A pandemia de coronavírus paralisou todas as emissoras, obrigando-as a alterar todo o seu planejamento. Os programas de auditório não saíram ilesos ao distanciamento social. Depois de ser apresentado pela primeira vez sem plateia há algumas semanas, o Domingão do Faustão vem apostando em reprises para preencher o horário.
VEJA ESSA
Neste domingo (5), a produção resolveu mudar sua estratégia. Ao invés de apostar em reprises relativamente recentes do Ding Dong, a equipe do programa resolveu abrir o próprio baú. O resultado dessa mobilização foi um presente para o público, que ganhou a oportunidade de rever momentos que entraram para a história da atração.
Da surpresa de Tatá Werneck ao descobrir que estava no Arquivo Confidencial à irreverência de Dinho, dos Mamonas Assassinas, foram vários os pontos altos dessa colcha de retalhos alinhavada com nostalgia. Muito antes dessa Globo liberal de hoje em dia – que cita artistas da concorrência sem tantos traumas (com algumas exceções, é verdade) – foram reprisadas duas imitações que o vocalista fez de Silvio Santos.
Valeu ainda a oportunidade de rever a então novata Carolina “Dickman” fazendo uma ponta como repórter de bastidores em um show dos grupo, morto precocemente em um acidente em 1996. Teve também a estrela colombiana Shakira – ainda em sua versão morena – cantando alguns sucessos do início de sua carreira no palco do Domingão do Faustão.
Nas cerca de duas horas e meia em que o programa esteve no ar, também vimos pelo menos quatro cenários e identidades visuais da atração. Vale lembrar que, em 26 de março, o Domingão celebrou os 31 anos de sua estreia.
A nostalgia do Domingão do Faustão
Mesclar conteúdos de diferentes épocas foi um acerto e tanto. Tomo a liberdade de falar em nome de todas as pessoas que são amantes de TV e assumo a minha torcida para que essa estratégia se repita pelas próximas semanas. É bem verdade que, em comemoração aos seus 30 anos, o programa já resgatou parte de sua história. Mas eram inserções rápidas, em formato de pílulas. Agora, essa pausa forçada dá a oportunidade para revisitar esses momentos de maneira mais aprofundada.
E história para recordar o Domingão tem de sobra. Seria uma boa rever, por exemplo, a final de um dos concursos que elegeu às novas loira e morena do grupo É o Tchan, bem como um mix de vezes em que Faustão circulou pelos bastidores da atração.
Algumas edições do Arquivo Confidencial ou do Troféu Mário Lago que homenagearam artistas já falecidos, como Nair Belo ou Hebe Camargo, também merecem um bis. Por último aproveito para fazer um pedido quase utópico. Por que não reprisar uma das clássicas participações de Xuxa, hoje na concorrência? Vale lembrar que a eterna Rainha dos Baixinhos foi uma das convidadas da estreia da atração, em 26 de março de 1989. Não fosse pelo seu próprio talento, este já seria um motivo suficiente para marcar seu nome na história do programa
Altas reprises
Meu elogio também é extensivo à direção do Altas Horas. Nestas três semanas de reprise, a equipe foi certeira ao escolher as edições temáticas que foram reexibidas. Os especiais com Sandy e Júnior, com cantores de axé e com os sertanejos dos Amigos podem ser considerados edições de colecionador, daquelas que (quase) todo mundo gostaria de estar na plateia.
É torcer para que os próximos programas selecionados mantenham o alto nível. Mas, em último caso, os editores podem pinçar momentos de edições e épocas diferentes. A experiência do Domingão do Faustão pode ser praticada por outros programas e pode resultar em um conteúdo igualmente interessante.
Na contramão de tudo
Na contramão do entretenimento da Globo, o Caldeirão do Huck é o único programa que se mantém com conteúdo 100% inédito. A exceção fica para algumas cabeças de matérias, gravadas em chroma-key. A justificativa dada por Luciano Huck é a de que os quadros do programa são gravados com bastante antecedência.
Realizada em um complexo de estúdios de São Bernardo do campo, a temporada do game The Wall já deve estar completamente gravada. Há alguns dias, esta coluna pediu à Globo um panorama sobre os outros quadros e externas do vespertino, mas a comunicação da emissora disse que não informaria qual a frente de programas já gravados disponível para a exibição. Feito o registro.
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.