Lançando o filme Marighella no Brasil, Wagner Moura foi o entrevistado do Roda Viva, da TV Cultura, desta segunda-feira (1º). Na sabatina, ele relembrou o sucesso e a repercussão do filme Tropa Elite e discordou do rótulo de “filme de direita”.
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“Eu discordo totalmente disso, eu não posso controlar o que as pessoas acham do filme, nós fizemos um filme que é um estudo de como é a polícia no Rio de Janeiro, de como ela é assassina”, afirmou o artista.
O ator ainda comentou que o segundo filme é um longa-metragem que fala sobre as milícias no Rio de Janeiro. Neste momento, então, ele lembrou que milícia sempre foi elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos.
“Eles possuem relação profunda com a milícia do Rio de Janeiro”, declarou o convidado do programa, que, em outros momentos, também detonou o presidente.
Questionado pelo jornalista Marcos Augusto Gonçalves, Wagner Moura falou sobre a comunidade evangélica no Brasil. Ele afirmou que essa é uma religião muito grande no país e não pode ter uma generalização de que todos são apoiadores do político.
“O campo evangélico é muito amplo. Dizer que todos apoiam Bolsonaro é errado. Os evangélicos progressistas precisam lutar por espaço”, analisou ele. Ao longo de sua resposta, ele lamentou que alguns “vendidos que não honram a história de Jesus” consigam influenciar em uma massa de evangélicos mais pobres.
O convidado ainda fez uma comparação com o período em que lançou o Tropa de Elite, com o momento que está estreando Marighella. Segundo ele, foi possível fazer um debate sobre a complexidade do personagem Capitão Nascimento na época, algo que é mais difícil de se fazer atualmente.
“A gente vivia num ambiente democrático, onde o debate acontecia. O que não admito é a interdição do debate. Não podemos admitir um governo federal trabalhar para que um filme não aconteça ou um produto cultural não aconteça. Até hoje, vemos gente do governo mobilizando a militância digital para dar nota baixa no Imdb”, desabafou.
Ele também destacou que compreende que as pessoas podem até não gostar do personagem Marighella e não assistir ao filme, mas aponta como um absurdo as autoridades tentarem evitar a produção do longa.
Luiz Fábio Almeida é jornalista, produtor multimídia e um apaixonado pelo que acontece na televisão. É editor-chefe e colunista do RD1, onde escreve sobre TV, Audiências da TV e Streaming. Está nas redes sociais no @luizfabio_ca e também pode ser encontrado através do email [email protected]