Aos 90 anos, Lima Duarte decidiu prestar uma homenagem a Flávio Migliaccio, que morreu na segunda-feira (4), aos 85 anos. Em vídeo de quase cinco minutos, o ator relembrou do início dos dois no teatro.
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Na gravação, o veterano lembrou que os dois foram colegas de geração e dedicaram suas carreiras de mais de seis décadas aos palcos e aos sets de filmagem. Visivelmente emocionado, Duarte também falou do encantamento do amigo pela atuação, da trajetória e dos sonhos cumpridos.
“Eu te entendo, Migliaccio, porque eu, como você, sou do Teatro de Arena, com Paulo José, Chico de Assis, com o (Gianfrancesco) Guarnieri. Foi lá que aprendemos com o (Augusto) Boal que era preciso, era urgente que se pusesse o brasileiro em cena”, desabafou o global.
Lima Duarte ainda comentou sobre os momentos difíceis enfrentados pelos atores durante a Ditadura Militar: “Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o bafio terrível de 68, agora, 56 anos depois, quando eles promovem a devastação dos velhos, não podemos mais. Eu não tive a coragem que você teve”.
No final da gravação, o artista fez uma referência a uma fala de um personagem, Pedro Jáqueras, da peça Os Fuzis da Senhora Carrar (1937), de Bertolt Brecht. “Os que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue”, disse ele.
Confira o vídeo:
Cabe lembrar que Flávio Migliaccio foi encontrado morto em seu sítio em Rio Bonito, no Rio de Janeiro. O paulistano começou a carreira no Teatro de Arena em 1954, conforme citado, inclusive, por Duarte. Nos anos 1960, participou de filmes como Terra em Transe, de Glauber Rocha.
Já em 1972, ele foi convidado a trabalhar na Globo. Ao lado de Paulo José, formou uma dupla de mecânicos atrapalhados na novela Primeiro Amor. Com o sucesso, os personagens ganharam um seriado próprio: Shazan, Xerife e Cia. A partir daí, ele emendou vários trabalhos em novelas, seriados e até programas da emissora.
