O Jornal Nacional errou! Ok, isso é normal… Ainda bem!

Jornal Nacional
William Bonner e Renata Vasconcellos na bancada do Jornal Nacional (Imagem: Reprodução / Globo)

A Globo falhou na escalada do Jornal Nacional da última terça-feira (12). É só isso. O resto foi feito corretamente e da forma mais exemplar que deve ser executado o bom jornalismo para o grande público. O JN, telejornal mais assistido do país e que vem observando sua audiência crescer em razão da cobertura dos escândalos políticos, foi vítima de uma falha técnica que deve ter sido apurada e corrigida.

O noticiário, que vem chamando a atenção do público pelas redes sociais horas antes de começar, deixou sua escalada “dar pau” com as principais manchetes daquele dia no Brasil. Na edição, por sinal, os internautas vibraram com as notícias divulgadas sobre um vídeo em que o presidente Jair Bolsonaro teria tentado intervir na Polícia Federal. O público já esperava o JN começar. Talvez, por isso, a pressão “interviu” na escalada.

E foi o que chamou a atenção: o erro, que aconteceu bem no trecho das manchetes com as informações do presidente. Sim, o JN falhou. Parece até algo inaceitável o Jornal Nacional, o todo-poderoso noticiário da Globo, falhar, mas aconteceu.

Uma falha técnica, melhor dizendo, que não interfere no excelente trabalho que vem sendo realizado na cobertura da pandemia do novo coronavírus, com detalhes que não são vistos em outros noticiários. O telejornal de William Bonner e Renata Vasconcellos abriu espaço – coisa inusitada em um informativo que requer patrocinadores – para informar as ações que as empresas – não patrocinadoras – estão realizando para ajudar o Brasil neste momento tão difícil.

De forna pioneira, como sempre, o JN pautou outros veículos fazendo uma “propaganda do bem” sobre este período tão delicado que atravessamos.

Com um editorial que não lambe as botas do Governo Federal, o Jornal Nacional vem se consolidando com uma audiência acima da média para os dias de hoje e trazendo as informações necessárias, sem endossar político ou endeusar e criar mártires.

O JN, que completou 50 anos em 2019 e proporcionou uma série de edições especiais aos sábados com jornalistas das afiliadas da Globo do Brasil inteiro, mostrou que vai além de um simples telejornal. Criado em 1969 por Armando Nogueira e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, o informativo segue um padrão de qualidade desenvolvido pela rede há décadas.

Líder de audiência desde que está no ar, o JN é conhecido pela sua imponência, rigorosidade na apuração e credibilidade na informação. No entanto, errou na escalada.

Claro que estou usando de ironia ao escrever “mas o JN errou ou falhou”. Isso não causa um dano sequer à imagem do telejornal. O que trago de reflexão neste texto é que mesmo o jornal ofertando informações relevantes cujo teor pode nortear os rumos do Brasil nos próximos anos, o que chamou a atenção das pessoas foi o erro da escalada.

Para comparar alguns fatos, jornais como o Jornal da Record e o SBT Brasil não erram, mas não mostram o mesmo fôlego editorial bélico. Também não se apresentam como uma opção diferente mostrando o outro lado da notícia. Seguem a mesma linha de pensamento.

Que o Jornal Nacional é um telejornal inspirador, copiado e referência para outros, isso é fato. Mas o ver apenas para apontar seus erros é assinar um atestado de imbecilidade. Assistir o noticiário para comentar o que não deu certo é bestial. Isso demonstra que as pessoas prestam atenção no trivial e pouco se importam com o que é de interesse de todos. Enquanto o circo pega fogo, a plateia assiste estática ao incêndio.

Aqui cabe o pensamento de Lima Barreto (1881-1922) – jornalista e escritor brasileiro -, que disse a seguinte frase: “O Brasil não tem povo, tem público”. A célebre expressão dava a entender que o país não tinha uma nação que se atentava para fatos e contestava seus políticos. O Brasil tinha – e segue tendo – um “público”, ou plateia, que assiste tudo acontecer de forma apática sem contestar seus direitos democráticos garantidos pela Constituição.

Por isso, o JN acaba sendo o “vilão” entre todos os telejornais. Afinal, em um governo militar, mas lá em 1972, Emílio Garrastazu Médici disse a seguinte frase: “Fico feliz todas as noites quando assisto ao noticiário. Porque, no noticiário da Globo, o mundo está um caos, mas o Brasil está em paz“. Mas, os tempos são outros, o país está um caos e, mesmo “errando”, o JN segue mostrando o Brasil em um [outro] governo militar.

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Reuber DiirrReuber Diirr
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!