“Para tudo! Mãos para o alto. Não pode mexer mais no prato!“. Foi com essa frase que Ana Paula Padrão começou a dar fim em nosso pânico psicológico. Tudo por causa do terror de enfrentar a famosa cozinha do “MasterChef Brasil”. Tudo começou com o convite da Band, há uma semana. A emissora, que estreará a nova temporada do programa culinário mais famoso do mundo no próximo domingo, às 20 horas, convidou 20 jornalistas para uma vivência dentro da atração, gravado na sede da emissora, no Morumbi. Eis que começa, exatamente, o calvário deste jornalista.
Recebi do RD1, portanto, o desafio proposto pela Band. No e-mail, uma simples explicação de que teríamos uma “gostosa experiência” de cozinhar para os chefes. O RD1, por sua vez, incumbiu-me de representá-lo frente dessa aventura. “Reuber, a Band nos convidou para uma coletiva de imprensa diferente em que você terá que cozinhar. Confiamos em você. Sucesso”, disse João Paulo Dell Santo, editor do site para este repórter. E, daqui, começou meu calvário gastronômico.
Gato escaldado…
A partir de então, procurei receitas na internet e fui atrás de amigos que entendiam mais de cozinha do que eu. Confesso não que achei ninguém. Como o tempo estava passando (aquele relógio do cenário não saía da minha cabeça, mesmo sem conhecê-lo), comecei a procurar uma receita de salgado e uma receita doce achando que a escolha, na hora do “vamos ver”, seria de cada um. E eu, com as duas na manga, faria tudo certinho! Comprei alguns ingredientes e reproduzi de olho na internet, e não ficou ruim. Um risoto no ponto, com acompanhamento de um peito de frango grelhado estava engatilhado em minha mente (agora tenho que fazer as receitas para quem experimentou meus testes…). A receita do doce seria uma torta de ganache com biscoitos que deixaria os chefes babando (ou não). Mas, na hora, os planos mudaram drasticamente…
Uma delícia nada digestiva
Missão dada é missão cumprida e, por conta deste batido lema, fui para a Band acreditando que tudo era parte de uma grande pegadinha da equipe de comunicação, marketing e eventos da emissora. Dentro do estúdio, entre selfies, fotos, vídeos e lives para as redes sociais, cada um tateava o cenário como quem fica apático diante de uma grande casa, cheia de passagens secretas, exibidas naqueles filmes de suspense. Digo suspense porque eu estava tenso sobre o fator “ter que cozinhar”, mesmo com tudo na cabeça já.
“Vamos começar?”, perguntou a diretora de comunicação da Band, Andrea Dantas. E assim foi. De repente, entra no set de gravação: Ana Paula Padrão, Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça. Caiu-me “meia ficha”, afinal, como a esperança é a última que morre, eu acreditava que a Ana Paula viraria para nós, tensos jornalistas, e, sorrindo, diria que tudo não passava de uma brincadeira com a imprensa e que não teríamos que cozinhar, apenas perguntar a ela e aos três jurados nossas pautas. Mas, não. Teríamos que colocar a mão na massa, literalmente. E pusemos.
“MasterChef” aos domingos, às 20 horas
Para aquecermos a adrenalina e esquecermos do medo, assistimos a dois vídeos sobre a atração, que ganhou novo dia e horário na emissora. Com uma pegada mais dinâmica, o reality gastronômico estará disputando e pronto para abocanhar uma grande fatia dessa audiência dominical. Tudo muito bonito, mas Padrão não virou para nós e disse que era uma pegadinha. Ela sequer deve ter pensado nisso. E o plano seguiu. Íamos ter que cozinhar. Não era pegadinha. Ela pegou uma caixa e sorteamos os números que seriam nossos parceiros, além das bancadas que ficaríamos.
Mãos na massa!
Bancada número 8: Reuber Diirr e Daniel Palomares, da revista Quem. Antes, porém, de começarmos, tivemos uma aula de como lidar com os instrumentos da cozinha. Prontos para a ação, Ana Paula fez algumas revelações que, confesso, deixaram-me mais tranquilo, mas a esperança de ela dizer “pegadinha” ressuscitou neste momento como uma fênix. Mas, da mesma forma, ardeu nas chamas e morreu. A equipe do programa disse que ia pegar leve conosco e que teríamos uma enorme colher de chá. Teríamos que reproduzir uma receita do chef Erick Jacquin: uma omelete à francesa. Então, metido, pensei: “Fácil. Omelete eu sei fazer“. Ledo engano. Ali, já descobri que sei fazer ovos mexidos e que omelete é algo bem diferente do que conheço. Padrão, então, ainda revelou outro segredo: teríamos uma aula de Jacquin, ali, ao vivo, para acompanhar cara a cara como deveríamos reproduzir o prato. Eu cheguei a pensar que, se a Band fosse nos colocar nesse trem fantasma mesmo, ao menos uma aula seria dada. Segue o plano…
“Tompero a gosto”
Diante do chefe, com seu invejável dólmã bordado com seu nome, atentemo-nos ao cozinheiro e sua arte de trabalhar. A leveza nos gestos e a coreografia com os objetos enquanto cozinhava fazia daquele momento de tensão um show à parte. E ele fez a omelete de uma forma fácil e simples. Pensei: “Claro que é fácil, mas conosco vai dar errado. Fato!“. Jacquin e Paola nos deram algumas dicas e até responderam uma pergunta deste repórter que teve a seguinte resposta inicial: “Já começou mal, perguntando”, disse Jacquin, em tom de brincadeira. Mas ele falou que usar a manteiga fresca ou derretida para pincelar a omelete não tem diferença alguma.
Trinta minutos e a caixa misteriosa
Para reproduzir a omelete à francesa, tivemos longos 30 minutos que se passaram em um piscar de olhos. Parece muito tempo, mas o tempo acabou se esvaindo rapidamente. Meu parceiro de bancada disse que não sabia cozinhar. Eu, “preparado” para outras ideias, não contava com a astúcia da Band e tal receita. Sequer imaginei.
Mas ainda tínhamos outro desafio pela dianteira. A tão famigerada caixa misteriosa. Sim, encararíamos aquela enorme caixa, sobre a bancada, com vários ingredientes que nem imaginávamos o que eram. “Levantem a caixa de vocês”, disparou Ana Paula contra nossa tremedeira matinal. E eis que alguns elementos existentes deram um nó em nossas mentes. “Vamos usar o que de recheio?”, perguntei ao Daniel, que ficou olhando para a caixa e coçando o queixo. “Presunto e queixo junto com cebolinha e creme de leite. Sal e pimenta e fechou”, falei, tentando incrementar a receita do chef. Tínhamos seis ovos e eu tentei a primeira vez, como teste, para ver se daria certo, mas passou do ponto. “Isso é ovo mexido”, disse Paola Carosella ao visitar nossa bancada. “Você não pode deixar os ovos sem mexer. Tem que mexer junto com a panela”, ensinou a chef, que pegou a panela das minhas mãos para dar uma microaula, até ser retirada de nossa equipe pela assessoria do programa.
Quem passou pela nossa bancada foi Erick Jacquin, que aproveitou para nos dar umas dicas de empratamento – morro alegando que aquele cogumelo foi resultado das nove temporadas que eu assisti do programa. Henrique Fogaça também passou pela bancada 8 para dar seu confere em nossa produção gastronômica. Mas, o que incomodava era a bancada 9, que só reclamava do tempo que passava como uma foice sobre nossas cabeças. É que ao meu lado estava o jornalista Ricardo Feltrin, do UOL, especialista em informações de Patópolis.
Se a primeira vez não deu certo, vamos tentar outra rodada. Agora era a vez de Daniel trabalhar seu lado gastrô. E a parceria foi fundamental nesse aspecto. Corta daqui, joga de lá, ascende o fogão (que funciona por indução, ou seja, tirar a panela, fazia a “chama” apagar…).
Chama o bombeiro!
Panela no fogo (invisível) soltando calor pelas ventas e partimos para a confecção da omelete que não podia dar errado dessa vez, afinal, eram os últimos ovos. Manteiga na panela e, fumaça. Muita fumaça! Gritei: “Chama o bombeiro! Liga pra Eliana”. Henrique Fogaça até desceu de seu posto e, olhando-me com a cabeça torta, disparou: “O que tá acontecendo aí? Tá pegando fogo?”. “Não, chef. Foi apenas a manteiga que queimou na panela quente. Tá tudo bem!”, respondi. E segue o jogo.
Reproduzimos a omelete à francesa e ganhamos o seguinte comentário de Feltrin: “Olha que nojentos. Conseguiram reproduzir a omelete”. Gastamos 20 minutos entre erros e acertos. Deu até para fazer um acompanhamento para o prato. Um vinagrete de maçã com cebola e vinagre. “Vou fazer um acompanhamento”, disse Daniel sem provar. A cada alerta que Padrão fazia sobre o tempo, dava um susto em muitos participantes e claro, em mim, que não tirei os olhos do “Big Bang” da Band. O prato ficou pronto faltando dez segundos! E foi prazeroso ver aquele tempo se esvaindo e a gente lá, com tudo pronto. Deu orgulho!
“Para tudo! Mãos para o alto. Não pode mexer mais no prato!”
Foi com esta frase que Ana Paula Padrão encerrou aquele que teria sido um dos meus momentos de maior tensão durante uma apresentação de um programa de TV, mas foi um alívio. E aqui, voltamos ao começo deste relato, quando o pânico se tornou alívio. O próximo passo seria a avaliação dos jurados e, claro, um milagre tinha que acontecer para que não fizéssemos feio frente aos chefes.
“Ficou meio ‘azedo’ por causa do vinagre, Daniel”, comentei sobre o acompanhamento da omelete, mas não se podia mexer no prato mais. Então, era pagar (caro) para ver. De maneira crescente, as duplas foram chamadas pelos jurados, que avaliariam os pratos e responderiam uma questão de cara jornalista.
“Dupla número oito, venha!”, gritou Fogaça, enquanto minha barriga gelava mais que o inverno da Sibéria. “Expliquem o prato de vocês”, disse o chef. Diante dos três, parece que tudo se transforma, mas a tensão estava ali, em um cantinho, pronta para retornar à cena. Falamos do prato e do acompanhamento, mas Paola disparou: “Não vou comer esse vinagrete“. E não comeu. Mas Jacquin adorou a omelete e nos elogiou bastante. Diferente de Fogaça, que achou nosso cogumelo cru e o acompanhamento “nada a ver”, Erick disparou: “Discordo dele. Está ótimo. Parabéns!”.
Sobre a atração, indaguei ao diretor artístico da Band, Patrício Diaz, sobre a possibilidade do “MasterChef” retornar às terças, dia e que é consolidado, caso a guerra dominical desfavoreça o programa. “Não. Nós temos dez temporadas e uma participação enorme pelas redes sociais. Nosso objetivo é brigar pela audiência aos domingos, dia em que o número de pessoas em casa assistindo TV é bem maior. Além disso, recebemos pedidos de mudança porque as pessoas não aguentam ficar acordadas até tarde acompanhando a atração. No domingo, às 20 horas, todos poderão assistir ao programa e comentar nas redes sociais”, disse.
O diretor ainda afirmou que, às terças, quem gosta de acompanhar o programa, poderá ver conteúdo extra que não entrará no episódio inédito do domingo. “Quem gosta de assistir o MasterChef na terça, seguirá acompanhando o conteúdo que exibiremos e que não entrou no episódio seja por falta de tempo, ou porque não caberia naquele contexto”, explicou.
Ana Paula Padrão reforçou dizendo que o programa de terça será uma versão mais humorada e com imagens de bastidores da atração. “Tudo que será exibido na terça, não passou no domingo. Então, não é uma reapresentação do programa de domingo na terça. É conteúdo extra. Bastidor, imagens que temos em nossos arquivos, mas que não couberam dentro de um tempo limite daquele programa”, disse.
Da tensão à glória do “MasterChef Brasil”
De fato, toda aquela tensão inicial, após o convite feito pela Band e me repassado pelo RD1, acabou com uma sensação de dever cumprido. Não que a omelete tenha sido vencedora, afinal, não ganhamos os mimos do primeiro lugar – que levou produtos gourmet dentro de uma caixa especial – nem aquele majestoso troféu que estava em jogo. Mas o primeiro lugar foi dado a todos, simbolicamente, por meio da convivência e experiência que foi nos dada.
Da tensão à glória e por estar dentro de um formato único no mundo, em uma excelente experiência cujo objetivo era cozinhar, mas mexeu com todos os meus sentidos. Revirou minha mente e me tirou o sono durante alguns momentos. Me fez acreditar em algo que não existia – a tal “pegadinha da Band” – e me deixou exausto, psicologicamente falando, assim que cheguei em casa e relembrei a última semana.
Com esta reflexão, de um dia somente, imagino como é a vida de cada participante que deposita seu sonho em um projeto grandioso deste, e vive sob tal tensão por alguns meses. O concorrente põe sua vida naquele projeto que pode dar certo ou não. Trazendo para a vida, é como apostamos nossas “fichas” em sonhos e ideias e remoemos nossos medos e loucuras a ponto de chegarmos aos nossos limites psicológicos. Por um dia – teoricamente, porque podem somar uma semana nisso, Band –, entendi na prática, o livro “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri, trafegando entre o “céu ao inferno”, mas fazendo uma paradinha no “purgatório”. E quer saber? Gostei demais!
Reuber Diirr é formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Integrante do 17º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta (Globo ES), teve passagens pela Record News ES, TV Gazeta ES e RedeTV! SP. Além disso, produz conteúdo multimídia para o Instagram, Twitter, Facebook e Youtube do RD1. Acompanhe os eventos com famosos clique aqui!