Caetano Veloso foi uma das presenças mais aguardadas da versão virtual da Feira Literária de Paraty (Flip 2020) e falou sobre muitos assuntos relativos à sua autobiografia, dentre eles a formação da sua sexualidade.
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Inicialmente, o cantor explicou que escolheu o nome Narciso Em Férias para seu novo livro, que inclusive ganhou um documentário no Globoplay, devido a experiências na Ditadura Militar e uma inspiração num livro de F. Scott Fitzgerald: “Fiquei numa solitária. Depois de alguns dias sem ninguém falar comigo, deitado no chão, houve uma espécie de apagamento do meu reconhecimento de mim mesmo. Senti que Narciso estava, de fato, em férias“.
Por falar na prisão, Caetano lembrou da prisão de 54 dias, pela alegação dele ser um artista subversivo e desvirilizante, e como isso apagou o lado homoafetivo de sua sexualidade: “O espaço muito masculino da prisão militar causou um outro apagão aqui, que foi a atração sexual e sentimental por homens. Fiquei com uma rejeição sexual em relação à figura dos homens, que eu não tinha“.
Continuando o assunto, o artista também revelou a razão de rejeitar a alcunha de bissexual quando era mais jovem: “Muitas pessoas que eu conhecia usavam essa expressão ‘bissexual’ para efeitos muito inautênticos. Então eu dizia: ‘também não quero esse [rótulo]’“.
Recentemente, Caetano Veloso foi duramente criticado ao exaltar a “reprodução heterossexual” ao parabenizar o filho pelo aniversário. O famoso se defendeu, após a repercussão negativa: “Festejar o nascimento de uma pessoa pressupunha que a concepção desta tivera origem num ato heterossexual. Esse fato não precisava ser marcado: era ‘natural’ e, portanto, pressuposto. Vivendo mais intensamente a realidade do mundo contemporâneo, ocorreu-me marcar essa especificidade do modo como Moreno foi gerado“.
Oficialmente redator desde 2017. Experiências como editor e social media. Já escrevi sobre famosos, TV, novelas, música, reality show, política e pauta LGBTQIA+. Vídeos complementares no YouTube, no canal Benzatheus.