Paulo Henrique Amorim faleceu no dia 10 de julho de 2019 calando, consigo, uma das teorias mais curiosas já criadas para debater a relação entre a política e a imprensa: o “PIG”.
VEJA ESSA
O Partido da Imprensa Golpista, como o jornalista chamava quem estava disposto a derrubar o governo de Dilma Rousseff (PT) e era crítico ao ex-presidente Lula, teve diversos desdobramentos e atualizações com versões 2.0 e 3.0 e até robôs, nos governos posteriores ao da petista. Crítico ferrenho do governo de Jair Bolsonaro, PHA não poupava farpas (tiro, porrada e bomba) contra a família do presidente e suas atitudes políticas.
Que Amorim era um assíduo hater de sua ex-emissora, a Globo, era inegável. Aliás, o jornalista da Record fazia questão de acusar a emissora carioca de estar prestes a falir por conta de supostas sonegações e dívidas bilionárias que, segundo ele, seriam cobradas pelo Governo Federal. Até hoje, nada aconteceu em relação às previsões do verborrágico comunicador.
Mas Paulo Henrique era uma versão atualizada de Leonel Brizola, que travou uma guerra histórica com a emissora de Roberto Marinho. A briga entre Brizola e o empresário foi algo que desencadeou uma série de capítulos como o clássico direito de resposta que o falecido político do PDT teve dentro do Jornal Nacional, em 1994, na voz de Cid Moreira.
Dentro do enredo que PHA inseriu a Globo, a qual considerava a líder do PIG, havia uma grande conspiração para tirar a esquerda do poder e devolvê-lo aos militares. Por meio de seu blog, o Conversa Afiada, o ex-apresentador do Domingo Espetacular não media esforços em abrir fogo contra o plim plim e seu conglomerado de empresas. Diariamente, o jornalista compartilhava textos, vídeos e postagens nas redes sociais sobre possíveis articulações da vênus platinada.
O que fica de legado de Paulo Henrique Amorim é a sua bravura para enfrentar qualquer que seja a situação, ainda que não concordemos com o seu discurso ácido. Seu faro de jornalista, bem treinado por onde passou, inclusive pela Globo, faz falta no cenário atual, marcado, cada vez mais, por um jornalismo chapa-branca que visa patrocínio estatal em detrimento do bom exercício da profissão.
Seu “Olá, tudo bem?” já não existe há 365 dias na TV brasileira, que vai empobrecendo de nomes talentosos, experientes e corajosos, mesmo que neste caso ele tenha deixado explícitos seus amores e desafetos. Mas o veredito, como sempre, cabe ao público.
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!