Estamos vivendo a era da informação da maneira mais intensa das últimas décadas. A era pós-digital trouxe maior facilidade para a disseminação da informação – inclusive de fake news. A Globo já entendeu isso e tem se destacado nas coberturas políticas e relacionadas à pandemia do coronavírus. No entanto, Record e SBT optam por manter um jornalismo “jurássico”, ou seja, sabemos que está ali, mas sem muita função.
VEJA ESSA
Pensando na linha editorial, esses canais usam o telejornalismo para defender seus interesses, sejam opinativos ou comerciais. Se observarmos o SBT e a Record, notaremos uma tendência ao alinhamento com o Governo Federal, o que tira a ferramenta mais importante do jornalismo: a credibilidade.
Recentemente, Silvio Santos puniu seu principal telejornal, o SBT Brasil, por exibir uma matéria criticando a ineficiência do Ministério da Saúde diante da contenção da covid-19. No sábado, 23 de maio, o telejornal não foi ao ar e a emissora exibiu o programa Triturando, que apanhou na disputa pela audiência com os outros canais. Na semana seguinte, o informativo foi exibido normalmente como se nada tivesse acontecido.
A Record, por sua vez, trata de passar pano nas trapalhadas do governo Bolsonaro. Sem matérias tão aprofundadas, sem análises, poucas críticas e conteúdos que soam de maneira imparcial . Como já dissemos aqui no RD1, o Governo Federal vem distribuindo verbas públicas para emissoras como SBT, Record, Band, RedeTV e deixado a Globo de fora. Mas o canal carioca, ao invés de se curvar e ser amordaçado pela obediência, tem se reinventado. Já os demais, seguem vivendo no período cretáceo.
Em um breve comparativo entre os principais telejornais do país – Jornal Nacional, Jornal da Record e SBT Brasil -, nota-se uma berrante diferença no investimento dos canais e, consequentemente, na escolha do público. Enquanto o JN segue líder absoluto há décadas (desde que foi criado, em 1969), os concorrentes vêm o informativo da Globo bem distante no ranking da audiência. Isso se dá pela forma como o jornalismo vem sendo encarado pela emissora carioca.
Record e SBT fazem de seus noticiários quase uma assessoria de imprensa. Poderiam assumir tranquilamente o posto da TV Brasil ou o portal da EBC para noticiarem os fatos acontecidos no país.
Recentemente, Silvio Santos declarou ser empregado do presidente. O apresentador chamou o chefe de Estado de “patrão“, para espanto de muitos fãs.
Focando no campo dos investimentos, as duas emissoras não-líderes fazem um “arroz com feijão” com pequenos investimentos. A discrepância é vista nas produções e coberturas jornalísticas como o da pandemia do coronavírus.
O SBT segue compartilhando o estúdio do seu jornalismo com o programa Triturando; no mesmo cenário, o canal fazia seus malabarismos para apresentar ao vivo o SBT Notícias, que usava bancada, e o Primeiro Impacto, que é apresentado sem o móvel. Dudu Camargo e Marcão do Povo eram vistos de meio corpo, apenas, pois não dava tempo de retirar o objeto no único intervalo entre os informativos. A medida adotada foi fazer a hora de Marcão do Povo ter o cenário da redação como fundo.
O Jornal da Record ganhou novos cenários e pacote gráfico. Um novo horário também presenteou o informativo. A audiência correspondeu e o noticiário deixou de traçar contra o JN e a novela das 21 horas. Mas foi só isso. Atualmente, disputa com o SBT o segundo lugar bem distante do primeiro. Somadas, Record e SBT dão aproximadamente a metade do que a Globo marca no horário.
Isso deixa claro que fazer jornalismo por esporte não dá resultado. Depender de matérias chapa-branca para conquistar verbas públicas é outro erro crasso. O jornalismo fica pobre, o conteúdo comprometido e a população segue ignorante. Enquanto o povo replica nas ruas “Globo Lixo”, quem chafurda na lama, não é a Globo.