Responsável por vários projetos na Globo, Marcílio Moraes está tendo a oportunidade de relembrar Sonho Meu, que está sendo reprisada no Viva, e Roda de Fogo, que foi incluída no catálogo do Globoplay. Apesar da felicidade de reviver os trabalhos, a autor afirma que não recebeu nada da emissora pelo atual sucesso da trama no ar.
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“Agora vejam vocês. A novela arrebata 2,8 milhões de pessoas por minuto. E eu não ganho nenhum centavo por esta exibição. Temos que mudar isso. É uma questão grave esta. A Globo só paga para os autores por reprises na própria Globo e pelas vendas internacionais das obras. É o que rezam os contratos. Não recebo nada por estas exibições, nem de Sonho Meu no Viva, nem de Roda de Fogo no Globoplay. Nada”, desabafou em entrevista ao colunista Flávio Ricco.
Além disso, Marcílio ainda falou sobre como funcionam essas questões envolvendo a TV paga, o streaming e os escritores. “Os autores têm este direito assegurado na Europa, na Argentina, no Peru, no México etc. No Brasil, ainda não conseguimos. Mas chegaremos lá“, enfatizou.
E complementou: “O problema é sério e complexo. Sou presidente de uma associação de direitos autorais dos roteiristas, a GEDAR (https://gedarbrasil.org/ ), cujo propósito é exatamente lutar pelo ‘direito de remuneração’, ou seja, o direito de receber por cada exibição da obra, direito a ser pago pelo exibidor, seja cinema, TV, o que for”.
Em bate-papo com o colunista Duh Secco, do RD1, Moraes também relembrou detalhes de como recebeu a tarefa de construir o enredo do folhetim:
“No início da década de noventa, a Globo havia comprado os direitos de várias novelas de autores da Tupi e outras emissoras, exibidas nas décadas anteriores. Comprou originais da Ivani Ribeiro, do Teixeira Filho e outros autores. O Walcyr [Carrasco], por exemplo, desenvolveu várias da Ivani, anos mais tarde. Voltando a 1993, o Mário Lúcio Vaz, então diretor de dramaturgia da emissora, me pediu uma novela juntando dois textos do Teixeira Filho: ‘A Pequena Órfã’ e ‘Ídolo de Pano’. Li alguns capítulos das duas e tomei uma decisão dramatúrgica: a mãe da pequena órfã vai ser a mulher que os dois irmãos de ‘Ídolos de Pano’ disputam. Estava feita a fusão. A partir daí, sem perder os personagens principais e algumas tramas, criei uma novela inteiramente nova, muito diferente das originais. Acho que ficou bacana. Ou seja, em momento algum, pensei em fazer um remake, uma repetição ipsis litteris do que o Teixeira havia escrito. Achei que devia mais à dramaturgia, ao talento e à criatividade dele: ou seja, uma obra nova. Foi o que fiz”.
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