Aclamada por público e crítica, “Sob Pressão” ganhou sobrevida. Mas enquanto o drama médico não volta, a Globo vai recorrer a outro santo remédio nas noites de quinta-feira. A importada “The Good Doctor” substitui “Lady Night”, após o “The Voice Brasil”, no próximo dia 29. O plano divulgado pela emissora aos anunciantes traz dados que justificavam, plenamente, a aposta na produção.
Estrelada por Shaun Murphy (Freddie Highmore) – um jovem cirurgião diagnosticado com savantismo, um raro distúrbio psíquico –, “The Good Doctor” é a série mais assistida da história do Globoplay, à frente de “The Big Bang Theory” e “Sob Pressão”. Também o terceiro programa mais “maratonado” da plataforma, cerca de 9 horas por assinante, atrás apenas do “BBB” e da novela “O Outro Lado do Paraíso” (2017).
“The Good Doctor” também fez sucesso no GNT, elevando em 286% os índices do canal (dados divulgados pela jornalista Patrícia Kogut). Na TV aberta, em cartaz na “Tela Quente”, conquistou a melhor média dos últimos cinco anos: 28,7 pontos, superando blockbusters como “Malévola” (2014), com Angelina Jolie (28). Somadas, as exibições na faixa de cinema das segundas-feiras e na “Sessão da Tarde” atingiram 48,7 milhões de telespectadores – ¼ da população do Brasil.
O grande atrativo do plano comercial, porém, são os números conquistados por “Sob Pressão”. A Globo atenta para as “possibilidades de ganho social” com “The Good Doctor”, promovendo reflexões e gerando conscientização. O canal encontra respaldo nos dados do bem-sucedido produto capitaneado por Julio Andrade e Marjorie Estiano: aumento do número de doadores de sangue e órgãos e dez vezes mais ligações para o instituto Doe Vida após a veiculação de um dos programas.
Receita de sucesso
Com 18 episódios, “The Good Doctor” irá se estender até 26 de dezembro. Isso quer dizer que, além do “The Voice”, a série sucederá, na grade, o reality culinário “Mestre do Sabor”. O formato conduzido por Claude Troisgros é o principal atrativo do canal no último trimestre. No ar a partir de 10 de outubro; direção artística de Boninho e participação dos chefs José Avillez, Katia Barbara e Leo Paixão, além de Batista, fiel escudeiro de Troisgros.
Afinação
A Globo solicitou ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial o registro da marca “Amigos – A História Continua”. É este o nome da turnê que reúne Chitãozinho, Xororó, Leonardo, Zezé di Camargo e Luciano, estrelas dos especiais de fim de ano veiculados pelo canal entre 1995 e 1998 – e de um dominical exibido em 1999. E, muito provavelmente, também o título do programa produzido a partir da apresentação do quinteto no próximo dia 7 de setembro, no Allianz Parque, em São Paulo.
Ligo
“Bom Sucesso”, não só pela excelência da trama, do elenco e da produção, como pela “desconstrução” de tipos e pelo merchandising da leitura. A nerd Alice (Bruna Inocêncio) parecia apenas a bobinha acanhada diante da aproximação do gostosão da escola, Luan (Igor Fernandez). Mas, logo no início do primeiro capítulo, transou, na biblioteca da escola, com o rapaz – que também demonstrou ser mais do que um corpinho bonito, cenas depois. Os trechos de livros presentes nos diálogos dão vontade de sair correndo e conhecer, ou revisitar, todos os clássicos citados pelos personagens, de “Alice no País das Maravilhas” a “Peter Pan”.
Desligo
“A Dona do Pedaço” e a repetição de ganchos. Depois de um semana com Maria da Paz (Juliana Paes) encerrando os capítulos sempre na eminência de descobrir o verdadeiro caráter de Régis (Reynaldo Gianecchini), às vésperas do casamento com o playboy, a novela das 21h centrou em suas últimas cenas as inúmeras tentativas de Chiclete (Sergio Guizé) de “matar a mulher que ama”, como o próprio repete a todo instante, Vivi (Paolla Oliveira). O telespectador pode até voltar no dia seguinte, mas é fato que Walcyr Carrasco, longe da criatividade de tempos não muito remotos, vem se acostumando a criar falsas expectativas.
Fecha a conta
É de se lamentar a saída de Dony de Nuccio da Globo. É de se lamentar também que Dony, profissional tão gabaritado para o posto que ocupava no “Jornal Hoje” e apto para voos maiores, tenha metido os pés pelas mãos na administração das pessoas pública e privada, infringindo assim o código de ética de casa. A ausência de Dony do vídeo é incômoda, porém compreensível. Sorte para ele na próxima parada. E moderação… Há ganhos que não compensam certas perdas.
***
Por “contingências do destino”, a coluna de sábado (3) foi excepcionalmente publicada nesta segunda-feira (5). Retomo o “expediente normal” no próximo dia 10.
Duh Secco é "telemaníaco" desde criancinha. Em 2014, criou o blog Vivo no Viva, repercutindo novelas e demais atrações do Canal Viva. Foi contratado pela Globosat no ano seguinte. Integra o time do RD1 desde 2016, nas funções de repórter e colunista. Também está nas redes sociais e no YouTube (@DuhSecco), sempre reverenciando a história da TV e comentando as produções atuais.