O menino tímido que chegou ao JN: A trajetória de Philipe Lemos, do ES para o Brasil

Philipe Lemos no cenário do ES1

Paraibano de nascimento e capixaba de coração, Philipe Lemos apresenta o ES1 desde 2009 (Imagem: Divulgação / TV Gazeta ES)

Menino tímido que nasceu na Paraíba, Philipe Lemos mudou-se para o Espírito Santo aos três anos. Em determinado momento, até pensou em seguir os passos do pai e cursar Medicina.

Mas seus planos começaram a mudar quando um professor notou sua habilidade com a escrita. Os pedidos para que ele lesse seus textos para toda a turma o ajudaram a descobrir sua verdadeira vocação: o Jornalismo.

As incertezas, comuns a um jovem de 18 anos, logo se dissiparam. Foi um caminho sem volta, que o levou à bancada do ES1. Desde 2009 no comando do telejornal da hora do almoço na TV Gazeta – afiliada da Globo no Espírito Santo – Philipe Lemos é o segundo convidado do projeto Telejornalismo Regional – Quem Faz é Notícia.

O jornalismo como missão de vida

Nesta entrevista exclusiva ao RD1, Philipe relembra momentos marcantes de sua trajetória e fala de sua rotina de trabalho. Em mais de uma oportunidade, ele faz questão de reiterar a compreensão do seu ofício.

“É uma missão de vida. Jogamos luz em fatos que estão na escuridão. Cobramos a solução de problemas e damos voz a quem nunca antes conseguiria ser ouvido”, sintetiza.

Ao longo da entrevista, ele também comenta a sua passagem pela bancada do Jornal Nacional. Muito feliz com o carinho de todos os brasileiros, Philipe se mostra surpreso com os elogios à sua aparência.

Outros temas – como a pandemia de coronavírus e uma hipotética transferência para emissoras da rede – também foram incluídos neste bate-papo.

É do Espírito Santo e assiste Philipe Lemos todos os dias na hora do almoço? Está em outra região do país e gosta de acompanhar sua carreira?

Nas próximas linhas, descubra curiosidades sobre a vida pessoal e trajetória do contador de histórias que conquistou o telespectador capixaba. A cada nova aparição no principal telejornal do país, no entanto, seu carisma e talento rompem fronteiras. Boa leitura!

Philipe Lemos: o quase médico com vocação para contar histórias

Philipe Lemos (de fralda, à esquerda), é clicado com seus dois irmãos; família se mudou para o ES quando ele tinha três anos (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – Em que momento de sua vida você percebeu que tinha talento / vocação para a comunicação. É uma área que você sempre quis atuar ou foi uma descoberta repentina? Como chegou ao Espírito Santo?

Philipe Lemos – Cheguei ao ES quando tinha três anos de idade. Meu pai, formado em medicina, começaria a atuar no Hospital da cidade de Nova Venécia, interior do estado.

Ele sempre foi minha inspiração. Achei até que poderia cursar medicina um dia. Desisti da ideia quando, no cursinho, recebi o incentivo de um professor de redação e literatura. Ele elogiava meus textos. Minha forma de conduzir as explicações na redação.

Sempre me fazia ler – diante de uma turma de 80 alunos – meus textos. E aquilo foi me fazendo perceber que eu gostava mesmo de histórias. De contar histórias. De ler e escrever. Sou grato demais ao professor Licínio. Ele tem um lugar especial na minha vida. Foi um grande incentivador.

RD1 – Você teve experiência em outros veículos antes de ser contratado pela TV Gazeta? Como surgiu o convite para a televisão?

Philipe Lemos – Trabalhei em assessorias de grandes empresas como Arcellor Mittal, Rodosol (concessionária de rodovias), Porto de Vitória. Mas foi por um estágio na TV Educativa do ES que fui descoberto pela TV Gazeta.

O então editor-chefe da TV Gazeta Sul, Emerson Cabral, assistiu uma reportagem sobre cultura que fiz para a TVE. Conseguiu meu telefone e me chamou para uma entrevista.

Tivemos mais duas conversas. Pouco tempo depois, já havia sido contratado. Foi um cara incrível por reconhecer e apostar no meu potencial. Hoje atua em outra área, mas nunca perdemos contato. Devo muito a ele também. Tenho respeito e gratidão.

RD1 – Em uma entrevista anterior, você admitiu que seus primeiros anos na TV não foram fáceis e que até cogitou mudar de emprego. Que dificuldades foram essas e o que o fez mudar de ideia?

Philipe Lemos – Na verdade, encarei um dilema absurdo durante os primeiros anos de faculdade. Eu não tinha certeza se estava no caminho certo. Medicina e Biologia ainda passavam pela minha cabeça. Dúvidas normais para qualquer jovem de 18 anos.

Mas, logo no primeiro estágio, eu já estava decidido. O tempo foi passando e tive mais certeza do caminho que havia encontrado para a minha vida. Jornalismo não é apenas uma profissão. É vocação, um trabalho social que precisamos amar muito para fazer todos os dias com a mesma garra de sempre.

Uma década a frente do ES1

Philipe Lemos está no ES1 desde 2009

Em mais de uma década no ES1, Philipe Lemos acompanhou várias mudanças no formato e conteúdo do jornal (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – No ano passado, você festejou dez anos na bancada do ES1: Como você avalia essa trajetória? Em que o Philipe hoje é diferente do estreante de 2009?

Philipe Lemos – Foi uma felicidade ver tantas conquistas, após uma década de muito trabalho e dedicação. O Philipe hoje é muito mais seguro, responsável, com maior entendimento da nossa missão social. Do quanto somos ponte para pessoas chegarem a lugares onde nunca poderiam.

E do quanto fazemos a diferença na vida das pessoas, da comunidade em geral. Cobramos a solução de problemas e damos voz a quem nunca antes conseguiria ser ouvido.

Em 2009, queria muito crescer na profissão. Dez anos depois, percebo que nosso aprendizado é constante. Nunca acaba. Em qualquer época, porém, sempre pautei meu trabalho pelo respeito.

RD1 – Falando nisso, os telejornais locais também se transformaram nessa última década. Quais as mudanças mais significativas no formato e no conteúdo do jornal?

Philipe Lemos – Nossa linguagem e aproximação com o público mudaram muito. E para melhor, tenho certeza. Acompanhei toda essa transformação ao longo da última década. Somos um trem em movimento e nunca podemos parar.

As inovações contemplam diversos aspectos como a linguagem, o vestir, a edição, além da maneira de apresentar as histórias. Destaco também o advento da internet e a participação mais ativa dos telespectadores e da comunidade. Há tempos, as pessoas não apenas assistem, mas ajudam a fazer o conteúdo.

Enfim, tudo mudou. Por outro lado, alguns valores permanecem inalterados, como a responsabilidade com a apuração das notícias e o compromisso ético com quem prestigia nosso trabalho. Somos parte de um todo. De uma grande missão, que o jornalismo – incluindo o Grupo Gazeta, do qual faço parte – leva muito a sério.

RD1 – Conte-nos um pouco sobre a linha editorial do ES1. O que o diferencia dos outros jornais da própria TV Gazeta e da concorrência? Se, em uma frase, tivesse que divulgar o ES1 para telespectadores de outras partes do país, qual seria?

Philipe Lemos – O ES1 é o jornal que dá voz à comunidade, que aborda os assuntos mais importantes do dia a dia do capixaba, sempre com muito respeito e isenção. Ouvimos todos os lados da história.

Apuramos muito bem a notícia. Nosso diferencial é o respeito a quem nos assiste. Fazer o ES1 é uma satisfação grande. Toda a equipe trabalha com muito amor e carinho.

RD1 – Em uma época em que, de um modo geral, o jornalismo é cada vez mais conversado / humanizado, qual seu grau de liberdade para fazer comentários / expressar sua opinião sobre as pautas?

Philipe Lemos – Desde que seja um comentário fundamentado e não vá ferir nenhum dos nossos preceitos – ou seja, não quebre nenhuma regra do jornalismo responsável que fazemos – não existe nenhuma restrição.

Jornalismo não é lugar para ficar resmungando ou batendo papo de “botequim”. Jornalismo é coisa séria. Jogamos luz em fatos que estão na escuridão. Precisamos ter respeito sempre. Até mesmo na hora de fazer um comentário.

Então, o limite é esse: vai fazer diferença? Tem fundamento? Cabe dentro da nossa linha editorial? Se sim, não há problema. No ES1, os fatos sempre têm o protagonismo.

Se, na frente das câmeras, sobra profissionalismo, nos bastidores o clima no ES1 é de total descontração; nesse registro, um clique com Rafa Marquezini (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – Quem faz o ES1 com você, no vídeo? Como é o seu entrosamento com a sua companheira de apresentação? Fale um pouco de sua rotina de trabalho

Philipe Lemos – Comecei no ES1 em 2009, quando ainda era ESTV1. Na ocasião, a Daniela Abreu (hoje editora e apresentadora do ES2) dividia a bancada comigo. Meses depois, no entanto, ela precisou se afastar devido a gravidez.

Segui sozinho até 2013, quando a Rafaela Marquezini passou a integrar a equipe e dividir o estúdio comigo. Ela é uma grande amiga. Nos damos bem dentro e fora do estúdio. Aliás, no ar, a nossa amizade transparece. Nos entendemos pelo olhar.

Minha rotina na TV começa cedo, às 6h da manhã. Sou editor-assistente do Bom Dia ES. Até as 8h30 sigo nessa equipe. Após o jornal, “viro a chavinha” e começo a preparar o ES1. Passo a manhã editando reportagens, falando com repórteres, fontes, etc.

Lá pelas 11h30 corro para trocar de roupa e ficar pronto para o estúdio. Meio-dia o ES1 está no ar. E seguimos juntos até às 13h25. Diariamente. Por volta das 14h, começo a encerrar meu expediente e vou almoçar. É uma rotina puxada, sobretudo porque muita coisa acontece nesse intervalo de tempo, que considero ser relativamente curto.

Na rua ou no estúdio: as histórias de Philipe Lemos

RD1 – Falando em notícia, quais as coberturas / reportagens que você classificaria como inesquecíveis? Você já se viu diante da situação de ter que controlar a emoção ao dar uma notícia?

Philipe Lemos – Toda e qualquer notícia é importante, mas é claro que existem aquelas que acabam marcando mais a nossa vida. Lembro-me de uma grande enchente em 2013, na qual centenas de pessoas perderam absolutamente tudo.

Não sobrou nem roupa. E, no caso das crianças, sequer brinquedo. Nossas equipes voltaram ao local acompanhando uma família, que esperava encontrar algo que pudesse aproveitar.

E, de repente, uma criança resgata um brinquedo antigo. Que era dela. E com muita esperança e inocência, ela festeja: “pelo menos consegui salvar meu ursinho. Ele agora vai continuar com a gente, na nossa família. O restante nós vamos reconstruir. Deus vai nos ajudar”.

Quando a câmera voltou ao estúdio, eu estava segurando o choro. Aquela criança me fez perceber que nada nessa vida é eterno. Que somos apenas passageiros. E preciso compreender tudo que nos ocorre. Para o bem ou para o mal.

É claro que há muitas outras reportagens e coberturas que me marcaram muito. Mas essa, em especial, me toca até hoje…

RD1 – Há algum momento inusitado / divertido que você gostaria de relembrar, seja em uma reportagem de rua ou no estúdio?

Philipe Lemos – Não me recordo de muitos momentos diferentes, mas devo confessar que ninguém está imune a uma crise de riso. Nem os repórteres, nem a Rafaela e muito menos eu. Houve uma vez em que, por mais que eu tentasse, não consegui manter a seriedade após uma reportagem.

Também já tive que sair correndo para poder ir ao banheiro entre um VT e outro (tinha bebido muita água e minha bexiga parecia que ia explodir). Naquele dia, eu não conseguia andar.

A situação mais inusitada, porém, aconteceu quando encerrei um ES 2 antes da hora. Eram três blocos. Na saída do segundo, eu deveria chamar o comercial. Mas agradeci a companhia e dei boa noite. Voltei do intervalo fazendo cara de “virgem” e fingi que nada tinha acontecido (risos).

Philipe Lemos: do ES1 para o Jornal Nacional

Philipe Lemos e Renata Vasconcellos

Philipe Lemos posa com Renata Vasconcellos nos bastidores do JN (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – Quem são as suas principais referências no jornalismo (impresso e televisivo) e por quê?

Philipe Lemos – São muitos nomes. E não apenas de jornalistas. Mas de pessoas da velha guarda que, mesmo não tendo cursado a faculdade, atuam ou tem contribuição relevante no campo da comunicação.

Como exemplo, posso citar o professor Marco Antônio Villa (historiador e jornalista); Cesar Tralli; Abdo Chequer (Diretor de jornalismo da TV Gazeta); William Bonner e Ricardo Boechat (em memória). Não posso me esquecer de José Simão; José Roberto Burnier, Cristiana Lôbo, Renata Vasconcellos e Eliane Cantanhede.

E por aí vai. Se eu não parar agora, essa lista não vai ter fim. São pessoas que admiro pela maneira descomplicada de passar a informação. Estamos aqui para facilitar o entendimento. E eles cumprem isso muito bem.

Ao lado de Ana Lídia Daibes, Philipe Lemos apresentou o JN duas vezes (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – Você esteve duas vezes na bancada do JN (a segunda pouco antes da pandemia ser decretada). Que lições tira das passagens pelo principal telejornal do país? O que mudou da primeira para a segunda vez?

Philipe Lemos – Foi uma experiência incrível. Quase não dá para explicar a sensação de estar ali. Mas é algo que jamais imaginei ser possível. A equipe me recebeu muito bem.

E faço um agradecimento especial ao diretor de Projetos Especiais – Fernando Gueiros. Que hoje se tornou um grande amigo, a quem sempre telefono quando preciso de aconselhamentos ou orientações.

A segunda ida ao JN me deixou mais seguro. Foi mais fácil. Aliás, fácil não seria a palavra. Porque o peso da responsabilidade de estar naquela bancada é algo imenso. Então eu diria que a segunda ida, em fevereiro, foi mais suave. Consegui ficar muito calmo e seguro.

É uma experiência que vou levar para a vida. Aos 90 anos irei contar isso para a minha família.

RD1 – Se surgir uma oportunidade em emissoras da rede, você aceita?

Philipe Lemos – A respeito da rede, acho que é uma consequência de um bom trabalho desenvolvido. Algo que pode acontecer a qualquer um. E como jornalista comprometido com o trabalho, não nego oportunidades.

Se surgir, será porque meu trabalho é importante a ponto de ser expandido. E realizado em outras praças. Jamais estarei acima da notícia. Mas sempre contribuindo para que o jornalismo chegue o mais perto de todos.

E faça a diferença na vida das pessoas. Seja no meu estado, seja em São Paulo, seja no Brasil inteiro. Fazer rede é reconhecimento profissional.

A rotina e as transformações por conta da pandemia

RD1 – Como a pandemia de coronavírus afetou a sua rotina? Sua companheira de bancada, Rafaela Marquezini, foi diagnosticada com Covid-19…

Philipe Lemos – A pandemia me fez repensar muito sobre a rotina, o valor do trabalho, além, é claro, da importância dos cuidados com a saúde. Esse momento me ajudou a enxergar que podemos viver com menos bens materiais. Que viagens internacionais são menos importantes que o encontro consigo mesmo em momentos de folga. Além disso, a pandemia trouxe um senso de humanidade muito mais aguçado.

Essa conjunção de fatores fortaleceu minha crença de que tudo que vivemos é uma grande passagem. Precisamos honrar cada minuto nesse plano espiritual. E deixar uma obra que adicione na vida das pessoas. Precisamos fazer a diferença no mundo. Ajudar mais, cuidar mais. Amar mais!

Minha parceira de bancada foi diagnosticada com Covid-19. Eu ainda não tive (ao menos até essa data). No início, ficamos muito preocupados. Sempre nos falávamos por mensagem. Eu queria ter certeza que estava tudo bem com a Rafaela (e com a filha, que também positivou). E graças a deus ela passou bem por isso.

RD1 – Que mensagem deixaria às pessoas neste momento?

Philipe Lemos – A mensagem que deixo é na verdade um pedido: tenham responsabilidade com a própria vida e com a de quem vocês amam. Cuidem de si e dos próximos. Não sejam egoístas a ponto de achar que podem mais que a ciência.

Temos que respeitar a ciência. E respeitar os cuidados que são preconizados. Ser negligente nesse momento não ajuda em nada. E tão importante quanto manter os bons hábitos de higiene e cuidados, é manter o pensamento positivo. Exercitar a paciência, porque isso vai passar. Vamos sobreviver. E a vida vai continuar.

Para aqueles que perderam parentes por causa dessa doença, deixo minha mais sincera solidariedade. E o desejo que de que a dor para quem fica, passe! E restem apenas as boas lembranças e a gratidão de ter convivido com aquela pessoa que se foi!

Philipe Lemos longe das câmeras

RD1 – Como é o Philipe longe das câmeras? Você tem algum talento / habilidade / hobby desconhecido do grande público que queira compartilhar conosco?

Philipe Lemos – O Philipe longe das câmeras é um cara extremamente simples. Amo pedalar, cuidar da casa e dos meus bichos (tenho dois gatos). Outra coisa que gosto muito de fazer é viajar. Para qualquer lugar. Apenas para conhecer o novo. Esse mundo é grande demais para ficarmos parados sem ter a oportunidade de conhecer mais.

Um hobby que tenho – e faço isso porque gosto muito – é ajudar os amigos a programar viagens ou metas profissionais. Sou formado em Jornalismo. Mas sou também especialista em Gestão de Pessoas.

Uso isso para minha vida e para a ajudar pessoas próximas. Faço sem cobrar nada. Apenas para colocar em prática uma vocação que tenho e que gosto muito. Meus amigos sempre recorrem a mim para programar mudança de carreira, de emprego ou para desenvolver projetos pessoais.

Amo orientar e ajudar no que posso. Elaboro planilhas, traço metas, faço acompanhamento e comemoro junto quando o objetivo é alcançado.

Além do talento: beleza de Philipe Lemos também causou alvoroço (Imagem: Arquivo Pessoal)

RD1 – Em sua primeira passagem pelo JN a web se encantou com o “apresentador gato do JN”. Como você recebe esses elogios? Profissionalmente falando, a beleza ajuda a abrir portas ou pode se tornar um empecilho, na medida que você tem que provar que não é só um rosto bonito?

Philipe Lemos – Vamos lá. Quero dizer primeiro que fiquei extremamente surpreso com toda aquela agitação na web. Foi engraçado ver que o paraibano, mais tímido da escola – que cresceu numa pequena cidade do interior do ES e que se tornou jornalista – por um fim de semana foi o cara mais comentado na web.

Fui Top 2 no Twitter por mais de quatro horas. E tive sites de todo o Brasil falando da aparência e da minha postura no JN. Isso nunca foi empecilho na minha vida. Tenho um histórico de dedicação muito grande em tudo que faço. E isso me ajuda a alcançar os objetivos que traço.

Além de tudo, é importante falar: não me acho nada bonito. Tenho um perfil comum, de muitos brasileiros. Existe uma frase que diz: ” a beleza está nos olhos de quem vê”. Quando alguém me enxerga assim, eu agradeço. Porém, eu mesmo não tenho essa auto-visão. Aliás, sempre fui tímido e pouco acreditava na minha beleza.

Quando voltou ao ES1 após o primeiro JN, Philipe comentou a repercussão. Assista:

RD1 – Em tempos onde a imprensa está sendo cada vez mais hostilizada, fazer jornalismo de qualidade ainda é seguro no Brasil? Como você analisa essa patrulha ao trabalho da imprensa?

Philipe Lemos – As pessoas estão com ânimos acirrados. Querem ver tudo certo. Não estão dispostas a enxergar um erro e deixar passar. A patrulha existe e vai continuar.

Os ataques são graves. Isso fere nosso trabalho. E deixa a gente inseguro sim. Mas não podemos jamais baixar a guarda. Desistir ou desanimar. Nossa missão social é muito mais forte que qualquer hostilidade.

RD1 – Sem ser o ES1, o que você gosta de assistir na TV?  Peço pelo menos um programa de TV aberta.

Philipe Lemos – Olha, vou falar algo curioso. Mas que é real. Trabalho em televisão, mas consumo pouco. Porém, gosto demais de ver Globo Rural e Jornal Nacional. São dois programas que me preparo para assistir.

Paro tudo que estou fazendo, me coloco na frente da TV e fico de olho em tudo. Nos assuntos, no modo de fazer, na maneira de entregar a reportagem, na forma como apresentadores e repórteres se portam.

Fico de olho também nos enquadramentos. Tenho um olhar técnico muito apurado. Fora isso, consumo alguns programas de canais fechados. Gosto de ver o que eles estão fazendo em termos de edição. Modelos inovadores que podem ser absorvidos de alguma forma na nossa rotina de trabalho.

RD1 – Fique à vontade para acrescentar algo e deixe uma mensagem aos leitores do RD1

Philipe Lemos – Quero agradecer o carinho do meu público do ES e o carinho dos amigos aqui do site RD1. Se você que está lendo a entrevista chegou até esse momento, é sinal de que minha história lhe interessou por algum motivo. E eu só tenho a agradecer.

Quero dizer que nosso trabalho é uma vocação. É obrigação do jornalista é levar luz aos fatos. E isso nos move. Vai continuar nos movendo. Contem sempre com os jornalistas. E busquem informações em veículos sérios.

Notícias falsas ou mal apuradas servem apenas para propagar a desordem e atrapalhar o bom andamento das coisas. Precisamos focar em fazer o bem… e principalmente em querer o bem para nossa comunidade.

Torço por dias melhores e por um mundo cada vez mais justo. Que a pandemia sirva para ajudar as pessoas a se encontrarem e pensarem de maneira otimista: não estamos aqui sozinhos. Estamos por todos. E devemos sempre pensar de maneira coletiva.

(Re) leia as entrevistas anteriores deste Projeto

Mário Motta – Jornal do Almoço – NSC / Globo Santa Catarina

Piero Vergílio
Escrito por

Piero Vergílio

Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.