Quem acompanha o noticiário de televisão ou apenas liga a televisão no SBT já deve ter percebido que a reprise vespertina do Primeiro Impacto foi cancelada após dois dias. Trata-se de mais uma das determinações peculiares do patrão, Silvio Santos, que ordena e, depois, recua com a mesma facilidade.
VEJA ESSA
O fato é que, depois de um período de calmaria, o líder do clã Abravanel voltou a promover mudanças bruscas na grade de sua emissora. Em outras palavras, o que é exibido hoje pode não voltar ao ar amanhã. Para se ater a exemplos relativamente recentes, vamos lembrar que o Fofocalizando se transformou em Triturando.
Depois da reexibição do Primeiro Impacto, há quem garanta que Silvio pretende ressuscitar o Aqui Agora. O policialesco fez história nos fins de tarde da década de 90. Vale ainda lembrar as inúmeras tentativas de emplacar o Alarma TV, telejornal sanguinolento que, em poucos dias de exibição, passou por vários horários na grade.
O telespectador mais atento do SBT sabe que o “jeito Silvio Santos” de conduzir a grade não vem de hoje: as mudanças na programação acontecem sempre que lhe “dá na veneta”. Sim, o termo antigo é proposital. O mesmo se aplica a contratação ou o afastamento de apresentadores do vídeo. Quem não se lembra da clássica história da demissão da ex-apresentadora infantil Mariane Dombrova só porque ela havia cortado o cabelo?
A novidade é que, por conta da pandemia, os diretores de outras emissoras parecem ter feito um curso intensivo com o patrão para promover mudanças abruptas na grade. Veja, a seguir, exemplos práticos.
Na Globo
Embora seja a emissora que mais mantém a linearidade de sua grade, nem a Globo escapa de promover algumas mudanças ao melhor estilo Silvio Santos. Com o adiamento da estreia do Simples Assim, a emissora importou o Música Boa, do Multishow. A previsão inicial era de fossem exibidos 13 episódios, mas a atração deixou a grade com apenas seis edições exibidas.
A volta da Sessão de Sábado na faixa local gerou um efeito cascata. Com isso, a exibição do Toma Lá, Dá Cá aos sábados à tarde foi cancelada. Se o plano original tivesse sido mantido, aliás, o humorístico de Miguel Falabella teria retornado em fevereiro. A Escolinha, que deveria sair do ar, continua em exibição nas emissoras que exibem conteúdo local.
Pela manhã, a pandemia fez com que o É de Casa ganhasse ainda mais tempo do que o planejado. O matinal passou a entrar às 6h50 da manhã. A pandemia também deu sobrevida às reprises do Como Será?, que deveria ter deixado a grade em março.
Durante a semana, o Combate ao Coronavírus foi idealizado em tempo recorde. Agora, com o interesse pelo tema diminuindo gradativamente, o programa especial chegou ao fim nesta sexta-feira (22).
O “jeito Silvio Santos” na Record
O jeito Silvio Santos de fazer TV também parece ter discípulos na Record. Primeiro, a emissora anuncia com pompa e circunstância a sua nova grade de domingo. Com os reforços de Sabrina Sato e Xuxa, a proposta era trazer mais alegria para os telespectadores.
Mas os resultados pouco animadores esfarelaram os planos. A primeira vítima foi o The Four Brasil, que trocou o domingo pelas quartas na terceira semana. Era apenas o começo: descontente com o desempenho do novo Domingo Show, a Record efetivou o Cine Maior aos domingos, mesmo com um estoque de filmes bastante limitado.
Outra faixa que costuma sofrer com a inconstância é a noite de sábado. Neste horário, já passaram compactos de novelas, a segunda edição do Cidade Alerta, lives e reprises do Legendários. A partir desta semana, o Made In Japão, reality remanescente do Domingo Show, vai finalmente ter o seu desfecho.
É necessário reconhecer que a pandemia do Coronavírus comprometeu os planos de todas as emissoras, obrigando-as a tomar decisões dinâmicas para se adequar à nova realidade. Por outro lado, algumas das decisões tomadas por seus respectivos diretores nos levam a crer que o jeito Silvio Santos de fazer TV foi uma fonte de inspiração para eles. Resta saber até que ponto isso é positivo.
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.