Venenosa e invencível? Como a Globo pode recuperar a liderança às 14h

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A Hora da Venenosa se tornou pesadelo da Globo (Imagem: Edu Moraes / Record)

Nesta semana, o Se Joga chega ao seu quinto mês de exibição sem cumprir o objetivo pelo qual foi idealizado: recuperar a liderança da Globo na faixa das 14h. O vespertino de Érico Brás, Fabiana Karla e Fernanda Gentil se mostrou mais inconsistente que o finado Vídeo Show.

A intenção de roubar público de A Hora da Venenosa não se concretizou. A essa altura, já é possível cravar que o Se Joga entra para a coleção de tentativas frustadas do plim-plim para barrar Fabíola Reipert, Geraldo Luís e Renato Lombardi.

Mas será mesmo que, para a Globo, conter a peçonha e recuperar a liderança se transformou em uma missão impossível? A história mostra que não. Basta lembrar que, entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, Faustão perdia para Gugu com frequência. Anos depois, o Domingão já não vê mais a sua hegemonia ameaçada.

Pensando nisso, nós analisamos algumas sugestões para que a Globo consiga recuperar a liderança na faixa que sucede ao Jornal Hoje. Apontamos os aspectos positivos e negativos de cada uma delas:

Faixa extra do Vale a Pena Ver de Novo

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Há quem acredite que uma novela às 14h devolveria a liderança à Globo (Imagem: Divulgação / Globo)

Quem acompanha fóruns dedicados às noticias de televisão sabe que a exibição de uma novela na faixa das 14h é uma sugestão recorrente entre os usuários. Há quem sugira, inclusive, destinar o início da tarde para a reexibição de tramas mais leves.

Há lógica no pedido de uma faixa extra do Vale a Pena Ver de Novo. Afinal, a novela fideliza o público – o telespectador terá que voltar no dia seguinte para saber a continuação da história. Além disso, a emissora detém um vasto catálogo e não seria difícil escolher tramas que foram sucesso e agradariam os noveleiros de plantão.

Certamente, não iria demorar para a Globo recuperar a liderança. O único porém, nessa estratégia, seria o excesso de dramaturgia diária: seriam três novelas inéditas, mais duas reprises. Isso sem contar a Malhação.

Filmes mais fortes na Sessão da Tarde

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Clássicos, como Ghost, e blockbusters poderiam tornar a Sessão da Tarde mais competitiva (Imagem: Reprodução / IMDB)

Outra alternativa para a Globo seria deslocar, mais uma vez, a Sessão da Tarde para a faixa das 14h. O telespectador mais atento pode, então, argumentar que os filmes perderam a maioria dos confrontos diretos com A Hora da Venenosa em 2019.

A observação é justa. Para que essa estratégia possa surtir efeito, seria necessário, portanto, transformar a escalação de filmes fortes em regra, não em exceção. Vale lembrar que, em diversas entrevistas, o diretor de programação, Amauri Soares, confirmou que a Globo desenvolveu um algoritmo para a escolha dos títulos.

Acervo para oferecer uma seleção diversificada e atrativa a Globo tem. Basta mesclar os clássicos da Sessão da Tarde com os blockbusters mais recentes. Afinal de contas, Ghost ou Mudança de Hábito são sempre boas pedidas.

Reprise de série de humor

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A Grande Família pode ter aberto caminho para reprises de outras séries de humor, como Tapas e Beijos (Imagem: Divulgação / Globo)

Em 2019, os resultados de O Álbum da Grande Família surpreenderam na audiência, o que poderia encorajar a Globo a repetir a estratégia. Mas vale lembrar que a série de Lineuzinho (Marco Nanini) ia ao ar mais tarde, antecedendo ao Vale a Pena Ver de Novo.

Não é possível projetar quais seriam os resultados do humor na faixa das 14h. Mas, supondo que eles fossem positivos, essa seria uma faixa com alta rotatividade, já que as produções eram semanais. Via de regra, os episódios se esgotariam em cerca de um ano.

Além do mais, há de se considerar o fato que nem todas as séries tem potencial para agradar o público da tarde. A Diarista, Sob Nova Direção e Tapas e Beijos estão entre as raras exceções.

Lançamento de uma revista eletrônica

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Após deixar o Jornal Hoje, Sandra Annenberg poderia voltar às tardes em novo programa (Imagem: Reprodução / Globo)

Há ainda, quem defenda o lançamento de uma revista eletrônica, que mescle entretenimento e jornalismo. Algo nos moldes do Estúdio I, que faz sucesso nas tardes da GloboNews, poderia recuperar a liderança.

O nome de Sandra Annenberg é sempre lembrado, tendo em vista que ela é uma velha conhecida dos telespectadores da faixa. Seria, inclusive, uma maneira de não deixá-la restrita ao Globo Repórter. Ninguém aqui duvida de sua versatilidade, mas vale lembrar que há um risco envolvido em uma eventual transferência para o entretenimento.

Nem todos os jornalistas que fizeram esse caminho tiveram a mesma sorte de Fátima Bernardes e Tiago Leifert. Outrora titulares dos principais jornalísticos da casa, Patrícia Poeta e Zeca Camargo estão relegados ao É de Casa. Como função adicional, substituem Ana Maria Braga e Fátima Bernardes durante suas ausências.

Além do mais, há o risco de que, caso saia do papel, um eventual programa de entretenimento para Sandra se torne mais um na coleção de lançamentos insossos. Se o conteúdo não ajudar, nem o carisma da apresentadora do Globo Repórter poderá fazer milagre.

Ajuste de horários na Globo

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A ampliação dos jornais locais, como o SP1, também pode devolver a liderança à Globo (Imagem: Divulgação / Globo)

Outra opção para a Globo recuperar a liderança na faixa das 14h é extinguir o Se Joga, sem lançar nenhum substituto. Neste caso, seria necessário esticar os jornais locais da faixa do meio-dia.

Dessa maneira, o Jornal Hoje poderia começar e terminar mais tarde, indo, por exemplo, das 14h às 14h50. O problema, neste caso, é que nem todas as afiliadas tem conteúdo ou infraestrutura para preencher um jornal muito longo.

Uma solução, aqui, seria recriar os blocos estaduais também no horário de almoço, exatamente como acontece pela manhã, com o Bom Dia Praça. Assim, em São Paulo, meio-dia entraria o SP1. César Tralli permaneceria no ar para todo o estado até 12h30. Depois, passaria a bola para a TV TEM, EPTV, TV Vanguarda e TV Fronteira, entre outras, que seguiriam até 13h30.

Reformulação do Se Joga

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Fernanda Gentil na bancada do Se Joga; programa segue abaixo dos concorrentes (Imagem: Reprodução / Globo)

A insistência da Globo em manter o Se Joga no ar, mesmo diante da enxurrada de críticas, pode estar relacionada à recusa em admitir um novo fracasso. Todavia, se a intenção é apostar no programa para recuperar a liderança, é preciso deixar a inércia de lado. São necessárias mudanças drásticas no formato para torná-lo minimamente atraente.

Para este jornalista, o principal problemas são os games. Extremamente desinteressantes, eles não são capazes de despertar no telespectador a torcida por participante A ou B. O indigesto Doce ou Fake também é outro ponto absolutamente crítico. Em plena hora do almoço, é extremamente desagradável ver artistas vomitando no ar.

Apesar do importante reforço de Dani Calabresa, nem todos os que se propõem a fazer graça atingem esse objetivo. Ou alguém consegue rir com Jefferson Schroeder na pele da fofoqueira Cida Lamounier? Desde a estreia só me arrancou raros sorrisos amarelos.

E, para você, qual estratégia ajudaria a Globo a recuperar a liderança na faixa das 14h? Deixe seus comentários neste post, nas redes sociais do RD1 ou no meu Twitter pessoal. Até a próxima!

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Piero VergílioPiero Vergílio
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.