiram, que foram negligentes, que foram desrespeitosos. A história atribui glória e atribui desonra. E história fica para sempre”.
Antes do fim, um bônus sobre a Era Globo na TV brasileira: A primeira transmissão de uma partida de futebol feita ao vivo pela emissora aconteceu na Copa do Mundo de 1970, no México. E mais: Silvio Santos, rei da TV e dono do SBT, trabalhou na Globo com um programa que levava o seu nome por dez anos: de 1966 até 1976.
Paulo Carvalho acompanha o mundo da TV desde 2009. Radialista formado e jornalista por profissão, há cinco anos escreve para sites. Está no RD1 como repórter e é especialista em Audiências da TV e TV aberta. Pode ser encontrado nas redes sociais no @pcsilvaTV ou pelo email [email protected].