Os apresentadores do Perrengue na Band vêm colhendo os frutos de um trabalho realizado há anos na TV e fora dela. O time de profissionais, que vem elevando os índices de audiência nos domingos da Band, conversou com o RD1 sobre temas ligados ao atual momento da televisão brasileira e fez algumas revelações importantes.
VEJA ESSA
Tatola Godas, Dennys Motta, Ângelo Campos, Ricardo Mendonça e o diretor, Ricardo de Barros, avaliaram a disputa entre os grandes shows de domingo e analisaram o sucesso do programa nos domingos da TV.
O formato, nascido na RedeTV! em 2014, ganhou nova oportunidade na tela da Band em 2021 quando se tornou Perrengue na Band.
De lá pra cá, a atração alavancou os índices da emissora provando que os apresentadores “carregam” um público fiel e que senta diante da TV para se divertir com os vídeos selecionados pela produção.
O segredo do Perrengue
Sobre o sucesso do programa, Tatola Godas resumiu em uma frase: “O segredo é a nossa amizade!”. O apresentador explicou de onde veio essa parceria e como ela se mantém tão firme e forte ao longo dos anos:
“Nós nos conhecemos há muito tempo e cada um respeita o espaço do outro, se diverte junto, joga bola, vai para o churrasco. Estamos mais próximos entre nós mesmos do que da nossa própria família. Todos os dias nos vemos na rádio e o ‘Perrengue’ é a consequência dessa cumplicidade”.
Ainda comentando sobre a força da amizade com os colegas de trabalho, Godas disse que o Perrengue tem muito respeito entre os integrantes da equipe. “Além disso, cada um respeita o que o outro é: um é mais chato, outro mais distraído, mandão, brincalhão, e assim vamos evoluindo. Cada um é de um jeito. Amo esses caras”, contou.
Soldados numa “guerra de audiência”
Mas quem vê de fora não imagina o quão é difícil fazer um programa, mesmo que semanal, quando a disputa é com grandes nomes da comunicação brasileira. Falando sobre essa concorrência, o “piloto” do programa, Ricardo de Barros, que dirige o projeto desde a fase embrionária, destacou que os resultados do Perrengue na Band são consequências de um trabalho intenso, criativo e voltado para o público.
“Estudar muito, desde o que fazemos, a audiência, os adversários, ter ideias novas, criações e reuniões”, começou Barros. “O programa precisa se atualizar durante o tempo em que fica no ar, por isso é preciso entender o que o público de fato quer assistir”, emendou o diretor, que prosseguiu:
“O momento que estamos passando requer muita atenção com a vontade dos telespectadores e temos conseguido fazer isso com o ‘Perrengue’ na Band: filtrar tudo o que aconteceu de legal e colocar no ar de uma forma muito rápida”.
“A velocidade, essa coisa ‘inédita’ e leve, acaba se tornando um pacote para todos da família assistirem juntos. O segredo é essa briga de nunca parar de criar, se atualizar e ficar de olho no que as pessoas querem. É muito curioso porque venho trabalhando aos domingos há 20 anos e tenho notado essa disputa de audiência há muito tempo ao vivo, e isso é extremamente importante para entendermos as mudanças, completou.
“Amizade raiz”
Em relação à essência do Perrengue, Dennys Motta salientou que é uma atração familiar e comentou se falta algo na TV, além do dominical da Band, direcionada à família.
“Não acho que falte programa para a família, mas igual ao ‘Perrengue’, que junta todo mundo, não consigo te dar um exemplo. Tem outros programas ótimos para assistir e se divertir, como por exemplo o próprio ‘Faustão na Band’, ‘The Voice’, ‘1001 Perguntas’, com o Zeca Camargo, os matinais e vespertinos, ou seja, sempre estão ligados a algo para a família. Não sei se falta. Tomara que sim, porque fica tudo para a gente (risos)”, destacou Motta.
“O ‘Perrengue’ é um programa que ganha a atenção das crianças pelos vídeos e dancinhas do Tik Tok; das mulheres pelas notícias para estar bem-informadas no outro dia e conversar sobre no trabalho; daquele pai que gosta das bobeiras, dos tombos e porradas; dos avós que preferem o inacreditável e o impressionante, além dos vídeos de animais ou algo que as crianças tenham dúvidas para que eles possam ajudá-las. O ‘Perrengue’ é bem completinho em relação à família.”
Humor e cancelamento: como conciliar?
Sem se importar com estereótipos, Ângelo Campos comentou sobre a onda de cancelamentos e demais críticas que estão sendo feitas ao estilo de humor que ironiza e debocha do ‘outro’, como foi feito na TV em décadas passadas.
“Na verdade, não é que o humor está sendo podado. Acredito que ele esteja passando por uma readaptação, igual tudo na vida. Tem muita coisa que fazíamos no passado achando estar certo e hoje vemos que não é. Então, se você fizer de muleta o estereótipo, a raça, a opção sexual de uma pessoa para ser piada, não é engraçado”, observou Campos, que seguiu:
“Muitos me perguntam: ‘As coisas não estão muito mimimi?’. Eu respondo: ‘O que é mimimi? São as pessoas que antes eram prejudicadas por causa desse tipo de piada e agora têm voz para reclamar, dizer que não gostam?’. O humorista de verdade vai se adaptar, rir e tirar proveito de um monte de coisa do cotidiano, que é o que o ‘Perrengue’ faz”.
Ângelo Campos ainda avaliou que o conteúdo do Perrengue na Band é de identificação com o telespectador e falou sobre o futuro do humor na TV.
“Temos um tipo de humor que ao olharmos podemos dizer: ‘Nossa, esse sou eu e faria a mesma coisa’, porque a pessoa mais se identifica do que se coloca longe da situação. Esse é o caminho do humor na televisão: o público poder rir junto. Agora quando uma pessoa se exclui e fica dando risada só da outra, já não é mais saudável”, disse.
Trabalhar na Band é…?
Os apresentadores falaram sobre como vem sendo a experiência de trabalhar na Band. “Trabalhar na Band é um prazer que não tem tamanho. É a emissora que acompanhamos desde criança, com Luciano do Valle, o Faustão no ‘Perdidos na Noite’ e tantos outros. É o canal que amamos”, disseram um complementando o outro.
A evolução do Perrengue
Ricardo de Barros aproveitou para comentar sobre as críticas que o formato recebeu quando fora criado, em 2014, na RedeTV!. O diretor do agora Perrengue também avaliou que a evolução do formato foi crescente e que acabou sendo um modelo inspirador para diversas outras atrações da TV brasileira.
“Acho que a crítica virá de um jeito ou de outro e as pessoas têm esse direito. Vejo que as pessoas não perceberam que existe um universo muito rico nos vídeos e que todo mundo usa. Só que essa sequência nunca tinha sido feita. Foi uma ideia do Tadeu [Marcelo Tadeu Hermano (1966-2020), roteirista da RedeTV], um amigo nosso que faleceu há pouco tempo, e fomos ‘embalando’ de um jeito cada vez mais legal.”
Barros aproveitou para contar como é a função de diretor dentro do Perrengue e revelou como faz os ajustes desde a produção até o momento do ao vivo:
“Esse é o meu trabalho: produzir o gráfico, fazer essa narração, ‘ornar’, como a gente brinca, mas combinando com o talento dos quatro. Temos uma sequência muito grande de vídeos para que dê o tempo de eles narrarem. É sempre ditado de uma forma preparada para a narração. É um programa praticamente todo narrado. São duas horas e meia ou três, dependendo do dia. A quantidade de material gerada durante a semana é gigantesca, a maior que já fiz, pois não temos um tempo de palco grande para ligar as coisas. Vou fazendo isso com eles e narrando”.
Sobre as críticas, Ricardo de Barros opinou sobre cada pessoa ter seu direito de opinar, principalmente, depois que vê outros programas de TV “copiando” o formato do Perrengue na Band:
“As críticas são sempre bem-vindas, e é legal, porque depois que você vê outras pessoas fazendo, percebe que tinha razão na escolha do caminho criativo, que é inesgotável. É como se tivéssemos uma renovação permanente de material, e isso é muito importante”.
Ricardo avalia que uniu a TV com a internet com as diversas plataformas que o Perrengue na Band disponibiliza seu conteúdo, seja no ao vivo ou nas redes sociais do próprio programa.
“Colocamos a internet junto com a televisão e misturou um pouco as coisas, mas na realidade trabalhamos e produzimos conteúdos para telas. Hoje, o ‘Perrengue na Band’ pode ser visto simultaneamente pelo YouTube, e a gente computa isso também, fala com as pessoas de lá. Cruzamos a brincadeira com Instagram, Facebook e Twitter durante o programa. Todas essas ferramentas nos ajudam muito. Acredito que acertamos o caminho”, disse o diretor.
O que falta na TV atual?
Em relação ao que está faltando na televisão aberta, os apresentadores do Perrengue na Band fizeram algumas avaliações e comentaram se a onda de cancelamentos da internet que vem bloqueando a espontaneidade dos apresentadores em relação ao que é falado na TV.
“Depende! Quando a pessoa se preocupa muito com o que vai falar é porque será bobagem. Acredito que devemos estar atentos às coisas, mas ter personalidade para falarmos o que achamos”, destacou Ricardinho Mendonça, que disse não ter medo de cancelamento:
“Agora, se o seu pensamento te faz ser um decrépito, deve ser cancelado mesmo. Eu não tenho medo do cancelamento, porém, é claro que refletimos antes de sair falando qualquer coisa. Nós estamos entrando, ‘invadindo’ a casa das pessoas. Ninguém está pedindo por isso. Somos um canal aberto e por isso devemos ter respeito pelo público”.
Já Tatola Godas comentou que a TV aberta precisa de mais respeito por ser uma ferramenta importante para os telespectadores:
“Acho que a televisão aberta precisa se respeitar mais porque é um formato muito legal para os telespectadores assistirem, mas ela necessita estar mais atenta ao que está acontecendo e não nos mesmos modos de sempre”.
Em relação ao cancelamento, Godas salientou: “Não vejo que o cancelamento tenha bloqueado a espontaneidade, porém, as pessoas precisam prestar atenção no que estão fazendo. Você cuida do público e ele te ouve”.
O apresentador do Perrengue na Band ainda avaliou que muita coisa mudou há algum tempo e o importante é manter o respeito:
“Muita coisa no mundo mudou e é cada vez mais difícil dar algumas respostas, por isso é necessário pensar no respeito. Esse é o grande segredo: ter empatia por quem está assistindo. Eu falo o que vem à cabeça no ao vivo porque tenho esse respeito pelos telespectadores. Prestamos atenção, sabemos que cada um tem seu jeito, respeitamos cor, gênero, classe. Cada um é o que é e faz o que quer desde que não atrapalhe ninguém. Você segue sua vida e nós seguimos a nossa, brincando, falando e respeitando os demais”.
Dennys Motta opinou dizendo que observa que muitos estão vigiando o que as pessoas falam em qualquer lugar.
“Eu vejo que estão vigiando muito o que todo mundo fala. Às vezes com razão, outras com muito exagero. É gente que aponta o dedo o tempo todo e quer pegar um erro para te julgar como se fosse um semideus da perfeição. Todo mundo acha que é perfeito e não comete erro.”
Motta prosseguiu com o seu ponto de vista: “Óbvio que precisamos ter novos conceitos e ajustes de linguagem por causa do cenário atual, mas confesso que me sinto fazendo dieta. Sabe aquela coisa sem graça? A vida perde o gosto se você muda a alimentação e começa a comer só brócolis no vapor e peixe grelhado. Eu quero é um x-salada bacon com maionese à parte e refrigerante. O gostoso é inovar”.
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!