Neste 8 de março, o novo domingo da Record finalmente saiu do papel. Em uma tentativa de conter o crescimento do SBT, a emissora lançou mão de uma edição extra do Hoje em Dia. Além disso, trocou o comando do Domingo Show, resgatando Sabrina Sato da geladeira.
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Do pacote de mudanças, também faz parte um ajuste no horário de Rodrigo Faro, que agora começa e termina mais cedo. No fim da tarde, foi criada uma faixa de realities, cujo primeiro cartaz é o The Four Brasil, de Xuxa Meneghel.
Numericamente, no entanto, não houve alterações significativas na disputa pela audiência, ao menos nessa primeira semana. Todas as novidades continuaram atrás do SBT – e até mesmo a Globo se beneficiou, ampliando sua vantagem em algumas faixas.
Por um outro lado, é extremamente precipitado classificar o novo domingo da Record como um fracasso. Não se deve adotar como parâmetro o desempenho de cada um dos programas em sua estreia.
Aqui vale resgatar uma velha máxima, que se aplica tanto aos telespectadores mais afoitos, quanto, principalmente, aos diretores da emissora: TV é uma questão de hábito. Para o novo domingo da Record emplacar e se tornar competitivo será preciso, acima de tudo, paciência. A pressa por resultados é o que, justamente, pode colocar tudo a perder.
E nós vamos explicar o porquê a seguir:
O público precisa descobrir o novo domingo da Record
Este é o primeiro fator que vai determinar o sucesso – ou o fracasso – da estratégia. Em outras palavras: o público precisa ter a oportunidade de descobrir o novo domingo da Record.
O ideal é não fazer nenhuma alteração drástica de horário nos dois primeiros meses. O mesmo vale para um eventual cancelamento, ainda que os resultados não sejam os esperados.
O telespectador precisa se acostumar que, pela manhã, ele poderá ter um novo encontro com o quarteto do Hoje em Dia. Depois, quem assiste ao Domingo Show tem que perceber que a linha editorial da atração mudou. Em outras palavras, saem de cena as histórias tristes para dar lugar a gincanas divertidas e games de namoro.
No início da noite, os realities se tornam uma alternativa aos programas de Eliana e Faustão, cujas atrações repetem as mesmas pautas e quadros toda semana.
Essa prática pode instigar quem está no sofá a buscar por novidades. É justamente o telespectador cansado do “mais do mesmo” que pode ajudar a consolidar o novo domingo da Record.
Dia de estreia é sempre atípico
O fator estreia também pede que o desempenho do novo domingo da Record seja analisado com absoluta cautela. Nunca é demais lembrar que este é um cenário atípico, em que a concorrência se arma para evitar a fuga de seus telespectadores.
Por mais imprevisível que seja Silvio Santos, o SBT não irá ter a sua disposição todos os domingos os episódios de Chaves em Acapulco. Da mesma maneira, o Passa ou Repassa, de Celso Portiolli, nem sempre contará com convidados tão atrativos como Eliana e Danilo Gentili.
No tocante a Globo, o The Voice Kids é exibido por temporadas. Apesar da perda de fôlego, o talent show infantil ainda é o produto mais forte na faixa pós Esporte Espetacular. A partir de maio, portanto, o novo domingo da Record pode fisgar telespectadores que não se entusiasmam com o Tamanho Família.
Finalmente, por mais que o seu acervo seja vasto, não é em toda semana que a Globo vai escalar um blockbuster infantil da Disney. O plim-plim não vai exibir o mesmo filme três vezes em um intervalo de quarenta dias. Por outro lado, é justo reconhecer que nem todos os títulos possuem o mesmo apelo com a plateia.
Paciência sim, inércia não
É preciso paciência para que o novo domingo da Record comece a empolgar. Por outro lado, a emissora não pode permanecer inerte diante das respostas do público. Deve, portanto, realizar ajustes, valorizando os quadros que agradaram a plateia. Na outra ponta, deve-se detectar os motivos pelos quais a plateia está preferindo a concorrência.
Este colunista torce para que a Record, mesmo com percalços, mantenha a proposta de tornar o seu domingo mais alegre. O excesso de histórias de superação certamente levou a um desgaste.
A Prova dos 9
A prova de que televisão é hábito está no entretenimento da Globo. No ano passado, o Mais Você celebrou 20 anos. Em 2020, o Caldeirão do Huck e o Altas Horas chegam a mesma marca.
Estes programas – e muitos outros que foram lançados depois – também levaram algum tempo para conquistar o público. Esta é mais uma evidência que comprova a importância de ter um bom planejamento e paciência.
Por outro lado, apesar de o apelo soar repetitivo, é de se estranhar o fato da Globo não intervir no Se Joga. Além das críticas e de não conseguir barrar a Venenosa, é comum que o programa feche em 3º lugar. Neste caso específico, o sinal de alerta já deveria ter sido ligado. Faz tempo!
Piero Vergílio é jornalista profissional desde 2006. Já trabalhou em revistas de entretenimento no interior de SP e teve passagens pelo próprio RD1. Em tempos de redes sociais, criou um perfil (@jornalistavetv) para comentar TV pelo Twitter e interagir com outros fãs do veículo. Agora, volta ao RD1 com a missão de publicar novidades sobre a programação sem o limite de 280 caracteres.