Se no Brasil as novelas divididas por temporadas são casos raros, na televisão mexicana elas têm se tornado cada vez mais comuns.
Desde 2016, quando a Televisa resolveu reinventar seu padrão de dramaturgia e explorar filões e temáticas além dos dramalhões clássicos, a ideia de produzir histórias diárias e dividi-las em temporadas – método adotado na produção e exibição dos seriados semanais dos EUA – vem ganhando força dentro da produtora latina.
O sucesso da comédia romântica “Mi Marido Tiene Familia” (Meu Marido Tem Família) no ano passado animou o produtor Juan Osorio (“Meu Coração é Teu”) a investir em uma sequência da história.
Intitulada “Mi Marido Tiene Más Familia” (Meu Marido Tem Mais Família) e estreada em julho no canal Las Estrellas, a segunda parte traz de volta boa parte do elenco da trama anterior – incluindo os protagonistas, Zuria Vega (“Que Pobres Tão Ricos”) e Daniel Arenas (“Coração Indomável”) – e, para surpresa de muitos, vem alcançando índices de audiência tão bons quanto a trama original.
No horário nobre, a bola da vez é a segunda temporada de “La Piloto”, focada na figura de uma jovem, Yolanda (Livia Brito, “Abismo de Paixão”), que sonha em se tornar piloto de avião e acaba se envolvendo com perigosos traficantes em meio a essa busca.
Com baixa audiência, a trama substituiu “Por Amar Sin Ley”, drama que se desenvolve dentro de uma firma de advogados e chegou ao fim em junho – mas retorna agora em outubro, no mesmo horário, para sua segunda temporada, dando sequência à história dos mocinhos originais, Ana Brenda Contreras e David Zepeda, junto a uma nova heroína: Kimberly Dos Ramos, conhecida pela novela infantil “Grachi”.
Para o ano que vem, já está praticamente certa uma segunda edição de “Papá a Toda Madre” (Pai de Primeira), comédia romântica estrelada por Sebastián Rulli (“Rubi”) e Maite Perroni (“Cuidado com o Anjo”) cuja primeira parte fez sucesso até março deste ano.
O atual diretor de programação da Televisa, Patricio Wills, é o mais entusiasmado com a continuidade deste filão. Em sua visão, é uma forma de dar continuidade a histórias que já deram certo na grade dos canais da Televisa sem ter de recorrer a regravações constantes de argumentos criados entre 1950 e 1970, como era feito até pouco anos atrás.
Novidade?
Embora a ideia de dividir um folhetim por temporadas cause certo estranhamento, ela não chega a ser exatamente novidade na telinha.
A origem desse formato se deu nos Estados Unidos, onde há mais de cinco décadas se popularizaram as chamadas soap operas – telenovelas diária que chegam a se estender por anos a fio, com trama e elenco rotativos. O gênero serviu de inspiração para “Malhação”, produzida pela Globo há mais de 20 anos, e também para inúmeras atrações da TV argentina, que até hoje lança mão desse modus operandi em suas histórias.
No Brasil, à parte de “Malhação”, a segmentação de uma novela por temporadas é mais comum em obras voltadas para o público infanto-juvenil, como “Os Mutantes” (Record, 2007-2009), “Rebelde” (Record, 2011-2012), “Floribella” (Band, 2005-2006) e a primeira versão de “Chiquititas” (SBT, 1997-2001) – não por acaso, todos esses títulos, à exceção do primeiro, tiveram origem num argumento argentino.
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