O ator Alexandre Borges abriu o jogo sobre como tem sido a rotina dos cuidados da mãe, dona Rosalinda, que está com Alzheimer. Em entrevista à Veja, o artista revelou:
VEJA ESSA
“Percebi que a cabeça da minha mãe estava começando a falhar no Natal de 2019. Sempre tão lúcida e ativa, ela apresentava os primeiros lapsos de memória, falava coisas desconexas e já não lembrava que havia almoçado. Pela experiência na família, conhecia de perto o doloroso processo de desligamento que vai ocorrendo naturalmente”.
“Tentei não entrar em um espiral de desespero. Era preciso reunir forças para cuidar dela e tranquilizá-la. Decidi então parar tudo, mudar para Santos, onde nasci e ela vive até hoje, para ficarmos juntos“, revelou.
Alexandre disse que ficou responsável pela rotina de casa, cuidando das compras e até da faxina e que a situação piorou no ano passado, quando Rosalinda caiu, quebrou a perna e precisou passar por uma cirurgia. Por conta disso, ela precisou ficar dez dias hospitalizadas e deixou o hospital com sequelas:
“Achei que dessa vez a perderia, mas minha mãe é uma piauiense guerreira. O trabalho ficou mais árduo e formei uma equipe de profissionais para atendê-la em casa. Hoje, ela está numa cadeira de rodas e com a fala restrita, interagindo apenas com sua fisionomia, usando expressões faciais. Nada, porém, a impede de me mandar beijos e aceitar meus abraços cheios de afeto”.
Retomando a carreira após a pausa, Alexandre relatou como tem sido delicado ver a mãe com uma doença incurável. “É claro que não é fácil ver alguém que você ama com todas as forças adoecer desse jeito. Dizem que cuidar de idoso e criança dá trabalho semelhante, mas discordo. A criança a gente cria e prepara para o futuro, enquanto, no caso de uma velhinha, com uma doença sem cura, a tensão e o desgaste são permanentes“, disse, finalizando:
“Estou aprendendo com minha mãe a aproveitar a cada instante em que vivemos do lado de quem realmente importa. Pus o pé no freio na carreira para cuidar dela e, passada a fase mais crítica, agora tento retornar a vida, dividindo o tempo entre Santos, Rio, para visitar meu filho, e alguns trabalhos em São Paulo. Tudo isso me fortalece para estar com ela. Enquanto há vida, há esperança”.
