Equipes da TV Bahia (Globo) e da TV Aratu (SBT) foram agredidas por seguranças de Jair Bolsonaro durante uma visita a Itamaraju, município do Extremo Sul da Bahia, neste domingo (12). A região vem sendo castigada pelas fortes chuvas. De acordo com a GloboNews, os colaboradores do presidente formavam uma espécie de “paredão” no estádio onde o chefe do executivo pousou e agiram para impedir a aproximação dos repórteres.
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Um dos seguranças segurou a jornalista Camila Marinho, da afiliada da TV Globo, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão”. Em seguida, o presidente avançou e subiu na caçamba de uma caminhonete, ainda dentro do estádio, onde ocorreu uma nova confusão.
O segurança pessoal de Bolsonaro tentou impedir que os repórteres erguessem os microfones em direção ao presidente. No tumulto, um apoiador do presidente puxou o microfone da profissional e o aparelho da TV Bahia teve a espuma rasgada. O agressor foi identificado como sendo secretário de Obras de Itamaraju, Antonio Charbel, conhecido como “Tonimaq”.
A GloboNews informou também que a pochete de Camila também foi arrancada por outro apoiador e recuperada por um repórter da outra emissora. Em entrevista ao site BNews, de Salvador, a repórter declarou que passa bem e que não pretende tomar medidas no momento.
Covardia: equipe da TV Bahia, afiliada da Globo, foi agredida neste domingo em Itamaraju, por seguranças e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Um dos seguranças segurou a repórter Camila Marinho pelo pescoço, com a parte interna do antebraço, numa espécie de “mata-leão”. pic.twitter.com/oiQUA8xtXH
— teamglobonews (@Team_GloboNews) December 13, 2021
Governador e entidade repudiam agressão da equipe de Bolsonaro
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), repudiou o caso e defendeu que a liberdade de imprensa é um dos fundamentos da democracia. “Minha solidariedade à equipe de reportagem da Rede Globo, que foi agredida e impedida de realizar a cobertura jornalística durante carreata com o presidente em Itamaraju, na Bahia”, escreveu, em nota.
“A liberdade de imprensa é pilar fundamental da democracia e qualquer ataque ao jornalismo merece repúdio. O momento é de trabalho e solidariedade no Extremo Sul. Repudio violência contra a imprensa e oportunismo num momento de dor diante de uma tragédia. Vamos trabalhar”, finalizou o petista.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também repudiou o caso e cobrou que o presidente “cesse os ataques verbais contra a imprensa, os quais incentivam sua militância a agredir repórteres e impedir seu trabalho, o qual é garantido pela Constituição Federal”.
Leia a íntegra do comunicado da Abraji:
“No domingo 12.dez.2021, seguranças de Jair Bolsonaro voltaram a agredir jornalistas, no município baiano de Itamaraju. Camila Marinho, Cleriston Santana, Dário Cerqueira e Xico Lopes tentavam realizar a cobertura da visita do presidente à região atingida pelas chuvas dos últimos dias no sul do estado.
As equipes aguardavam o pouso do helicóptero no qual viajava Bolsonaro, no estádio municipal Juarez Barbosa. Os repórteres da TV Bahia, afiliada da Globo, e da TV Aratu, afiliada do SBT, tentaram se aproximar para realizar uma entrevista, mas integrantes da segurança impediram a aproximação. Um deles agarrou Camila pelo pescoço.
A seguir, Bolsonaro subiu na caçamba de uma caminhonete. Quando as equipes tentaram, mais uma vez, obter uma entrevista, um segurança pessoal tentou impedir que os jornalistas erguessem os microfones em direção ao presidente e os acusou de agressão, quando os microfones esbarraram nas costas do funcionário. O segurança também ameaçou os jornalistas: “Se bater de novo, vou enfiar a mão na tua cara. Não bata em mim. Não batam em mim.”
Ao mesmo tempo, um militante bolsonarista puxou os microfones e outro arrancou a pochete de Camila Marinho. O objeto foi recuperado mais tarde por outro jornalista.
A Abraji repudia as agressões e demanda que as autoridades competentes orientem a equipe de segurança do presidente para que respeite o trabalho dos jornalistas, pois lamentavelmente esse tipo de agressão vem se repetindo. Além disso, exige que Jair Bolsonaro cesse os ataques verbais contra a imprensa, os quais incentivam sua militância a agredir repórteres e impedir seu trabalho, o qual é garantido pela Constituição Federal.”
Henrique Brinco é baiano, formado em Comunicação Social pela Unijorge, de Salvador. Atua no jornalismo desde 2008, passando pelas editorias de política, cidades, cultura e entretenimento em diversos portais de notícias, locais e nacionais. É colaborador do RD1 desde 2012, onde já foi responsável pela editoria de Famosos e autor da coluna Por Trás da Mídia. É fã número 1 de reality shows. Fala besteira no Twitter (@brinco) o dia todo também!