A segunda-feira (12) ficou marcada pela estreia de O Salvador da Pátria no Canal Viva. Novela de Lauro César Muniz exibida em 1989, ano em que os brasileiros voltaram às urnas após um longo inverno sob o domínio do regime militar, ‘Salvador’ usa de figuras que os brasileiros conhecem bem para suscitar questões pertinentes para o Brasil de ontem e de hoje.
VEJA ESSA
Está ali Severo Blanco (Francisco Cuoco), deputado cristão que articula – com a conivência da esposa – um plano para impedir a revelação de seu caso extraconjugal. Também Tião Machado (Paulo César Pereio), o defensor dos bons costumes que torna público o escândalo relacionado à filha Marlene (Tássia Camargo), amante de Severo, com a intenção de faturar. E Juca Pirama (Luís Gustavo), radialista de moral ilibada que explora a desgraça alheia.
No meio de toda essa desonestidade está Sassá Mutema (Lima Duarte), que, tal qual o povo, abusa da ingenuidade mesmo quando nota a fajutagem das pessoas e de suas ações. Sassá está em busca de conhecimento, o mais básico: ler e escrever “de carreirinha”. A forma que ele encontra para, talvez, deixar de ser massa de manobra. A professora Clotilde (Maitê Proença) o auxilia nesta jornada – e Sassá se encanta de tal maneira, tornando-se quase devoto do docente.
O Salvador da Pátria não é uma novela “fácil”. Também não chegou ao fim com a mesma excelência dos primeiros capítulos – devido às intervenções externas, preocupadas com a influência do enredo nas Eleições. Mas merece apreciação, especialmente neste 2021 ainda tão 1989. É trama com substância, de enredo e personagens, onde diálogos e movimentos têm razão de ser.
Equívoco
O Viva meteu os pés pelas mãos ao escolher influencers para a divulgação de O Salvador da Pátria no Twitter. Desperdiçou dinheiro com as famosas “publi”, de figuras que não representam absolutamente nada para o público do canal. As estreias por lá foram pautadas sempre pela repercussão, digamos, orgânica, de perfis que resgatam bastidores, curiosidades e lembranças pessoais.
É de se lamentar que, após 11 anos de história, o Viva tenha se esquecido disso. Mas, o canal não pode pagar sozinho pelo equívoco. Há tempos o Grupo Globo, e outros veículos, investem em tipos com muitos seguidores, dispostos a falar muito e sobre tudo mediante pagamento. Nem sempre com base suficiente para tal – exceção, neste caso, de Bic Muller e Thiago Pasqualotto, noveleiros de fato.
“Cancelado”, mas nem tanto…
Cinco anos depois de virar alvo de manifestações de atrizes na Globo por conta do episódio de assédio envolvendo a figurinista Su Tonani, José Mayer vem recebendo o carinho de ex-colegas de trabalho em seu perfil no Instagram.
No final de semana, a atriz Suzy Rêgo relembrou na rede social cenas em que dividiu com o amigo novela Império, que voltou a ser exibida nesta segunda-feira (12), e fez questão de marcar o perfil do ator.
“Sim, o casal Beatriz Bolgari e Cláudio Bolgari está de volta!”, comemorou a atriz. José Mayer também comentou a volta da trama de Aguinaldo Silva. E recebeu mensagens de outras atrizes e ex-atrizes da Globo após publicar um vídeo em homenagem à esposa Vera Fajardo por 50 anos de união.
“Adoro declarações de amor”, comentou Helena Ranaldi, parceira do veterano em obras como Laços de Família (2000) e Presença de Anita (2001). “Que bonita história! Parabéns aos dois!”, reagiu Maria Padilha. As atrizes Carolina Dieckmann e Lilia Cabral, parceira mais frequente de Mayer nas novelas, enviaram emojis de coração.
Atos ignorados
As manifestações realizadas no último domingo (11) pela volta de cultos e missas presenciais, contra uma decisão do STF, ganharam coberturas diferentes na Globo e na Record.
Nas duas emissoras, os protestos feitos em 21 capitais e no Distrito Federal foram noticiados em apenas 2 minutos, mas o tom editorial de cada uma fez parecer que se tratavam de dois movimentos distintos.
Na líder de audiência, o Fantástico destacou que, entre as reivindicações, estavam pedidos antidemocráticos e proibidos pela constituição federal, como a intervenção militar pelo governo de Jair Bolsonaro e a criminalização do comunismo.
A revista eletrônica lembrou um dos organizadores das manifestações no DF, Renan da Silva Sena, agrediu enfermeiras que faziam um protesto silencioso em frente ao Palácio do Planalto, em maio de 2020.
Já na Record, o apoio ao presidente Jair Bolsonaro e os pedidos inconstitucionais não foram mostrados, limitando apenas os protestos pela abertura das igrejas e contra o governador do Estado de São Paulo João Dória.
“O movimento é pró-direito de orar”, resumiu um organizador dos protestos da Bahia. Não foram exibidas imagens de cartazes que pediam interferência no Congresso e no STF.
Deslike
Alvo de críticas por não se posicionar politicamente nas redes sociais, Ivete Sangalo perdeu quase 50 mil seguidores no Instagram nos últimos 20 dias, segundo um levantamento feito pela coluna Curto-Circuito.
Na quarta-feira passada (7), quando o marido da cantora, Daniel Cady, culpou uma empregada doméstica pelo surto de Covid na família, o perfil da artista bateu recorde de deslike. A famosa deixou de ser seguida por 2649 seguidores em apenas 24h.
Na contramão, Veveta ganhou um seguidor inesperado nos últimos dias: a do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Dica de leitura
Ex-correspondente internacional da Globo, agora colaborador do Mais Você, Rodrigo Alvarez dedica-se ao lançamento de O Bem e o Mal – Entre o amor de Deus e o sofrimento da humanidade, pela Paulus Editora. A obra, derivada de uma entrevista com o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, traz reflexões sobre a fé e a natureza humana. Violência física e moral, mau uso das redes sociais, desenvolvimento social e desigualdade estão entre os temas.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]