Chaves, Hebe, Silvio Santos: um passeio pelos 39 anos do SBT

Chaves. Hebe e Silvio Santos fazem parte dos 39 anos do SBT
Chaves, Hebe e Silvio Santos fazem parte dos 39 anos do SBT (Imagens: Divulgação – SBT / Montagem – RD1)

“Agora é hora / de alegria / vamos sorrir e cantar”. A música que abre o Programa Silvio Santos todas as semanas é uma das muitas recordações que os telespectadores mais assíduos guardam na memória. Nos 39 anos do SBT, o RD1 presta uma homenagem à emissora, relembrando tradições, momentos e programas que entraram para a história da televisão. Todos estão convidados a festejar.

Tradição entre o público infantil

Programa do Bozo marcou época nos 39 anos do SBT
Programa do Bozo marcou época nos 39 anos do SBT (Imagem: Divulgação)

Uma das marcas registradas desses 39 anos do SBT é a tradição que a emissora construiu junto ao público infantil. Do reinado dos palhaços – Bozo, Vovó Mafalda e Patati Patatá – aos programas comandados por Sérgio Mallandro, Simony, Mariane e Jackeline Petkovic.

Apresentadoras que conquistaram o coração dos pequenos, Angélica, Mara Maravilha e Eliana também tiveram destaque no canal. As duas últimas, aliás, seguem contratadas. Também é justa a menção ao Disney Club, que depois virou Disney Cruj, que arrebatou uma legião de fãs.

Com o fim da era das apresentadoras, crianças se tornaram as anfitriãs. Passaram pelo Bom Dia & Cia Jéssica e Cauê, Yudi e Priscila, além, é claro, da pequena Maisa Silva, no Sábado Animado. Mais recentemente, Silvia Abravanel tomou para si a tarefa de comandar as gincanas.

Ponte aérea com o México

Chaves foi o produto mexicano de maior sucesso do SBT (Imagem: Divulgação)

Outra característica bastante presente nos 39 anos do SBT foi a ponte aérea com o México que a emissora ajudou a construir. O país latino nunca foi tão próximo. Graças a um acordo com a Televisa, muitas novelas e séries fizeram um sucesso arrebatador por aqui.

E acredite: não há qualquer exagero nessa constatação. Basta observar, por exemplo, a quantidade peculiar de reprises de A Usurpadora. Fenômeno semelhante foi a trilogia protagonizada pela atriz e cantora Thalia. Você gosta mais de Maria Mercedes, Marimar ou Maria do Bairro?

Não é possível fazer essa retrospectiva sem lembrar dois seis jovens protagonistas de Rebelde, a novela que deu origem ao RBD. O sucesso do grupo rompeu fronteiras ao redor do mundo. No Brasil, não foi diferente, e assim como Thalia, o elenco fez participações históricas no Domingo Legal, de Gugu Liberato.

Por mais sucesso que todas as atrações tenham feito, nenhuma delas chegará aos pés de Chaves. Foram diversos os momentos em que o SBT se rendeu a sua maior estrela internacional.

Das entrevistas e participações do elenco em diversos programas, passando pela ampla cobertura do velório de Roberto Bolaños até chegar a recriação de histórias com o casting da emissora.

Não à toa, a produção permaneceu no ar, ininterruptamente, por 36 anos. Deixou a grade no final do mês passado, por conta de divergências entre a Televisa e a família de Bolaños.

As novelas nos 39 anos do SBT

SBT descobriu um novo nicho com a adaptação de tramas infantis (Divulgação / SBT)

Nos 39 anos do SBT, resgata-se as incursões da emissora da dramaturgia. Para adultos, o maior sucesso foi, sem dúvida, a versão de 1994 de Éramos Seis. Estrelada por Irene Ravache e Othon Bastos, a trama trazia outros grandes nomes em seu elenco, como Marcos Caruso e Jandira Martini.

Se a aposta em novelas para adultos sempre foi esporádica, o mesmo não se pode afirmar sobre as tramas infantis. Desde 2012, o SBT descobriu um nicho – e se deu bem. Tudo começou com a adaptação de Carrossel – trama mexicana que, em 1991, já deu alguma dor de cabeça à Globo.

O sucesso encorajou a emissora a prosseguir com a investida. Vieram, depois, um remake de Chiquititas (a única dentre as tramas que já havia tido uma versão brasileira), Cúmplices de um Resgate, Carinha de Anjo e As Aventuras de Poliana. Estrela de três destas cinco novelas, Larissa Manoela assinou com o canal dos Marinho este ano.

O inigualável apelo popular do SBT

Interação dos participantes com Silvio Santos era um dos atrativos do Show do Milhão (Imagem: Divulgação / SBT)

Se tem algo que o SBT faz com maestria, é falar com o povo. Reflexo dessa boa relação, os anônimos são os protagonistas de grande parte das atrações. Neste caso, o bom exemplo já começa pelo dono, que preserva o hábito de lançar aviõezinhos de dinheiro para suas colegas de trabalho.

Ainda sobre as atrações de Silvio Santos, era impossível não se envolver com os participantes do Show do Milhão. Alguns deles divertiam por sua interação com o Homem do Baú, enquanto outros, de fato, ganhavam a torcida de quem estava em casa na busca por um prêmio polpudo.

Seu discípulo, Gugu, também comandou programas com proposta parecida. Em Corrida Maluca, por exemplo, os desafiantes tinham que se submeter a divertidas provas para conquistar uma viagem para o destino dos seus sonhos.

Passa ou Repassa, que já foi de Silvio, Gugu, Angélica e, agora Celso Portiolli, começou como uma gincana entre escolas. Além do desafio de responder perguntas e das provas de habilidades, o grande chamariz é o momento da Torta na Cara. Já se tornou um clássico.

Devemos destacar ainda as diferentes versões do Fantasia, game que distribuía prêmios para o telespectador. Para conduzir e realizar as brincadeiras, um elenco de belas mulheres. Levante a mão quem, como este colunista, não sai cantarolando quando ouve: “Calor / Céu Azul Verde e Mar / Vem Comigo nesse Dia Lindo”.

E, se estamos falando de apelo popular, uma justa e merecida menção a Ratinho e Christina Rocha. Ainda que pairem suspeitas de armação, o Casos de Família diverte, na maioria de suas edições. Em tempos de redes sociais, a atração se transformou em uma fábrica de memes. O mesmo acontece com Ratinho, quando ele resolve deixar de lado suas convicções políticas.

As estrelas que participaram dos 39 anos do SBT

Adriane Galisteu chegou a usar um pijama quando o Chame virou noturno (Imagem: Divulgação / SBT)

Se hoje o SBT possui um banco de talentos diversificado – que reúne veteranos como Carlos Alberto de Nóbrega e Raul Gil – é preciso lembrar de quem já não está mais na emissora.

Foi no SBT, por exemplo, que Serginho Groisman conquistou projeção nacional ao falar com os jovens no Programa Livre. Também na emissora, Jô Soares ganhou a oportunidade que tanto desejava. Com o Jô Onze e Meia, trocou os programas de humor por um talk show.

Depois que o veterano voltou à Globo, o espaço das entrevistas foi brilhantemente preenchido por Marília Gabriela e seu De Frente com Gabi. Criou-se até uma versão mais picante, o Gabi Quase Proibida.

Adriane Galisteu, por sua vez, passeou por diferentes horários com o seu Charme. Na madrugada, ela já apresentou a atração de pijama. Você pode até não se lembrar muito da dinâmica do programa, mas, certamente já ouviu pelo menos uma vez o bordão “Como vai Galisteu?”.

O jornalismo, que hoje tem Carlos Nascimento, Roberto Cabrini e Rachel Sheherazade, também já teve Ana Paula Padrão, Hermano Henning e Boris Casoy. No entretenimento, Ivo Holanda, o rei das pegadinhas, também merece todos os aplausos.

Entre os que já não estão mais este plano, permanece a lembrança do locutor Lombardi, que sempre foi a voz oficial dos programas do patrão. No campo do humor, vale destacar Ronald Golias, Dercy Gonçalves e Jorge Lafond, entre tantos outros que deixaram saudades.

Gugu Liberato: o pupilo que fez bonito aos domingos

Gugu Liberato
Silvio Santos e Gugu Liberato no Roletrando; mestre e aprendiz (Imagem: Moacyr dos Santos / SBT)

Em um texto que se propõe a reverenciar os 39 anos do SBT, o nome de Gugu Liberato não deve ficar de fora. É até uma questão de respeito, já que sua carreira se confunde com a história da emissora.

Falemos do menino que escrevia cartas para Silvio Santos com ideias para os seus programas. Suas sugestões agradaram tanto que ele acabou contratado.

Tempos depois, ele faria sua estreia na frente das câmeras. Primeiro grande divisor de águas para Gugu, o Viva a Noite mesclava uma gincana entre famosos, musicais e outros quadros, como o Sonho Maluco.

Depois, ele ainda comandaria vários outros programas, como TV Animal, Passa ou Repassa e Sabadão. Mas foi com o Domingo Legal que Gugu atingiu seu auge.

No dominical, ele era um dos protagonistas da mais emblemática guerra de audiência da TV brasileira. Competitivo, lançou mão de várias estratégias que culminaram em uma sequência de vitórias sobre Fausto Silva.

Entre os quadros mais marcantes estão a Banheira do Gugu, o Telegrama Legal, Sentindo na Pele e Gugu na Minha Casa. Também flertando com a ousadia, a lembrança do momento onde os convidados assistiam a um striptease e deveriam controlar seus batimentos cardíacos. Ah, os inesquecíveis anos 90…

Ainda como diferencial, o programa apostava forte em coberturas jornalísticas. Em algumas situações, sua equipe se antecipou à Globo. Foi o que aconteceu quando o Domingo Legal confirmou a gravidez de Xuxa, minutos antes de ela entrar no palco de Faustão.

Noutras vezes, a guerra de audiência quase chegou as vias de fato. Foi o que aconteceu quando a equipe do SBT tentou transmitir uma entrevista de Denise Tacto, então esposa de Gerson Brenner, que havia sofrido um acidente.

O grande revés é que ela já estava apalavrada com Faustão, já que o ator era contratado da Globo. Como curiosidade, Sonia Abrão era a repórter nesse episódio.

Curiosamente, foi uma fake news que arranhou a reputação de Gugu. Depois que a farsa do PCC foi desmascarada, o Domingo Legal perdeu fôlego gradualmente. Até que, em 2009, o apresentador decide dar uma guinada e se transfere para a Record.

Hebe Camargo: selinhos, gente famosa e voz para as minorias

Hebe Camargo
Hebe passou 24 anos no SBT e foi recontratada pouco antes de sua morte (Imagem: Divulgação / SBT)

Quem também merece honraria semelhante é Hebe Camargo. Nos 24 anos em que permaneceu nas emissora, entre 1986 e 2010, ela distribuiu vários selinhos e recebeu muitos famosos em seu sofá.

Mesmo com todo o seu prestígio, no entanto, a grande dama da TV não conseguiu realizar um de seus desejos: o Rei Roberto Carlos nunca esteve em seu palco no SBT.

Mas, se o Rei não foi autorizado, a Rainha dos Baixinhos recebeu o aval para uma participação. Em 1989, Xuxa estava no auge com o seu Xou. Para receber a loira de Santa Rosa, Hebe não teve dúvidas e vestiu um figurino inspirado na convidada.

Xuxa voltaria ao programa Hebe em 2010. Ela fazia parte de uma plateia repleta de famosos, como parte de uma surpresa para a anfitriã, que retomava às gravações após um período afastada para cuidar da saúde.

Muito além de conversar com gente famosa, Hebe usava o seu microfone para dar voz às minorias e defender as causas nas quais acreditava. Também não tinha pudores em cobrar um comportamento ético da classe política.

Ao encontro desse comportamento, Hebe apresentou a Silvio Santos o projeto do Teleton. E o patrão “comprou” a ideia. Os encerramentos da maratona beneficente, aliás, eram sempre um deleite para o telespectador.

Com os dois veteranos juntos no palco, o resultado era certeiro: muita diversão e boas risadas. A cada doação generosa, ela tentava roubar um selinho de Silvio. Quase sempre sem sucesso…

Hebe deixou o SBT em 2010, insatisfeita com as constantes mudanças de horário de seu programa. A falta de acordo quanto a valores também pesou na decisão.

Passado o encanto com a RedeTV!, seu maior desejo era retornar à antiga casa. Poucos dias antes de sua morte, Hebe chegou a ser recontratada. Mas, infelizmente, não houve tempo para a reestreia.

Silvio Santos: comunicador genial e patrão maluco

Silvio Santos
Silvio Santos: sobram elogios ao animador, faz-se ressalvas ao patrão (Imagem: Divulgação / SBT)

Para encerrar o especial sobre os 39 anos do SBT, chegou a hora de falarmos sobre Silvio Santos. Como comunicador / animador, ele é genial. E que ninguém ouse discordar disso.

Poucos apresentadores possuem um domínio de palco tão grande. Basicamente, o seu programa consiste na sua interação com as colegas de trabalho, como ele chama carinhosamente as mulheres que frequentam o auditório.

O que, a princípio, poderia ser algo desinteressante, acaba surpreendendo, graças, justamente, ao carisma de Silvio. No estúdio de gravação, ele não teme se expor ao ridículo.

Já se permitiu cair em um tanque de água e andar de burrico no palco. Nem quando as suas calças caíram, por acidente, ele perdeu o bom-humor.

Por outro lado, se sobram elogios para se referir ao comunicador, é preciso fazer algumas ressalvas ao empresário. De tão inusitadas, algumas de suas estratégias acabam se tornando engraçadas.

Mais de uma vez, ele esperou um programa da Globo acabar para colocar no ar um conteúdo do SBT. Foi dele também a ideia do slogan: “Quando A Favorita acabar, troque de canal e veja Pantanal”, em 2008.

Na contramão, algumas de suas decisões a gente só lamenta. São os casos, por exemplo, da exibição do Alarma TV, que volta e meia aparece na grade por ordens do dono. O programa gringo exibe imagens consideradas fortes, sem qualquer tipo de autocensura.

Historicamente, o Jornalismo é um outro departamento afetado por seus desmandos. Para focar apenas em um exemplo recente, ele suspendeu a exibição do SBT Brasil em um sábado, poucas horas antes de o jornal entrar no ar.

Quem também sofre com as suas ordens é a equipe do programa vespertino de fofocas. A atração já foi Fofocando, Fofocalizando, Triturando e, mais recentemente, Notícias Impressionantes. Cada mudança de nome é acompanhada por uma rotatividade no time de apresentadores.

Apesar de tudo, o saldo final dos primeiros 39 anos do SBT é positivo. Resta torcer para que, nos próximos 40 anos, a emissora continue proporcionando alegrias. Nosso profundo respeito aos artistas, gestores, trabalhadores e fãs da emissora!

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Piero VergílioPiero Vergílio
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.