Na era da informação, SBT e Record seguem com jornalismo jurássico

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Marcelo Torres no SBT Brasil; Sérgio Aguiar no Jornal da Record: jornalismo das emissoras está distante do praticado pela Globo (Imagens: Reprodução / SBT – Record)

Estamos vivendo a era da informação da maneira mais intensa das últimas décadas. A era pós-digital trouxe maior facilidade para a disseminação da informação – inclusive de fake news. A Globo já entendeu isso e tem se destacado nas coberturas políticas e relacionadas à pandemia do coronavírus. No entanto, Record e SBT optam por manter um jornalismo “jurássico”, ou seja, sabemos que está ali, mas sem muita função.

Pensando na linha editorial, esses canais usam o telejornalismo para defender seus interesses, sejam opinativos ou comerciais. Se observarmos o SBT e a Record, notaremos uma tendência ao alinhamento com o Governo Federal, o que tira a ferramenta mais importante do jornalismo: a credibilidade.

Recentemente, Silvio Santos puniu seu principal telejornal, o SBT Brasil, por exibir uma matéria criticando a ineficiência do Ministério da Saúde diante da contenção da covid-19. No sábado, 23 de maio, o telejornal não foi ao ar e a emissora exibiu o programa Triturando, que apanhou na disputa pela audiência com os outros canais. Na semana seguinte, o informativo foi exibido normalmente como se nada tivesse acontecido.

A Record, por sua vez, trata de passar pano nas trapalhadas do governo Bolsonaro. Sem matérias tão aprofundadas, sem análises, poucas críticas e conteúdos que soam de maneira imparcial . Como já dissemos aqui no RD1o Governo Federal vem distribuindo verbas públicas para emissoras como SBT, Record, Band, RedeTV e deixado a Globo de fora. Mas o canal carioca, ao invés de se curvar e ser amordaçado pela obediência, tem se reinventado. Já os demais, seguem vivendo no período cretáceo.

Em um breve comparativo entre os principais telejornais do país – Jornal Nacional, Jornal da Record e SBT Brasil -, nota-se uma berrante diferença no investimento dos canais e, consequentemente, na escolha do público. Enquanto o JN segue líder absoluto há décadas (desde que foi criado, em 1969), os concorrentes vêm o informativo da Globo bem distante no ranking da audiência. Isso se dá pela forma como o jornalismo vem sendo encarado pela emissora carioca.

Record e SBT fazem de seus noticiários quase uma assessoria de imprensa. Poderiam assumir tranquilamente o posto da TV Brasil ou o portal da EBC para noticiarem os fatos acontecidos no país.

Recentemente, Silvio Santos declarou ser empregado do presidente. O apresentador chamou o chefe de Estado de “patrão“, para espanto de muitos fãs.

Focando no campo dos investimentos, as duas emissoras não-líderes fazem um “arroz com feijão” com pequenos investimentos. A discrepância é vista nas produções e coberturas jornalísticas como o da pandemia do coronavírus.

O SBT segue compartilhando o estúdio do seu jornalismo com o programa Triturando; no mesmo cenário, o canal fazia seus malabarismos para apresentar ao vivo o SBT Notícias, que usava bancada, e o Primeiro Impacto, que é apresentado sem o móvel. Dudu Camargo e Marcão do Povo eram vistos de meio corpo, apenas, pois não dava tempo de retirar o objeto no único intervalo entre os informativos. A medida adotada foi fazer a hora de Marcão do Povo ter o cenário da redação como fundo.

O Jornal da Record ganhou novos cenários e pacote gráfico. Um novo horário também presenteou o informativo. A audiência correspondeu e o noticiário deixou de traçar contra o JN e a novela das 21 horas. Mas foi só isso. Atualmente, disputa com o SBT o segundo lugar bem distante do primeiro. Somadas, Record e SBT dão aproximadamente a metade do que a Globo marca no horário.

Isso deixa claro que fazer jornalismo por esporte não dá resultado. Depender de matérias chapa-branca para conquistar verbas públicas é outro erro crasso. O jornalismo fica pobre, o conteúdo comprometido e a população segue ignorante. Enquanto o povo replica nas ruas “Globo Lixo”, quem chafurda na lama, não é a Globo.

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Reuber DiirrReuber Diirr
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!