Ela saiu de Salvador no dia 8 de março de 2017, com a saudade na mala e muita coragem para mudar de vida. Raissa Xavier, cinco anos depois, apareceu às 22h02 na tela da Globo com uma arma em punho, apontando para Irandhir Santos, o José Lucas, de Pantanal. Sua personagem, a Pistoleira, despertou a ira e o amor de vários internautas nas redes sociais.
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Mas engana-se quem acha que Raissa tinha surgido pela primeira vez em 2022 em uma novela da emissora da família Marinho. Em 2018, a baiana fez a Berta, irmã de Narciso, interpretado com Osmar Silveira, em Segundo Sol, folhetim que falava de Salvador – por ironia do destino. Mas o boom na mídia aconteceu na nova queridinha dos brasileiros, o remake mais comentado das redes sociais.
Questionada sobre a repercussão que teve quando apareceu em Pantanal, principalmente com a frase marcante sobre a vida de bordel da mãe de José Lucas, Raissa Xavier afirma, em entrevista ao RD1, que conseguiu mostrar aos telespectadores todo o seu talento:
“Essa resposta do público é a resposta do meu trabalho. Se eu consegui despertar raiva, pena, amor, seja o que for, acredito que cumpri a missão. (…) Foi emocionante filmar e ver na telona depois. Além de tudo, foi uma honra pra mim contracenar com um ator nordestino que eu já admirava como artista e passei a admirar também como pessoa. O Irandhir é um cara super generoso, atento, propõe muito na cena, foi uma parceria que eu espero que possamos repetir breve”.
Apesar de ser atriz de teatro, séries, cinema e novelas, a baiana, que tem família natural da Paraíba, ainda é escritora, contadora de histórias e super feminista. Raissa revela que pretende fazer livros, em breve, para meninas que são engajadas no mundo do feminismo.
“Eu tenho um projeto para escrever uma coletânea de livros infantis para pequenas feministas, espero, em breve, que ele saia do papel e a gente possa deixar as nossas pequenas guerreiras ainda mais fortes para a vida”, entrega Raissa Xavier.
Confira a entrevista completa:
RD1 – Você apareceu em Pantanal, recentemente, com uma personagem forte e que deu o que falar nas redes sociais. Como observa o carinho dos novos fãs?
Raissa Xavier – Eu estou muito feliz com a repercussão da personagem em Pantanal. Agradeço muito a produtora de elenco, Rosane Quintaes, que acreditou no meu trabalho e que vem fazendo uma escalação maravilhosa nessa novela. Tenho recebido muitas mensagens de carinho, elogios, tento responder todo mundo nas redes sociais, gosto muito dessa troca, me divirto com os memes criados no Twitter.
Tem gente que já está até shipando a minha personagem com o José Lucas de Nada, outros me mandam mensagem com raiva, porque eu roubei ele, (risos). Acho maravilhoso. Essa resposta do público é a resposta do meu trabalho. Se eu consegui despertar raiva, pena, amor, seja o que for, acredito que cumpri a missão.
Como foi fazer sua primeira novela na Globo e ainda com tema falando de Salvador?
A minha primeira novela, Segundo Sol, foi um presentão! Eu digo que foi o teste mais fácil que já fiz, quando a Vanessa Veiga (produtora de elenco) me chamou para o teste, ela disse assim: ‘mostre toda a sua baianidade’. Aí eu fiz o que sabia. Quando entrei, me senti segura naquele espaço. Conhecia muita gente do elenco e isso me ajudou a encarar ‘o mundo Globo’ e me manter com os pés no chão.
Você é baiana, mas foi parar no Rio de Janeiro após seis anos adiando a viagem. Foi embora por falta de oportunidades na Bahia ou por que já sentia que precisava mesmo sair de lá?
Eu adiei essa vinda por muito tempo, mas sempre disse a todo mundo que ‘eu estava indo’. Ninguém acreditava mais em mim, mas eu jogava pro universo. As palavras têm muita força, eu acredito. Esses seis anos serviram para que eu me preparasse emocionalmente, financeiramente e profissionalmente. Eu construí uma carreira na minha cidade. E dá um medo danado da gente sair da nossa zona de conforto, principalmente, quando você não tem um suporte nesse outro lugar.
Mas por ser baiana recebeu algum preconceito por ter saído do nordeste a procura de expandir sua carreira?
Nunca sofri preconceito dos meus colegas de profissão. Mas sofri alguns preconceitos no caminho por ser nordestina, pelo jeito que me vestia “colorida demais”, por ser expansiva demais. Outros preconceitos vinham muito nas frases prontas em que a xenofobia se esconde e muitos nem percebem. Expressões como “baiano é tudo preguiçoso” ou “tudo paraíba”, entre outras. Sempre tive muito orgulho das minhas raízes e defendo a Bahia e o Nordeste nas minhas falas com muita educação e com uma pitada de ironia.
Você já passou por televisão, séries, novelas, cinema, além de diversas peças de teatro e, de quebra, ainda é escritora. Todo artista tem sua paixão, qual seria a sua? TV, escrever ou o teatro?
Minha paixão é atuar. Eu cresci no teatro. O teatro me fez. Eu sempre sinto falta de pisar no palco. O teatro é mágico, são diversas possibilidades. Não tem como explicar essa paixão. Mas o audiovisual, seja televisão ou cinema, tem o seu encantamento que a gente não consegue largar.
Fazer novela é diferente, mais rápido, não tem muito tempo para perder. É agora, já. E o cinema tem uma coisa diferente, sabe? Tem um tempo. Esse tempo é o que traz aquele frio na barriga e que você pensa “não tem como eu viver sem”. Só que estar por trás desse processo também é muito incrível. Quando em cena, eu dou a voz, mas escrevendo eu sou a voz. Escrever pra mim é uma salvação. Me traz liberdade.
Brenda Viana é formada em Jornalismo e Rádio & TV. Apaixonada pelo mundo da moda e televisão. Reality show é o seu ponto fraco. Pode ser encontrada nas redes sociais por @brenda_viannaf.