Era o ano de 1973 e a Record passava por um grande problema financeiro, em parte gerado pelo desenvolvimento da Globo – que levou da concorrente seus principais artistas e diretores.
VEJA ESSA
O Paulinho Machado de Carvalho não sabia bem o que fazer com tantos problemas… E seu diretor de jornalismo era Hélio Ansaldo, que ficou 29 meses sem receber, além de outros que também não recebiam.
Então Paulinho chamou Hélio e foi direto: “Hélio, eu não tenho como pagar teus atrasados. Então vamos fazer assim… Você pega o horário que quiser, faz o que quiser, vende e vai se pagando“.
Hélio, com toda inteligência de geminiano, decidiu que iria fazer um jornal na hora do almoço. Mas só tinham 3 câmeras de TV, sendo que uma delas sempre estava ruim. Microfones com fio tinham apenas 3 que funcionavam. Sem fio nem pensar.
Então Hélio foi na marcenaria da emissora, que estava abandonada por nada fazer, e pegou 3 tábuas grossas, pedindo para os marceneiros montarem duas bases para que as tábuas virassem uma bancada. Assim foi criado o cenário do Record em Notícias.
Depois foi no Banespa e fez com que o banco pagasse os anúncios do jornal. Montou um microfone fixo na sua frente, ao lado outro microfone fixo para uma pessoa ler as notícias e sobrava um microfone com fio para que os debatedores usassem.
Então precisava de debatedores das notícias. Ele convidou amigos seus que tinham renda de outros trabalhos e não precisariam receber da Record.
As tais notícias, Hélio comprava todo dia de manhã na banca os jornais do dia e recortava na sua sala, batendo a máquina as manchetes do telejornal.
O Record Em Notícias incomodava a Globo na hora do almoço; o sucesso foi tão grande que elegeu 24 deputados para Assembleia e Câmara dentre seus participantes.
Fica a pergunta: porque foi apelidado de Jornal da Tosse?
Como o microfone não era direcionado e sim aberto, e os participantes no início tinham acima de 70 anos, sempre alguém estava resfriado e tossia fora da cena, mas o microfone pegava.
