Jornalista da Globo, José Roberto Burnier enfrentou uma grande batalhada nos últimos cinco meses. Diagnosticado com câncer na base da língua, o apresentador do Em Ponto, da GloboNews, falou sobre a luta contra a doença e da sua ansiedade pelo retorno ao trabalho.
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Em entrevista ao G1, Burnier disse que está louco para voltar ao jornal. “E aviso a todo mundo que vou voltar em breve, dia 6 de janeiro. Estou com muita vontade de trabalhar”, afirmou Burnier, curado do câncer.
Para ele, a cobertura jornalística em casos sobre a saúde das pessoas o ajudou no tratamento. “Está aí uma coisa: minha experiência de cobrir tanto isso ajudou muito. Eu não fiquei pensando em morte em momento nenhum. Eu não li nada, eu não procurei nada na internet sobre o meu tumor”, disse.
Tratado por Luiz Paulo Kowalski, cirurgião oncologista e diretor do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia do A.C.Camargo Câncer Center, o repórter lembrou da reação quando recebeu a notícia, no dia 17 de julho, logo após a edição do telejornal da GloboNews.
“Quando recebi a notícia no telefone, é claro que você tem um impacto. Mas primeira coisa que perguntei: qual é o próximo passo? Quero começar o tratamento ontem. A minha experiência em coberturas mostra que quanto mais rápido você andar, mais chance você tem de se livrar desse negócio”, argumentou.
Sua experiência o deu firmeza na luta contra a doença. “Essa experiência minha de ficar muito próximo do Jose Alencar [ex-vice-presidente] ajudou a entender como funciona a parte médica do tratamento. Eles sabiam disso, que eu conhecia bem a dinâmica do hospital. (…) E eu pedi para eles. Eu falei: ‘gente, eu sei como essa coisa funciona. Então me digam tudo porque isso vai me ajudar’. Saber a verdade sobre a doença e, principalmente, sobre o tratamento, me ajudou muito”, ressaltou.
Burnier descobriu o câncer quando notou a presença de um nódulo na garganta: “Sabe como a gente é, né? Jornalista pergunta tudo, não aguenta ficar com dúvida. E eu já perguntei para os médicos: Vocês viram alguma coisa aí? E eu vi que tinha uma bola branca (nas imagens da tomografia). Percebi que eles já tinham visto e não queriam me dizer porque não podem dizer antes do resultado”.
Ele foi informado pelos médicos da presença de um tumor na base da língua, provocado pelo vírus HPV. “HPV? Nunca soube que eu tinha”, rebateu ele na época.
A explicação e o prognóstico positivo veio logo depois: “O HPV a gente pega às vezes na adolescência, ele fica no nosso organismo anos, décadas, inerte, e de repente ele aparece e infecta uma célula. E pode provocar esse tumor. Por incrível que pareça, é uma ótima notícia, porque quando é provocado por HPV tem a melhor resposta ao tratamento. Álcool e cigarro é mais difícil combater”.
O tratamento teve início no dia 30 de julho e consistiu em 33 sessões de radioterapia e três de quimioterapia. José Roberto Burnier ficou 30 dias não consecutivos internado e perdeu 18 kg. “Era uma agonia por dia. Sempre me concentrava na próxima agonia. Comecei a engasgar muito, porque a garganta estava sendo bombardeada pela rádio. Engasgava com qualquer gole de água. Enjoos frequentes, vômitos”, listou.
Na reta final do tratamento, quando ele pensou que as reações ao tratamento diminuiriam, veio um grande mal-estar. “Veio uma fadiga que durou quase dois meses e não passava. Uma fadiga como se tirasse sua central de energia inteira. Eu tinha dificuldade para aguentar o peso dos meus braços”, descreveu. “Estava exausto, debilitado e quase joguei a toalha. Eu estava um fiapo. Aquilo foi o auge da minha depressão. Mas consegui atravessar”, completou.
Burnier afirmou que o paladar mudou e não voltou ao normal até hoje: “Comida com sal eu sinto, mas o doce não. E durante muitos dias eu tive que comer sem sentir o gosto de nada. É a coisa mais horrível. Parece que você está comendo borracha. Não sabia que a gente precisava tanto do paladar. Só quando você perde é que você percebe. É impressionante, você não consegue comer”.
No final de novembro, os exames confirmaram que o tumor tinha sido eliminado e que ele estava curado. “Uma das coisas mais importantes do tratamento de câncer é você ser abraçado. É perceber que você não está sozinho”, afirmou.
Contratado do Grupo Globo desde 1983, José Roberto Burnier estreou na TV como repórter no Globo Rural. Ele foi correspondente internacional em Buenos Aires, e esteve em reportagens revelantes e de grande repercussão no país antes de ser chamado para o comando de um projeto matinal na GloboNews, o Em Ponto.
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